Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Os fatos dizem que a extrema direita está optando pela máxima do estrategista alemão Carl von Clausewitz de que “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Vale dizer, por meio da violência. A execução de Marielle Franco, os tiros contra ônibus da caravana do ex-presidente Lula e agora contra militantes acampados em sua defesa, em Curitiba, não deixam dúvida. Neste ritmo, em breve haverá um corpo estendido no chão. Mas é falso dizer que a polarização produz uma escalada bilateral da violência. É preciso reconhecer que a extrema-direita é que está mandando balas contra ativistas da esquerda.
Não se pode comparar os dois ataques a tiros com ações do MST e do MTST, que invadem áreas rurais ou urbanas em busca de terras ou habitações. Nem com a pichação do prédio em que a presidente do Supremo mora em Belo Horizonte. Estes atos constituem ataques à propriedade privada mas não se tem notícia de atentados a bala cometidos pela esquerda contra seus adversários. O acampamento de Curitiba é pacífico, tendo angariado a simpatia de moradores da redondeza, que lhes oferecem água e banho. Veio do outro lado a tentativa de assassinar pessoas acampadas, ferindo duas, uma gravemente.
Nos dois atentados, a pertinência ideológica de seus autores é clara. Eles gritaram “Bolsonaro presidente” antes de atirar, em Curitiba. No Rio Grande do Sul, antes dos tiros, a caravana de Lula sofreu diversas agressões por grupos que se identificavam com o candidato do PSL.
Bolsonaro chegou ao segundo lugar nas pesquisas eleitorais porque conseguiu encarnar o ódio semeado, que pode gerar a qualquer hora o cadáver político. Ele chegou a simular com a mão o gesto de atirar, apontando para um boneco de Lula. Desde 2014, na esteira da Lava Jato, muitas fontes alimentaram o ódio que ganhou seu leito nas redes sociais, com ataques a “esquerdopatas” e “petralhas”. Eles revidaram com o epíteto de “coxinhas” mas não deram tiros.
Marielle pode ter sido assassinada por milícias mas isso não altera a natureza política do crime. Como no caso dela, as autoridades ainda não foram capazes de identificar e punir os autores dos disparos contra a caravana e o acampamento. Escoram-se na retórica de que eles decorrem da “polarização”, como se partissem de dois polos fora de controle, e não apenas de um. Se os democratas, do centro e da direita não fascista, não forem capazes de reconhecer de onde está vindo o perigo, e de agir para contê-lo, mais tarde pode ser tarde. Até mesmo para que haja eleição este ano. Ou não será isso que estão querendo?
Eles nas redes
Nas redes sociais corre o rio da intolerância e também a disputa eleitoral. O monitoramento dos perfis, pelos candidatos, tornou-se uma nova exigência. O ex-presidente Lula está preso mas no Twitter seu nome assumiu a liderança no ranking de visibilidade e relevância entre 19 e 26 de abril. Bolsonaro caiu do primeiro para o terceiro lugar, enquanto Marina Silva saltou do sétimo para o segundo. Estes dados são do ranking semanal elaborado pela consultoria Aja Solutions em parceria com a Factual Informação e Análise.
O maior impulso ao perfil @lulapelobrasil foi dado pela acreana Gleici Damasceno, vencedora do Big Brother Brasil, ao sair do confinamento gritando “Lula Livre”. Já o perfil @Silva_Marina disparou com o tuíte em que ela cumprimentou a conterrânea pela vitória. A redução na visibilidade de Bolsonaro teria decorrido da emergência de novos atores, como Joaquim Barbosa e Marina, dispersando o foco dos internautas. Mas foi ele que ganhou mais seguidores no período.
Dois pesos
O procurador Olympio de Sá Sotto Mayor Neto gritou “fora Temer” num evento e está sendo processado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Os da Lava Jato disparam contra Temer, Lula e todo mundo e nada acontece. São intocáveis.
Os fatos dizem que a extrema direita está optando pela máxima do estrategista alemão Carl von Clausewitz de que “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Vale dizer, por meio da violência. A execução de Marielle Franco, os tiros contra ônibus da caravana do ex-presidente Lula e agora contra militantes acampados em sua defesa, em Curitiba, não deixam dúvida. Neste ritmo, em breve haverá um corpo estendido no chão. Mas é falso dizer que a polarização produz uma escalada bilateral da violência. É preciso reconhecer que a extrema-direita é que está mandando balas contra ativistas da esquerda.
Não se pode comparar os dois ataques a tiros com ações do MST e do MTST, que invadem áreas rurais ou urbanas em busca de terras ou habitações. Nem com a pichação do prédio em que a presidente do Supremo mora em Belo Horizonte. Estes atos constituem ataques à propriedade privada mas não se tem notícia de atentados a bala cometidos pela esquerda contra seus adversários. O acampamento de Curitiba é pacífico, tendo angariado a simpatia de moradores da redondeza, que lhes oferecem água e banho. Veio do outro lado a tentativa de assassinar pessoas acampadas, ferindo duas, uma gravemente.
Nos dois atentados, a pertinência ideológica de seus autores é clara. Eles gritaram “Bolsonaro presidente” antes de atirar, em Curitiba. No Rio Grande do Sul, antes dos tiros, a caravana de Lula sofreu diversas agressões por grupos que se identificavam com o candidato do PSL.
Bolsonaro chegou ao segundo lugar nas pesquisas eleitorais porque conseguiu encarnar o ódio semeado, que pode gerar a qualquer hora o cadáver político. Ele chegou a simular com a mão o gesto de atirar, apontando para um boneco de Lula. Desde 2014, na esteira da Lava Jato, muitas fontes alimentaram o ódio que ganhou seu leito nas redes sociais, com ataques a “esquerdopatas” e “petralhas”. Eles revidaram com o epíteto de “coxinhas” mas não deram tiros.
Marielle pode ter sido assassinada por milícias mas isso não altera a natureza política do crime. Como no caso dela, as autoridades ainda não foram capazes de identificar e punir os autores dos disparos contra a caravana e o acampamento. Escoram-se na retórica de que eles decorrem da “polarização”, como se partissem de dois polos fora de controle, e não apenas de um. Se os democratas, do centro e da direita não fascista, não forem capazes de reconhecer de onde está vindo o perigo, e de agir para contê-lo, mais tarde pode ser tarde. Até mesmo para que haja eleição este ano. Ou não será isso que estão querendo?
Eles nas redes
Nas redes sociais corre o rio da intolerância e também a disputa eleitoral. O monitoramento dos perfis, pelos candidatos, tornou-se uma nova exigência. O ex-presidente Lula está preso mas no Twitter seu nome assumiu a liderança no ranking de visibilidade e relevância entre 19 e 26 de abril. Bolsonaro caiu do primeiro para o terceiro lugar, enquanto Marina Silva saltou do sétimo para o segundo. Estes dados são do ranking semanal elaborado pela consultoria Aja Solutions em parceria com a Factual Informação e Análise.
O maior impulso ao perfil @lulapelobrasil foi dado pela acreana Gleici Damasceno, vencedora do Big Brother Brasil, ao sair do confinamento gritando “Lula Livre”. Já o perfil @Silva_Marina disparou com o tuíte em que ela cumprimentou a conterrânea pela vitória. A redução na visibilidade de Bolsonaro teria decorrido da emergência de novos atores, como Joaquim Barbosa e Marina, dispersando o foco dos internautas. Mas foi ele que ganhou mais seguidores no período.
Dois pesos
O procurador Olympio de Sá Sotto Mayor Neto gritou “fora Temer” num evento e está sendo processado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Os da Lava Jato disparam contra Temer, Lula e todo mundo e nada acontece. São intocáveis.
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