O mês de junho começou com a revista Época trazendo um texto publicitário, maquiado para parecer jornalismo, que comprova a velha máxima de que uma meia verdade é uma mentira inteira.
O texto começa relatando um evento burocrático do governador Fernando Pimentel, de Minas Gerais, no Palácio da Liberdade, para afirmar que ele fazia um governo “encastelado”, longe da população.
Os mineiros costumam dizer que mentira tem pernas curtas.
Exatamente na mesma semana, o governador mineiro participou de dois eventos públicos no Triângulo Mineiro, bem longe do Palácio da Liberdade, que o repórter-publicitário das organizações Globo, considera ser um castelo.
Um desses eventos foi em meio a uma ocupação, na comunidade do Glória, em Uberlândia, que abriga mais de 18 mil pessoas. O governador foi se encontrar com essa multidão de pessoas, não só para regularizar a ocupação, como também com o objetivo de urbanizar o local, levando água, saneamento, iluminação, educação, saúde e transporte.
Em estados como São Paulo, Paraná ou Rio Grande do Sul, governados por tucanos ou seus seguidores, ocupação é caso de polícia. Em Minas Gerais, sob o governo Pimentel, é preocupação social e objeto de políticas públicas que visam à inclusão.
Na mesma viagem, o governador mineiro inaugurou uma iniciativa industrial, que é um contraponto político e econômico às políticas neoliberais selvagens, que estão destruindo o Brasil. Fernando Pimentel foi a uma instalação de geração e conservação de energia, para levar o seu apoio à indústria nacional.
O evento, a propósito, remete a uma fala da então presidente Dilma. Ela se referiu, em um dos seus discursos, ao conceito de estocagem de vento, para se referir a plantas de geração eólica. Dilma se referia às novas tecnologias de armazenagem de energia. Até recentemente a energia gerada em uma usina hidroelétrica, por exemplo, tinha uma parte utilizada imediatamente e o excedente era dissipado, o que provocava desperdício.
Agora existem tecnologias que permitem a estocagem desse excesso para ser utilizado mais tarde ou em outro local.
A primeira usina implantada no Brasil com essa nova tecnologia de armazenagem foi construída no Triangulo Mineiro, em uma parceria entre a estatal minera de eletricidade Cemig e a empresa privada Alsol Energia. O arranjo inovador é composto por uma planta fotovoltaica, acoplada a um sistema de armazenamento.
O governador esteve no local, em um evento público, junto com uma pequena multidão de empresários, trabalhadores do setor elétrico, pesquisadores, público em geral e dezenas de jornalistas.
Então fica fácil provar que a abertura do texto da revista Época força a barra, com uma meia verdade, para extrapolar para uma mentira inteira: a de que o “governador de Minas está encastelado no Palácio da Liberdade”.
Ao contrário do que afirma o repórter-publicitário, Pimentel tem percorrido todo o estado para participar de eventos públicos, como, por exemplo, os Fóruns Regionais, que reúnem os principais atores das diferentes regiões de Minas para concorridas reuniões públicas com o governador.
Época omite que Pimentel foi absolvido em quase todas as acusações
Quando a matéria-publicidade abre com uma mentira, naturalmente cabe desconfiança de todo o restante do texto. É fácil ver que o texto do repórter-publicitário utiliza o mesmo método de lançar mão de meias verdades, para contar uma grande mentira.
O texto lista uma série de acusações contra Pimentel, sendo que nenhuma delas é nova e o governador já foi inocentado de boa parte delas. Como exemplo, o Tribunal Regional Eleitoral considerou o governador inocente, por unanimidade, da acusação feita pelos tucanos derrotados, de utilização de dinheiro ilícito da campanha de 2014.
A absolvição do governador, com relação à campanha de 2014, indica que todo o edifício acusatório erguido pelos tucanos e seus associados na Polícia Federal e no MPF, contra Pimentel, envolvendo Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, está prestes a cair por terra.
