Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:
Os números das Contas Nacionais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (30) confirmam o que os brasileiros já vinham sentindo na pele: a economia continua estagnada, sem forças suficientes para engatar um ciclo de recuperação que consiga reverter as perdas da forte recessão do biênio 2015-2016.
Observando-se a evolução dos componentes do PIB pela ótica da demanda (veja no gráfico), percebe-se que, apesar do PIB ter crescido 1,2% no primeiro trimestre de 2018, quando comparado ao mesmo período do ano anterior a intensidade do crescimento foi menor do que vinha sendo registrada nos dois últimos trimestres de 2017 (1,4% e 2,1%).
Entre os distintos componentes da demanda agregada, o único que manteve uma trajetória crescente foi o consumo das famílias (2,8%) - ainda o principal propulsor do PIB - enquanto todos os demais perderam potência neste primeiro trimestre de 2018. Enquanto os gastos do governo registraram queda de 0,8% e contribuíram negativamente para a expansão do PIB, o crescimento das exportações caiu de 8,1% para 7,7% e os investimentos de 3,8% para 3,5%.
Já quando se analisa o comportamento da produção pela ótica da oferta (veja na tabela), isto é, pelos setores de atividade econômica, a desaceleração se manifesta principalmente na perda de vigor nos serviços de Informação e comunicação (-3,3%) e nos setores da construção civil (-2,2%), da agropecuária (-2,6%) e das indústrias extrativas (-1,9%) – note-se em especial o caso do setor de construção civil, cujo nível de atividade segue variando negativamente há vários trimestres (o último registro de crescimento do setor foi no primeiro trimestre de 2014).
Entre os setores com melhor desempenho, o comércio continua sendo o que registrou crescimento mais expressivo (+4,5%), em linha com a expansão do consumo das famílias, enquanto a indústria de transformação, com um aumento de 4% sobre o mesmo período do ano anterior é, sem dúvida, o indicador mais relevante, dada a sua maior capacidade de irradiação sobre o resto da economia.
No computo geral, entretanto, como fica mais fácil perceber na escala de cores da tabela (azuis são resultados positivos e vermelhos os negativos), a desaceleração da economia brasileira parece evidente e razoavelmente generalizada, com a maior parte dos setores perdendo dinamismo na passagem do segundo semestre de 2017 para os primeiros três meses de 2018. Mesmo aqueles que seguiram no campo positivo, com exceção do comércio, das atividades imobiliárias e da administração pública, os demais registraram avanços menores neste início de ano.
Por fim, considerando-se ainda que o carregamento estatístico (“carry over”) do PIB do ano passado para o ano corrente deve ajudar no crescimento da taxa anual com cerca de 0,3% e que, por outro lado, as recentes paralisações dos transportes provocadas pela equivocada política de preços da Petrobras deve derrubar o PIB do segundo trimestre (a ser divulgado só no final de agosto, às vésperas da eleição), é razoável imaginar que deveremos terminar 2018 com um crescimento do PIB muito modesto, algo entre 1,5% e 2% e, portanto, muito abaixo do que era anunciado há apenas algumas semanas atrás pelo então ministro Henrique Meirelles (3%) ou pela diretoria do Banco Central (2,7%).
Os números das Contas Nacionais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (30) confirmam o que os brasileiros já vinham sentindo na pele: a economia continua estagnada, sem forças suficientes para engatar um ciclo de recuperação que consiga reverter as perdas da forte recessão do biênio 2015-2016.
Observando-se a evolução dos componentes do PIB pela ótica da demanda (veja no gráfico), percebe-se que, apesar do PIB ter crescido 1,2% no primeiro trimestre de 2018, quando comparado ao mesmo período do ano anterior a intensidade do crescimento foi menor do que vinha sendo registrada nos dois últimos trimestres de 2017 (1,4% e 2,1%).
Entre os distintos componentes da demanda agregada, o único que manteve uma trajetória crescente foi o consumo das famílias (2,8%) - ainda o principal propulsor do PIB - enquanto todos os demais perderam potência neste primeiro trimestre de 2018. Enquanto os gastos do governo registraram queda de 0,8% e contribuíram negativamente para a expansão do PIB, o crescimento das exportações caiu de 8,1% para 7,7% e os investimentos de 3,8% para 3,5%.
Já quando se analisa o comportamento da produção pela ótica da oferta (veja na tabela), isto é, pelos setores de atividade econômica, a desaceleração se manifesta principalmente na perda de vigor nos serviços de Informação e comunicação (-3,3%) e nos setores da construção civil (-2,2%), da agropecuária (-2,6%) e das indústrias extrativas (-1,9%) – note-se em especial o caso do setor de construção civil, cujo nível de atividade segue variando negativamente há vários trimestres (o último registro de crescimento do setor foi no primeiro trimestre de 2014).
Entre os setores com melhor desempenho, o comércio continua sendo o que registrou crescimento mais expressivo (+4,5%), em linha com a expansão do consumo das famílias, enquanto a indústria de transformação, com um aumento de 4% sobre o mesmo período do ano anterior é, sem dúvida, o indicador mais relevante, dada a sua maior capacidade de irradiação sobre o resto da economia.
No computo geral, entretanto, como fica mais fácil perceber na escala de cores da tabela (azuis são resultados positivos e vermelhos os negativos), a desaceleração da economia brasileira parece evidente e razoavelmente generalizada, com a maior parte dos setores perdendo dinamismo na passagem do segundo semestre de 2017 para os primeiros três meses de 2018. Mesmo aqueles que seguiram no campo positivo, com exceção do comércio, das atividades imobiliárias e da administração pública, os demais registraram avanços menores neste início de ano.
Por fim, considerando-se ainda que o carregamento estatístico (“carry over”) do PIB do ano passado para o ano corrente deve ajudar no crescimento da taxa anual com cerca de 0,3% e que, por outro lado, as recentes paralisações dos transportes provocadas pela equivocada política de preços da Petrobras deve derrubar o PIB do segundo trimestre (a ser divulgado só no final de agosto, às vésperas da eleição), é razoável imaginar que deveremos terminar 2018 com um crescimento do PIB muito modesto, algo entre 1,5% e 2% e, portanto, muito abaixo do que era anunciado há apenas algumas semanas atrás pelo então ministro Henrique Meirelles (3%) ou pela diretoria do Banco Central (2,7%).
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