Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
Seguindo a orientação do ex-presidente Lula, o PT adotou uma estratégia para a eleição presidencial que tudo indica ser correta. As reações nervosas da direita e daqueles que ainda sonham se construir como candidatos sugerem que foi uma boa decisão.
Manter a candidatura de Lula é duplamente acertado. De um lado, significa apostar na legalidade e ver aonde isso nos leva. De outro, demonstra o respeito que Lula e o PT têm por seu ativo fundamental, a vasta parcela da população que representam.
O PT tem o direito de escolher Lula como candidato e solicitar o registro da candidatura. É igualmente seu direito aguardar o pronunciamento da Justiça Eleitoral, praticando os atos de campanha estabelecidos na legislação. É também seu direito receber da Justiça tratamento isonômico e sem jogadinhas de tapetão.
A caçada contra Lula e o PT, executada pelo Judiciário, o Ministério Público e a mídia conservadora, utiliza-se da legalidade formal como escudo e fonte de legitimidade. Busca revestir seus atos de força com um verniz de legalismo, para fins de propaganda externa e para fornecer argumentos àqueles que os apoiam na sociedade.
Não que essa aparência seja indispensável, como ficou evidente no episódio das escutas clandestinas de conversas telefônicas da presidenta da República. Embora flagrantemente ilegais, foram divulgadas por Sergio Moro em momento de efervescência política, mandando às favas qualquer simulacro de legalidade (diga-se de passagem, sem que nunca seus “superiores” lhe tenham cobrado tal comportamento). Mas tentar preservar a fachada sempre foi a regra.
Assim ocorreu na encenação do impeachment de Dilma Rousseff, na condenação de Lula por Moro, no patético espetáculo dos três juízes do Tribunal de Recursos e na prisão do ex-presidente. Tudo querendo provar que “A Lei é para todos”, enquanto as evidências em contrário pululam.
Manter a candidatura de Lula não é ter falsas expectativas a respeito do apego às leis dos donos do poder. Ninguém, dentro ou fora do PT, se ilude: farão qualquer coisa para evitar a vitória de Lula. Se tiverem de sujar as mãos, vão sujá-las.
Que pretextos inventarão para negar o registro da candidatura? Farão a mágica de recusar um requerimento antes que seja feito? Vão fabricar uma legislação específica para ele, negando-lhe direitos acessíveis a centenas de outros? Será Lula o primeiro candidato proibido de fazer campanha, depois de devidamente registrado e antes da decisão definitiva a respeito da postulação? E se acharem que não há alternativa, irão até o adiamento ou cancelamento da eleição?
Só há uma maneira de descobrir quão longe na ilegalidade nossas elites se dispõem a avançar: obrigando-as a ir lá. Evitando que permaneçam em sua zona de conforto, brincando de boas meninas, respeitadoras das leis. Forçando-as a revelar-se naquilo que são e expondo-as perante a sociedade e a comunidade internacional.
O mito da “justiça moral” na guerra contra Lula e o PT sustenta-se em terreno cada vez mais frágil. Em outubro de 2017, 57% dos entrevistados em pesquisa CUT/Vox consideravam “justa” a condenação de Lula e 27% diziam que era “injusta”. Em abril, a diferença entre os dois grupos havia desaparecido.
Em seis meses, a vantagem dos primeiros em relação aos segundos, que estava em 30 p.p. tornara-se zero. E nos próximos cinco, de agora até a eleição, a que tamanho chegará? Que nível alcançará o apoio cadente ao lavajatismo, quando novas truculências jurídicas contra Lula e o PT forem perpetradas?
Lula e o PT estão certos na estratégia por uma segunda razão: manter a candidatura do ex-presidente é o desejo do imenso contingente de eleitores que militam, se identificam ou simpatizam com o partido. As estimativas variam, mas ninguém duvida que falamos de mais de 30 milhões de cidadãos, talvez mais de 40 milhões.
Elas querem votar em Lula, não concordam com as alegações que fazem contra ele, não consideram que haja prova das acusações, rejeitam a parcialidade da Justiça e avaliam que o processo, a condenação e a prisão foram políticas. São pessoas que não entenderiam se seu partido optasse agora por substituí-lo como candidato ou fugisse da disputa eleitoral, indo esconder-se em uma candidatura a vice-presidente.
É porque significa o respeito a esses milhões de eleitores, um ativo único em nossa história, que a estratégia defendida por Lula e o PT mais se justifica. Não deixa de ser engraçado: políticos que nunca venceram uma eleição nacional e a imprensa dos patrões dando-se a liberdade de criticar o caminho que Lula escolheu. Devem achar que conhecem o povo melhor que ele.
Manter a candidatura de Lula é duplamente acertado. De um lado, significa apostar na legalidade e ver aonde isso nos leva. De outro, demonstra o respeito que Lula e o PT têm por seu ativo fundamental, a vasta parcela da população que representam.
O PT tem o direito de escolher Lula como candidato e solicitar o registro da candidatura. É igualmente seu direito aguardar o pronunciamento da Justiça Eleitoral, praticando os atos de campanha estabelecidos na legislação. É também seu direito receber da Justiça tratamento isonômico e sem jogadinhas de tapetão.
