quarta-feira, 30 de maio de 2018

Brasil perde o jornalista Audálio Dantas

Franzin e Audálio no evento de 25 anos da Agência Sindical
Da Agência Sindical:

Audálio Dantas, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e da Federação Nacional - Fenaj, morreu na tarde desta quarta (30), na capital paulista, aos 88 anos, vítima de câncer.

O velório ocorre até as 10 horas de quinta (31) no Hospital Premier (Avenida Jurubatuba, 481, Vila Cordeiro), Zona Sul paulistana, e a partir das 12 horas no Sindicato dos Jornalistas (Rego Freitas, 530, sobreloja, Vila Buarque, região central). A cremação será no Cemitério Vila Alpina, em horário a ser divulgado pela família.


Alagoano de Tanque D'Arca, Audálio presidiu o Sindicato entre 1975 e 1978. Foi responsável não só pela retomada da direção da entidade em oposição à ditadura, como enfrentou o regime ao denunciar a farsa do suicídio do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelos agentes da repressão, em 1975, no Doi-Codi. O desmonte da farsa encorajou a sociedade a enfrentar o regime de força.

Nas mais de sete décadas de jornalismo, Audálio trabalhou nos principais veículos do País, numa carreira vasta e intensa, dentro e fora das redações.

Escritor de estilo conciso e elegante, é também autor de diversos livros, entre os quais se destaca “As duas guerras de Vlado Herzog”.

Deputado

Audálio Dantas também foi deputado federal, pelo então MDB (1979-1983), destacando-se como um dos parlamentares mais produtivos e progressistas.

De vida extremamente modesta, Audálio Dantas trabalhou até quando a saúde permitiu. Em homenagem prestada a amigos, no Sindicato dos Jornalistas, no ano passado, ele ironizou: “Acho que vou ser denunciado por empobrecimento ilícito”.

Herói 

Para o jornalista João Franzin, coordenador da Agência Sindical, Audálio merece ser inscrito no “Panteão dos Heróis da Pátria”. Franzin diz: “A atuação do Audálio naqueles momentos tenebrosos da morte de Vlado Herzog é uma página heróica da história contemporânea brasileira”.

O jornalista, que conviveu com Audálio Dantas em muitos momentos, desde o final dos anos 70, testemunha: “Era um homem simples, desprovido de vaidade. Tinha profundo amor pelo Brasil e por nossa cultura. Seu exemplo continuará a iluminar nossos passos”.

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