A defesa do governador já encaminhou documentos ao Ministério Público Federal, contendo provas de que Bené agia por conta própria e à revelia do governador. A própria revista Veja publicou matéria, em dezembro de 2017, relatando a remessa de provas contra o empresário brasiliense.
Bené, enquanto isso procura se safar fazendo uma delação sob encomenda, no mesmo padrão daquelas que acusaram Lula. Em troca, ele pretende ter as mesmas regalias dos outros delatores da Lava Jato, podendo viver livre e no gozo da fortuna que acumulou.
O texto publicitário da Época também ataca a esposa do governador, misturando fatos ultrapassados, ilações, mentiras e fortes doses de misoginia. Segundo o publicitário da Época, pelo fato de ser mulher, jovem e “nascida na periferia de Brasília”, a esposa do governador não pode ser uma profissional competente e uma pessoa interessante. Puro machismo.
Porque os tucanos se desesperam
O que levou os tucanos a ativar a parceria que mantém desde sempre, com as organizações globo, para atacar o governador Mineiro? Três fatos ajudam a desvendar essa charada.
O primeiro são os números das pesquisas. Os especialistas mais experientes são unânimes em avaliar que o teto da candidatura Anastasia não passa dos 18% de intenção de votos. O aecismo está profundamente desgastado em Minas Gerais, Aécio ostenta índices de rejeição que superam os 80% e a falência tucana junto aos eleitores mineiros pode fazer naufragar o projeto presidencial de Alckmin.
Outro dado preocupante para Anastasia e Alckmin é o isolamento do PSDB em Minas Gerais. Deputados, prefeitos e vereadores em todo o interior procuram se afastar de Anastasia e Aécio que, segundo o notório ex-governador do estado Newton Cardoso, são “defuntos pesados, em um caixão difícil de carregar”.
Prova desse isolamento foi o primeiro evento conjunto da campanha Alkmin-Anastasia, em Poços de Caldas, uma cidade na fronteira com São Paulo, que de acordo com os cálculos do PSDB seria um local onde o partido ainda sobrevive.
O evento foi um anticlímax. Ao perceberem que a atividade seria um fiasco de público, os organizadores transferiram o evento de uma praça pública, onde seria realizado, para um local fechado, em um hotel. Foi pífio o número de apoiadores de Anastasia ou Alkmin que apareceu no local.
Quem esteve na frente do hotel foram representantes de movimentos sociais, professores, estudantes e populares, que fizeram um escracho contra os visitantes. Os dois tucanos fugiram melancolicamente escondidos, pela porta dos fundos.
Os números das pesquisas e o isolamento político do aecismo refletem o desprezo dos mineiros por essa quadrilha responsável pela maior máquina de pilhagem do erário público que há houve na história de Minas Gerais. A derrota de Aécio nas últimas eleições presidenciais em Minas Gerais foi um sinal do rompimento da população minera com a quadrilha, que saqueou o estado durante mais de 16 anos.
O aecismo montou a maior máquina de pilhagem da história de Minas Gerais
Quando Aécio foi derrotado para presidente, ainda não se sabia da dimensão do roubo perpetrado nos recursos de Minas Gerais pela quadrilha aecista. Somente depois que as contas do estado foram abertas é que foi possível conhecer a dimensão do assalto aos cofres do estado e descobrir que o “choque de gestão” foi um mecanismo concebido para operar uma pilhagem inédita das riquezas de Minas Gerais.
O “choque de gestão” foi arquitetado para amarrar todas as pontas do sistema sofisticado de assalto ao estado e da transferência de imensas fortunas a interesses privados. O dinheiro era canalizado especialmente para as contas bancárias ligadas às principais figuras do aecismo, que estão sendo descobertas em diversos paraísos fiscais.
Uma das características mais perversas do “choque de gestão” foi o esquema jurídico e contábil destinado a maquiar as contas do governo mineiro e de suas estatais, para melhorar o ranking das finanças, necessário para a obtenção de vultosos empréstimos internacionais.
Com a falsificação dos dados financeiros do estado, o governo aecista contraiu de forma fraudulenta um volume imenso de recursos em moedas fortes e essa foi uma das maneiras utilizadas, para aumentar o volume do butim a ser saqueado pelo aecismo.
