Por Hildegard Angel, no Jornal do Brasil:
São tão edificantes os comentários dos âncoras dos telejornais, quando repercutem as falas de ministros do Supremo por uma imprensa livre, ou dos editorialistas importantes, quando condenam qualquer tipo de censura à imprensa.
No entanto, a verdade que reside por trás do “affair terço do Papa” é justamente a prática da Censura à imprensa, rotulando-se como falsa uma notícia, tendo como referência uma fonte única, o site Vatican News.
Isso levou o Facebook a punir e a ameaçar de eliminação três dos sites jornalísticos mais acessados da blogosfera: Diário do Centro do Mundo (DCM), Brasil 24/7 e a revista Fórum, do jornalista Renato Rovai, que pergunta: “Isso não é algo muito acima do papel que deveria ter uma empresa de checagem?”.
E qual seria o papel de uma empresa de checagem?
Policiar as redes sociais, justamente aquela zona da mídia onde é mais baixa a contaminação dos compromissos espúrios com o mercado?
Perseguir a imprensa virtual, aquela em que ainda bate a saudável brisa da independência do pensar?
A imprensa mais avessa às pressões da mídia hegemônica?
Criminalizar e banir os progressistas, que, quixotescamente, têm obtido sucesso, praticando um jornalismo sério, cuidadoso, liberto, sem os vínculos, que, sabemos, comprometem a atuação da grande mídia brasileira?
Quem propõe a questão é Rovai, para quem “o episódio do terço entregue a Lula na prisão de Curitiba pelo advogado Juan Grabois, um dos assessores do Papa Francisco, atesta a nossa tragédia como país, do ponto de vista do respeito aos princípios básicos que norteiam uma sociedade democrática”.
Se formos colocar uma lupa na atuação da Agência Lupa — “a primeira de fact-checking”, neste caso, teremos a sensação de um jogo de cartas marcadas.
É de se estranhar que apenas esses três sites, talvez os mais vistos e prestigiosos dos blogs progressistas, tenham sido punidos, quando dezenas de outros postaram a mesma notícia, alguns até com mais ênfase, bem como sites ligados à grande mídia, como IG e UOL, e para eles não houve retaliação do Facebook.
E por que rigor tamanho para checagem tão sem importância?
Tipo: o assessor do Papa é assessor ou não é mais? O terço foi enviado pelo Papa ou não foi?
Quando a questão da Censura se impõe, o perfil ideológico dos veículos deve ser deixado de lado e o debate principal posto na mesa.
Seja o veículo virtual ou impresso, de pequeno, médio ou imenso alcance, será que ele apoia esse tipo de Censura?
Tem legitimidade a Agência Lupa, financiada pela Editora Alvinegra, que publica a revista Piauí, de propriedade de João Moreira Salles, para definir/ decidir quem pode fazer imprensa neste país?
Em suma, e claramente, João Moreira Salles está qualificado para determinar quem pode exercer o jornalismo no Brasil?
Por fim: é pertinente um órgão de imprensa concorrente dos demais autoproclamar-se arauto da ética e da isenção, podendo decidir quem deve e quem não deve exercer a profissão?
Sendo, dessa forma, superior à academia, às entidades de classe e órgãos governamentais, que ratificam diplomas e expedem registros para o exercício profissional?
Voltando à história do Rosário, a Lupa poderia responder a essas perguntas da revista Forum:
1 – É razoável atribuir o possível erro na apuração de qualquer veículo à produção de fake news, se haviam indícios fortes de que isso poderia ser verdade?
2. Classificada esta informação como falsa, com base numa única fonte (site Vatican News), indicar que o Facebook puna e ameace de eliminação três sites jornalísticos não é algo muito acima do papel que deveria ter uma empresa de checagem?
3. Quando quase uma centena de veículos usaram a mesma fonte Lula. com para produzir a notícia (‘o Papa enviou o terço a Lula’) por que só três foram indicados para serem censurados pelo Facebook e ameaçados por ele?
4. É razoável que empresas de checagem que constituem parceria com o Facebook mantenham também parceria com veículos que disputam o mercado de notícias, como no caso da Lupa, que é da Revista Piauí?
5. Quais são os poderes que essas empresas têm na classificação de sites jornalísticos no Facebook? Se elas têm o poder de censurar conteúdos e ameaçar com a eliminação de páginas têm também o de classificar o alcance dessas páginas?
Bem, esta coluna confere todos os aplausos às empresas de fact-checking, que combatam e consigam coibir as verdadeiras fake news, não só na mídia virtual, como também na impressa, na TV, no rádio etc. (exemplo: as mentiras sobre a “Petrobrás quebrada”).
Aplausos ao combate às calúnias e manifestações indignas, que contribuem para a deterioração de nossa sociedade, da soberania do país, que atentem contra os direitos do homem.
Mas usar do pretexto de fake news para reprimir a liberdade da imprensa no Brasil ou para eliminar concorrentes, que, mesmo supondo-se não ter sido essa a intenção — supondo-se –, precisamos estar alertas e ativos para impedir mais esse retrocesso, entre tantos, a que nos últimos dois anos, o povo brasileiro tem assistido pasmo, incrédulo, entorpecido e sem reação.