A caçada contra Lula e o PT, executada pelo Judiciário, o Ministério Público e a mídia conservadora, utiliza-se da legalidade formal como escudo e fonte de legitimidade. Busca revestir seus atos de força com um verniz de legalismo, para fins de propaganda externa e para fornecer argumentos àqueles que os apoiam na sociedade.
Não que essa aparência seja indispensável, como ficou evidente no episódio das escutas clandestinas de conversas telefônicas da presidenta da República. Embora flagrantemente ilegais, foram divulgadas por Sergio Moro em momento de efervescência política, mandando às favas qualquer simulacro de legalidade (diga-se de passagem, sem que nunca seus “superiores” lhe tenham cobrado tal comportamento). Mas tentar preservar a fachada sempre foi a regra.
Assim ocorreu na encenação do impeachment de Dilma Rousseff, na condenação de Lula por Moro, no patético espetáculo dos três juízes do Tribunal de Recursos e na prisão do ex-presidente. Tudo querendo provar que “A Lei é para todos”, enquanto as evidências em contrário pululam.
Manter a candidatura de Lula não é ter falsas expectativas a respeito do apego às leis dos donos do poder. Ninguém, dentro ou fora do PT, se ilude: farão qualquer coisa para evitar a vitória de Lula. Se tiverem de sujar as mãos, vão sujá-las.
Que pretextos inventarão para negar o registro da candidatura? Farão a mágica de recusar um requerimento antes que seja feito? Vão fabricar uma legislação específica para ele, negando-lhe direitos acessíveis a centenas de outros? Será Lula o primeiro candidato proibido de fazer campanha, depois de devidamente registrado e antes da decisão definitiva a respeito da postulação? E se acharem que não há alternativa, irão até o adiamento ou cancelamento da eleição?
Só há uma maneira de descobrir quão longe na ilegalidade nossas elites se dispõem a avançar: obrigando-as a ir lá. Evitando que permaneçam em sua zona de conforto, brincando de boas meninas, respeitadoras das leis. Forçando-as a revelar-se naquilo que são e expondo-as perante a sociedade e a comunidade internacional.
O mito da “justiça moral” na guerra contra Lula e o PT sustenta-se em terreno cada vez mais frágil. Em outubro de 2017, 57% dos entrevistados em pesquisa CUT/Vox consideravam “justa” a condenação de Lula e 27% diziam que era “injusta”. Em abril, a diferença entre os dois grupos havia desaparecido.
Em seis meses, a vantagem dos primeiros em relação aos segundos, que estava em 30 p.p. tornara-se zero. E nos próximos cinco, de agora até a eleição, a que tamanho chegará? Que nível alcançará o apoio cadente ao lavajatismo, quando novas truculências jurídicas contra Lula e o PT forem perpetradas?
Lula e o PT estão certos na estratégia por uma segunda razão: manter a candidatura do ex-presidente é o desejo do imenso contingente de eleitores que militam, se identificam ou simpatizam com o partido. As estimativas variam, mas ninguém duvida que falamos de mais de 30 milhões de cidadãos, talvez mais de 40 milhões.
Elas querem votar em Lula, não concordam com as alegações que fazem contra ele, não consideram que haja prova das acusações, rejeitam a parcialidade da Justiça e avaliam que o processo, a condenação e a prisão foram políticas. São pessoas que não entenderiam se seu partido optasse agora por substituí-lo como candidato ou fugisse da disputa eleitoral, indo esconder-se em uma candidatura a vice-presidente.
É porque significa o respeito a esses milhões de eleitores, um ativo único em nossa história, que a estratégia defendida por Lula e o PT mais se justifica. Não deixa de ser engraçado: políticos que nunca venceram uma eleição nacional e a imprensa dos patrões dando-se a liberdade de criticar o caminho que Lula escolheu. Devem achar que conhecem o povo melhor que ele.
O título efetivamente sintetiza o duplo objetivo da manutenção da candidatura de Lula. O primeiro deles justo, a ser apoiado por todos os democratas, por todos os que se solidarizam com o ex-presidente, preso injustamente por motivação política, condenado por um juiz fascista e corrupto, marionete espúria do capital financeiro. Trata-se, portanto, de expor o caráter de classe do Poder Judiário, revelando para a maioria de nosso povo que esta instituição não é absolutamente isenta, estando sendo utilizada para efetivar um GOLPE contra os interesses populares, democráticos e nacionais. O segundo objetivo diz respeito exclusivamente aos interesses políticos e eleitorais EXCLUSIVISTAS do PT, que sonha em transferir o capital político de Lula para um nome do próprio partido, recusando-se a aceitar a tese da necessidade de apoiar um nome fora do PT, mesmo que para isso fosse instado por uma poderosa "reza braba". O 1° objetivo deveria unificar o campo democrático, pois confronta diretamente os agentes do GOLPE, colaborando para a politização de nosso povo. O 2°,entretanto, divide o campo democrático, enfraquecendo a necessidade de enfrentamento unitário das forças golpistas aceitando, no âmbito da luta eleitoral, apoiar o melhor nome do campo democrático em condições de derrotar as forças do golpe.
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