quinta-feira, 10 de maio de 2018

Da Síria à República de Curitiba

Por Aristóteles Cardona Júnior, no jornal Brasil de Fato:

Não consigo olhar para o que acontece com o Brasil e com o mundo e não lembrar do escritor Eduardo Galeano. Não só pela clareza com a qual o escritor uruguaio apontava para várias das contradições de nossa humanidade, mas particularmente por conta de um livro. Refiro-me ao livro “De Pernas pro Ar – A Escola do Mundo ao Avesso”, lançado no Brasil em 1999. Digo isso porque realmente o mundo parece 'de pernas pro ar', com mentiras sustentando perseguições políticas e até guerras.

Em âmbito mundial, a mais recente iniciativa foi o ataque liderado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos que, junto à França e ao Reino Unido, atacaram a Síria, país do Oriente Médio. A justificativa para o bombardeio aéreo teria sido um suposto ataque químico promovido pelo presidente da Síria, Bashar al Assad, contra rebeldes presentes em seu território. É uma situação que de tão longe parece justificada, mas que esconde um pequeno — porém grave — detalhe: não há prova alguma de que o ataque químico foi promovido pelo governo Sírio. Pior: parece não haver prova sequer de que houve de fato um ataque químico naquele país.

A verdade é que o território Sírio possui estratégica importância para a geopolítica mundial. Portanto, vem sendo alvo de ações de desestabilização há muitos anos. Ações estas que visam o enfraquecimento do poder local de modo a tornar mais fácil as tentativas de dominação por parte de potências mundiais como os Estados Unidos. E assim como foram utilizadas mentiras para justificar o ataque ao Iraque em 2003, os EUA parecem utilizar-se da mesma experiência para os recentes ataques à Síria. Afinal, não parece razoável que o governo Sírio decidisse sujar sua imagem com um ataque químico exatamente no momento em que já derrotou grande parte dos grupos rebeldes em seu interior.

No Brasil, nossa realidade não é diferente. Mentiras são utilizadas o tempo inteiro para justificar ações que beneficiam a elite desse país. Querem acabar com a aposentadoria, mas culpam os aposentados; assim como inventaram as tais peladas fiscais para justificar a derrubada de uma presidenta legitimamente eleita, agora mantêm Lula, o presidente mais popular da história deste país, preso sem prova alguma de qualquer que seja o crime.

Entre os ataques à Síria e a arbitrária prisão de Lula, há um forte laço: ambas as ações são justificadas por falsas verdades, mas repetidas exaustivamente pela grande mídia para parecerem verdades. Tanto lá, como cá, a grande imprensa tenta justificar o que parece cada vez mais injustificável. E aí me pergunto: como não lembrar de Eduardo Galeano? Certamente estaria indignado e apontando que o mundo segue ao avesso e 'de pernas pro ar'.

Um comentário:

  1. Não se distraia. É muito mais grave do que você imagina.

    MÃOS ILEGÍTIMAS A CONDUZIR A SOBERANIA BRASILEIRA. MAS QUE SOBERANIA?
    > https://gustavohorta.wordpress.com/2018/05/10/maos-ilegitimas-a-conduzir-a-soberania-brasileira-mas-que-soberania/

    ... ...A esta altura todos sabemos que a presidenta Dilma foi deposta por um golpe. Michel Temer admitiu isso publicamente em discurso proferido em 21 de setembro de 2016, na reunião do Conselho das Américas. Disponível no Youtube, o vídeo com sua fala foi divulgado com discrição pela mídia nacional e não provocou reações de nossos juristas. ...
    ....
    ...Se você ainda não percebeu que não é Lula que está preso, mas a nossa soberania, fraternidade, justiça social, direitos dos trabalhadores, décadas de evolução, sinto dizer, mas você deve ser um completo idiota. Desculpem a rudeza da sinceridade. É o Brasil que está em jogo, não Lula. Os canalhas continuam vencendo. Urge tirar tal poder desses usurpadores. ...

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