São tão edificantes os comentários dos âncoras dos telejornais, quando repercutem as falas de ministros do Supremo por uma imprensa livre, ou dos editorialistas importantes, quando condenam qualquer tipo de censura à imprensa.
No entanto, a verdade que reside por trás do “affair terço do Papa” é justamente a prática da Censura à imprensa, rotulando-se como falsa uma notícia, tendo como referência uma fonte única, o site Vatican News.
Isso levou o Facebook a punir e a ameaçar de eliminação três dos sites jornalísticos mais acessados da blogosfera: Diário do Centro do Mundo (DCM), Brasil 24/7 e a revista Fórum, do jornalista Renato Rovai, que pergunta: “Isso não é algo muito acima do papel que deveria ter uma empresa de checagem?”.
E qual seria o papel de uma empresa de checagem?
Policiar as redes sociais, justamente aquela zona da mídia onde é mais baixa a contaminação dos compromissos espúrios com o mercado?
Perseguir a imprensa virtual, aquela em que ainda bate a saudável brisa da independência do pensar?
A imprensa mais avessa às pressões da mídia hegemônica?
Criminalizar e banir os progressistas, que, quixotescamente, têm obtido sucesso, praticando um jornalismo sério, cuidadoso, liberto, sem os vínculos, que, sabemos, comprometem a atuação da grande mídia brasileira?
Quem propõe a questão é Rovai, para quem “o episódio do terço entregue a Lula na prisão de Curitiba pelo advogado Juan Grabois, um dos assessores do Papa Francisco, atesta a nossa tragédia como país, do ponto de vista do respeito aos princípios básicos que norteiam uma sociedade democrática”.
Se formos colocar uma lupa na atuação da Agência Lupa — “a primeira de fact-checking”, neste caso, teremos a sensação de um jogo de cartas marcadas.
É de se estranhar que apenas esses três sites, talvez os mais vistos e prestigiosos dos blogs progressistas, tenham sido punidos, quando dezenas de outros postaram a mesma notícia, alguns até com mais ênfase, bem como sites ligados à grande mídia, como IG e UOL, e para eles não houve retaliação do Facebook.
E por que rigor tamanho para checagem tão sem importância?
Tipo: o assessor do Papa é assessor ou não é mais? O terço foi enviado pelo Papa ou não foi?
Quando a questão da Censura se impõe, o perfil ideológico dos veículos deve ser deixado de lado e o debate principal posto na mesa.
Seja o veículo virtual ou impresso, de pequeno, médio ou imenso alcance, será que ele apoia esse tipo de Censura?
Tem legitimidade a Agência Lupa, financiada pela Editora Alvinegra, que publica a revista Piauí, de propriedade de João Moreira Salles, para definir/ decidir quem pode fazer imprensa neste país?
Em suma, e claramente, João Moreira Salles está qualificado para determinar quem pode exercer o jornalismo no Brasil?
Por fim: é pertinente um órgão de imprensa concorrente dos demais autoproclamar-se arauto da ética e da isenção, podendo decidir quem deve e quem não deve exercer a profissão?
Sendo, dessa forma, superior à academia, às entidades de classe e órgãos governamentais, que ratificam diplomas e expedem registros para o exercício profissional?
Voltando à história do Rosário, a Lupa poderia responder a essas perguntas da revista Forum:
1 – É razoável atribuir o possível erro na apuração de qualquer veículo à produção de fake news, se haviam indícios fortes de que isso poderia ser verdade?
2. Classificada esta informação como falsa, com base numa única fonte (site Vatican News), indicar que o Facebook puna e ameace de eliminação três sites jornalísticos não é algo muito acima do papel que deveria ter uma empresa de checagem?
3. Quando quase uma centena de veículos usaram a mesma fonte Lula. com para produzir a notícia (‘o Papa enviou o terço a Lula’) por que só três foram indicados para serem censurados pelo Facebook e ameaçados por ele?
4. É razoável que empresas de checagem que constituem parceria com o Facebook mantenham também parceria com veículos que disputam o mercado de notícias, como no caso da Lupa, que é da Revista Piauí?
5. Quais são os poderes que essas empresas têm na classificação de sites jornalísticos no Facebook? Se elas têm o poder de censurar conteúdos e ameaçar com a eliminação de páginas têm também o de classificar o alcance dessas páginas?
Bem, esta coluna confere todos os aplausos às empresas de fact-checking, que combatam e consigam coibir as verdadeiras fake news, não só na mídia virtual, como também na impressa, na TV, no rádio etc. (exemplo: as mentiras sobre a “Petrobrás quebrada”).
Aplausos ao combate às calúnias e manifestações indignas, que contribuem para a deterioração de nossa sociedade, da soberania do país, que atentem contra os direitos do homem.
Mas usar do pretexto de fake news para reprimir a liberdade da imprensa no Brasil ou para eliminar concorrentes, que, mesmo supondo-se não ter sido essa a intenção — supondo-se –, precisamos estar alertas e ativos para impedir mais esse retrocesso, entre tantos, a que nos últimos dois anos, o povo brasileiro tem assistido pasmo, incrédulo, entorpecido e sem reação.
Fala sério. Quem se informa por Facebook e Whatsapp (a mesma coisa por sinal) tem mais é que relinchar.
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