Esse mecanismo perverso foi complementado com o desvio de recursos de outras áreas governamentais, primacialmente da saúde, da educação e segurança, setores que afetam diretamente a vida dos cidadãos, o que denuncia a crueldade do aecismo.
Afinal quem é Anastasia?
O atual senador Antônio Anastasia foi figura central na arquitetura do modus operandi da quadrilha aecista, e não uma figura secundária, como acreditam muitos no Brasil, que não conhecem os meandros da politica mineira. Anastasia, na verdade ainda engana muita gente, até mesmo em Minas Gerais.
O núcleo duro da quadrilha aecista era composto por pessoas que hoje são mais conhecidas publicamente, como o próprio Aécio Neves e sua irmã, Andréa Neves. Todos os integrantes do núcleo duro, no entanto, são operadores, o mentor intelectual do assalto aos cofres mineiros é Antônio Anastasia.
Aécio era o public relations da quadrilha, encarregado da imagem pública do aecismo; Andréa foi a responsável por comprar e chantagear a mídia, principalmente a mineira, que ela tratou com mão de ferro, chegando a entrar nas redações para esculhambar editores e demitir jornalistas; Oswaldo Borges da Costa Filho, o Oswaldinho, tratava dos negócios suspeitos com empresários e banqueiros, além de operar o vasto esquema de contas em paraísos fiscais do aecismo; Danilo de Castro segurava as rédeas dos políticos, comprando ou ameaçando deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores do interior; Paulo Vasconcelos cuidava das agencias de propaganda e marketing, contratadas pelo imenso esquema controlado pela quadrilha e operava desvios de parte do dinheiro que vinha dos aparatos de financiamento do PSDB, dos apoiadores do candidato e das fontes oficiais; e o coitado do Fredinho (Frederico Pacheco de Medeiros, primo dos irmãos Neves) era o carregador de mala.
Há outras figuras importantes na quadrilha, mas esse era o núcleo do sistema de poder aecista. No centro de tudo estava o mentor intelectual da quadrilha: Antônio Anastasia.
José Eduardo Cardoso, atuando como advogado de Dilma, no julgamento da presidente no Senado, descreve Anastasia, como está bem documentado no filme “O processo”: ele é um gênio do crime, que usa a inteligência e o preparo para fazer o mal.
Enquanto Cardoso o definia como um agente do mal – embora com palavras elegantes – o filme revela um Anastasia impassível como uma esfinge, com uma frieza digna dos criminosos mais cruéis.
O aecismo não existiria sem a capacidade de gestão, para montar a impressionante máquina de furtar o erário público, que começou a operar de forma experimental ainda quando Aécio Neves o presidente da Câmara Federal. Foi Anastasia quem concebeu essa máquina e assegurou o seu funcionamento durante mais de duas décadas.
O senador não se tornou tão conhecido como os outros integrantes do núcleo duro do aecismo, porque enquanto os outros precisavam operar junto a diversos públicos – por exemplo, Andréa com os barões da mídia; Oswaldinho com empreiteiros e banqueiros; e Paulo Vasconcelos chantageava publicitários pelo Brasil – Anastasia cumpria uma função cerebral de estrategista da quadrilha.
O senador, no entanto, era quem viabilizava o dinheiro necessário para uma operação gigantesca, que pretendia levar sua principal figura pública, Aécio, à presidência da República. Uma vez em Brasília, o aecismo reproduziria a máquina de pilhagem desenvolvida em Minas Gerais em uma escala imensamente maior.
A obscuridade de Anastasia é planejada. O senador acalenta um projeto pessoal de longa data de vir a ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal. Para isso, quanto menos aparecer, melhor.
Porém, ele não escapou incólume da Lava Jato, que acumula várias denúncias contra o Senador.
Um carregador de malas, o agente da Policia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, afirma que entregou uma encomenda com um milhão de reais a Anastasia, na própria casa do senador. Ele ainda é citado como beneficiário do doleiro Alberto Youssef e dos esquemas JBS, dos irmãos Batista.
Um dos golpes mais contundentes sofridos pelo senador ocorreu no ultimo dia 24 de maio, quando Gilmar Mendes prorrogou a investigação sobre o favorecimento de Anastasia pela Odebrecht. A maioria das pessoas menos atentas imaginou que a decisão do ministro do Supremo visava facilitar a defesa da dupla inseparável, Anastasia e Aécio.
Não foi o que ocorreu. Na verdade Gilmar foi obrigado a prorrogar a investigação, porque foram encontradas novas e contundentes provas contra Anastasia e Oswaldinho. Em um processo jurídico sério, os dois senadores e o resto da quadrilha seriam candidatos não a cargos públicos, mas a vagas no sistema prisional.
Coincidentemente, no mesmo dia em que o MPF pediu mais tempo para investigar novas provas contra Anastasia, o governador Fernando Pimentel foi absolvido por unanimidade, pelo TRE-MG, da acusação de ter utilizado dinheiro irregular na sua campanha.
José Eduardo Cardoso, atuando como advogado de Dilma, no julgamento da presidente no Senado, descreve Anastasia, como está bem documentado no filme “O processo”: ele é um gênio do crime, que usa a inteligência e o preparo para fazer o mal.
Enquanto Cardoso o definia como um agente do mal – embora com palavras elegantes – o filme revela um Anastasia impassível como uma esfinge, com uma frieza digna dos criminosos mais cruéis.
O aecismo não existiria sem a capacidade de gestão, para montar a impressionante máquina de furtar o erário público, que começou a operar de forma experimental ainda quando Aécio Neves o presidente da Câmara Federal. Foi Anastasia quem concebeu essa máquina e assegurou o seu funcionamento durante mais de duas décadas.
O senador não se tornou tão conhecido como os outros integrantes do núcleo duro do aecismo, porque enquanto os outros precisavam operar junto a diversos públicos – por exemplo, Andréa com os barões da mídia; Oswaldinho com empreiteiros e banqueiros; e Paulo Vasconcelos chantageava publicitários pelo Brasil – Anastasia cumpria uma função cerebral de estrategista da quadrilha.
O senador, no entanto, era quem viabilizava o dinheiro necessário para uma operação gigantesca, que pretendia levar sua principal figura pública, Aécio, à presidência da República. Uma vez em Brasília, o aecismo reproduziria a máquina de pilhagem desenvolvida em Minas Gerais em uma escala imensamente maior.
A obscuridade de Anastasia é planejada. O senador acalenta um projeto pessoal de longa data de vir a ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal. Para isso, quanto menos aparecer, melhor.
Porém, ele não escapou incólume da Lava Jato, que acumula várias denúncias contra o Senador.
Um carregador de malas, o agente da Policia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, afirma que entregou uma encomenda com um milhão de reais a Anastasia, na própria casa do senador. Ele ainda é citado como beneficiário do doleiro Alberto Youssef e dos esquemas JBS, dos irmãos Batista.
Um dos golpes mais contundentes sofridos pelo senador ocorreu no ultimo dia 24 de maio, quando Gilmar Mendes prorrogou a investigação sobre o favorecimento de Anastasia pela Odebrecht. A maioria das pessoas menos atentas imaginou que a decisão do ministro do Supremo visava facilitar a defesa da dupla inseparável, Anastasia e Aécio.
Não foi o que ocorreu. Na verdade Gilmar foi obrigado a prorrogar a investigação, porque foram encontradas novas e contundentes provas contra Anastasia e Oswaldinho. Em um processo jurídico sério, os dois senadores e o resto da quadrilha seriam candidatos não a cargos públicos, mas a vagas no sistema prisional.
Coincidentemente, no mesmo dia em que o MPF pediu mais tempo para investigar novas provas contra Anastasia, o governador Fernando Pimentel foi absolvido por unanimidade, pelo TRE-MG, da acusação de ter utilizado dinheiro irregular na sua campanha.
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