sexta-feira, 8 de junho de 2018

A direita tucana joga a toalha

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Tem som de réquiem, aqueles cantos e preces que se destinam aos mortos, a coluna de hoje na Folha do ex-pitbull Reinaldo Azevedo, transmitindo a sensação de que o “centro” político, aquele em que ele, Fernando Henrique e boa parte da direita clean brasileira – e nem tão clean, porque se emporcalhou com o golpismo – jogou definitivamente a toalha nas eleições presidenciais.

Ao afirmar que “amplos setores do MPF e da PF têm seu candidato à Presidência: Jair Bolsonaro”, ele assume o que já havia visto a esquerda que não se turvou com o udenismo de R$ 1,99 da nossa mídia, que a Lava Jato é parte de um projeto antidemocrático e autoritário:


Observem que os alvos da operação são as principais lideranças que governaram o país desde a redemocratização. Atenção! Nesse grupo, incluo o próprio Lula porque, ideologicamente, ele é bem mais amplo do que o PT. (…) Gente que conhece o MPF por dentro e pelo avesso assegura que os Torquemadas torcem é por Bolsonaro. Li trocas de mensagens de grupos do WhatsApp que são do balacobaco. E assim é não porque os senhores procuradores comunguem de sua visão de mundo –a maioria o despreza–, mas porque veem nele a chance de fazer ruir o “mecanismo”, que estaria “podre”.

Este fenômeno, que em Biologia chamar-se-ia mutalismo, quando dois seres distintos se beneficiam do convívio vale, claro, até a destruição da democracia e das liberdades. Depois, claro, um devorará o outro e o próprio colunista diz que os lavajateiros “estão cavando seu próprio fim como força interventora na política”.

Se isto não for evitado – e até Azevedo sabe que em eleições livres e amplas, que o PT “venceria a eleição se Lula fosse o candidato” – as consequências para o país serão terríveis, com a eternização de uma situação de crise, esgarçada pelo crescente ódio social.

Será, portanto, legítimo e necessário que se usem de todos os mecanismos legais e políticos – e com compromissos clara e previamente definidos – que qualquer candidatura popular, para enfrentar o quadro eleitoral forjado pelo casuísmo autoritário, diga claramente à população que, vencedora, irá se abrir a governar como quem governaria se não estivéssemos vivendo eleições onde a extrema direita autoritária se levanta por força de uma ação do quisto judicial que muitos cevaram.

Reinaldo Azevedo, entre outros.

Um comentário:

Comente: