Do blog Socialista Morena:
Enquanto aqui formadores de opinião como Boris Casoy saíram em defesa dos assediadores brasileiros, um argentino de 47 anos (!!!) que fez uma “brincadeira” machista similar com uma jovem russa foi proibido pelo Ministério da Segurança de seu próprio país de continuar assistindo aos jogos da Copa. Néstor Fernando Penovi, dono de uma concessionária de automóveis, perdeu seu “registro de fã” (Fan ID) após sua identidade ter sido comprovada e acabou retornando à Argentina, onde chegou na sexta-feira, envergonhado e se dizendo arrependido.
O diretor nacional de Segurança em Espetáculos Futebolísticos, Guillermo Madero, condenou a atitude do homem, disse que a atitude dele não representa os argentinos e pediu às autoridades que não o deixassem entrar nos estádios da Copa do Mundo. “Conseguimos identificá-lo e enviamos notas ao governo da Rússia e ao ministério do Interior para que seja proibida a entrada dele nos estádios”, disse Madero à agência de notícias alemã DPA.
Em um comunicado, Madero disse que enviou uma nota oficial ao coronel Roman Niloayevich Aziavin, chefe do Centro Internacional de Cooperação Policial (ICCP) para que seja retirado imediatamente o passaporte do torcedor ou Fan ID do cidadão argentino que, “de maneira indecente, desonesta e descarada” se dirigiu a uma jovem russa de apenas 15 anos em vídeo difundido nas redes sociais. Madero, que está em Moscou, afirmou que, se for confirmado que a moça é menor de idade, o agressor pode ser responsabilizado criminalmente.
No vídeo, o quase cinquentão se comporta como um moleque de 13 anos, pedindo que a menina repita: “Olá, argentinos. Venham para cá. Quero chupar pica”.
“Cometi um grave erro. Me equivoquei. Foi uma piada de péssimo gosto, porém já foi. Somos 14 amigos na Rússia. Foi um vídeo rápido que gravaram, em poucos segundos eu fiz isso e o vídeo explodiu. Quero pedir desculpas ao povo argentino, ao povo russo, a todos os meus amigos e conhecidos do meu bairro, aos meus filhos, à mãe dos meus filhos. É uma vergonha. Estou muito arrependido. Mas até agora ninguém me falou nada, nem que não vão me deixar entrar nos estádios nem que vão me deportar. Só quero pedir desculpas pelo meu erro”, disse o torcedor, após o vídeo viralizar e lhe criar problemas.
Na volta à Argentina, Néstor apareceu de boné e cachecol tentando passar incógnito pela imprensa, mas não conseguiu.
A embaixada russa na Argentina já tinha se pronunciado a respeito do caso e exigido desculpas públicas. A ministra de Segurança também se pronunciou no twitter: “machista e desrespeitoso”, criticou Patricia Bullrich. No fim de semana, a ministra anunciou que outro torcedor perdeu seu passaporte e também não poderá entrar nos estádios russos para ver a copa por ter gravado um vídeo dizendo obscenidades a uma mulher.
Que diferença para o Brasil… Aqui, além de ser defendidos por outros machos “famosos”, os torcedores brasileiros que fizeram russos e russas repetir obscenidades não sofreram nada, a não ser a exposição midiática. A única coisa que o governo Temer fez foi “lamentar” o incidente em um tweet genérico.
O ministério do Turismo só se pronunciou condenando o assédio após circular um boato de que um dos torcedores assediadores seria servidor da pasta. Ou seja, aproveitou o desmentido para se posicionar, ainda que de forma tíbia. “O machismo e a misoginia não são aceitáveis sob nenhum aspecto, muito menos em um evento como a Copa do Mundo, que promove a integração entre povos e culturas do mundo todo”, diz a nota.
Já a garota russa deu um tapa de luva nos machistas da Argentina e de outras partes com uma postagem no instagram.
“Argentina! Eu amo vocês! O que aconteceu não foi bom, mas não vou julgar seu país por apenas uma pessoa ruim! Vocês são todos muito amáveis! Estou muito contente de receber suas mensagens, obrigada! E, por favor, não percam a fé no seu país, a Argentina tem todas as chances de continuar participando da Copa do Mundo” Seguirei apoiando tanto Argentina como Rússia ❤ (Estou escrevendo através de um tradutor, espero que vocês possam entender)”, publicou ela, em inglês.
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