“‘Meu filho ontem perdeu o baço, ele perdeu os rins, ele tomou pontos no estômago e os estilhaços acabaram com tudo dele. Eu não tenho o que doar do meu filho’, desabafou Bruna Silva, exibindo o uniforme ensanguentado de Marcos Vinícius, de 14 anos. O adolescente estava a caminho da escola quando foi atingido por uma bala perdida, durante operação na Maré. ‘Foi essa polícia homicida que dilacerou o coração de outra família’, disse Bruna.”
O Relato publicado na edição de hoje do jornal Extra, no Rio de Janeiro, é um triste retrato do que significa de fato a Intervenção Militar no estado. Passados mais de 100 dias (e hoje se completam exatamente 100 dias da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes sem resposta das autoridades), a operação não trouxe qualquer resultado positivo dentro dos objetivos alegados em fevereiro. Ao contrário, subiram todos os índices de violência, especialmente aqueles que atingem as pessoas pobres, pretas e periféricas.
Além de Marcos Vinícius e de mais seis vítimas imputadas pela polícia como “suspeitas” na operação de quarta-feira em que NENHUM dos 23 mandatos de prisão expeditos foi cumprido, existem relatos de dezenas de outras mortes.
Segundo Virginia Berriel, uma das representantes da Central Única dos Trabalhadores na Comissão Popular da Verdade, criada para investigar e denunciar as violações dos direitos humanos, em decorrência da Intervenção Militar no Rio, “NAS FAVELAS”:
“Nossa atuação tornou-se visível e grande desde a vinda do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e de Danny Glover ator e ativista de Direitos Humanos da ONU e nós, membros da Comissão, composta por diversas entidades, criada a partir de reuniões da FBP Frente Brasil Popular. Traçamos linhas de estratégias e ações, com visitas às favelas em parceria com a Defensoria Pública e outras entidades para acompanhamento das ações do Exército, das Polícias Civil e Militar. As ações do Exército com Core, Bope, Caveirão explodiram em massacres, chacinas e violações. Uma guerra de verdade.
A MÍDIA DIVULGA MUITO POUCO, MENOS DE 50% DO QUE ESTÁ EFETIVAMENTE ACONTECENDO.
Nesta quarta-feira, 20/06, foi a gota d’água: As Operações nas favelas da Maré, no Pavão e Pavonzinho, Cantagalo e Morro da Coroa, foram de pleno extermínio. Uma guerra contra os pobres, pretos e favelados. Na Maré: um caveirão aéreo, quatro caveirões de solo e vários blindados…
O caveirão aéreo em vôos rasantes, disparou contra a favela sua metralhadora aleatória. Numa só quadra parte de um quarteirão foram encontradas marcas de 59 tiros. Incontáveis todos os tiros disparados de cima para baixo sobre as casas.
Eles dizem que foram mortos seis traficantes. É o que dizem, mas, na verdade, foram muito mais. E vários e vários feridos. UMA MENINA DE 14 ANOS também foi atingida e veio a falecer no hospital. Ela não foi levada para a UPA. A família, por medo, recusou-se e recusa-se divulgar o nome da menina.
“MUITOS ÓBITOS SÃO CLASSIFICADOS COMO MORTE NATURAL”
Numa outra casa, já que muitas foram invadidas, os policiais espancaram dois adultos e jogaram seus corpos. Da mesma casa executaram à queima roupa outros três jovens. De outras casas invadidas roubaram pertences como celulares e televisores. Os moradores NÃO denunciam por medo. Atiraram em vários carros, casas e disseram que era para vingar a morte de policiais.
Terror total
Moradores em choque e pânico. Ainda proibiram o acesso de ambulâncias para retirada dos feridos. No Pavão Pavãozinho e Coroa também foram mortos tantos outros moradores. Ontem, 21/06, esse foi o relato de defensores de direitos humanos, que residem na Maré, numa reunião na Defensoria Pública. Foi de doer, de chorar por horas…
Dia 25/06 visitaremos com a Defensoria a Favela da Mangueirinha e dia 29/06 a do Chapadão. Estamos solicitando audiência para os dias 02 ou 03 com o Interventor, por intermédio da Defensoria Pública e no mesmo dia à tarde faremos uma coletiva de imprensa para denunciar todas as violações, a partir de um dossiê que está sendo preparado. Muita impotência diante da barbárie da Intervenção Militar no Rio. Os Governos Federal, Estadual e Municipal, entregaram o Rio à barbárie e à própria sorte. Todos estão com as mãos sujas de sangue.
NÃO SOU A FAVOR DO BANDITISMO, nem do tráfico, nem da milícia, muito menos da Polícia e Exército do extermínio. SOU E SEREI SEMPRE A FAVOR DA JUSTIÇA.“
É por conta de tudo isso que seguimos contando os mortos e exigindo a apuração. Periodicamente, na página dos Jornalistas Livres no Facebook, teremos esse triste placar atualizado. Afinal, a escalada da violência no Brasil não será detida com mais violência, com “bandido bom é bandido morto”, com intervenção militar. Ela só pode ser combatida com mais JUSTIÇA. E para isso é fundamental investigar quem comete e quem promove a violência.
Estamos contando quanto tempo estão sem solução/punição esses crimes:
1 dia – Marcos Vinícius, de 14 anos, morto com uniforme de escola em operação da polícia e exército na Maré e todos os demais, identificados ou não
55 dias – atentado contra o Acampamento Marisa Letícia, em Curitiba
87 dias – atentado contra a caravana de Lula no Sul do país
89 dias – chacina de Maricá, com execução de cinco jovens artistas
100 dias – execução da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes
1 ano da Chacina de Colniza (MT), 9 executados com facão e tiros calibre 12
12 anos – Crimes de Maio, pelo menos 564 assassinatos em menos de duas semanas
22 anos – Massacre do Carandiru, pelo menos 111 mortos pela polícia
25 anos – chacinas de Vigário Geral (21 mortos) e Candelária (8 mortos)
O Relato publicado na edição de hoje do jornal Extra, no Rio de Janeiro, é um triste retrato do que significa de fato a Intervenção Militar no estado. Passados mais de 100 dias (e hoje se completam exatamente 100 dias da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes sem resposta das autoridades), a operação não trouxe qualquer resultado positivo dentro dos objetivos alegados em fevereiro. Ao contrário, subiram todos os índices de violência, especialmente aqueles que atingem as pessoas pobres, pretas e periféricas.
Além de Marcos Vinícius e de mais seis vítimas imputadas pela polícia como “suspeitas” na operação de quarta-feira em que NENHUM dos 23 mandatos de prisão expeditos foi cumprido, existem relatos de dezenas de outras mortes.
Segundo Virginia Berriel, uma das representantes da Central Única dos Trabalhadores na Comissão Popular da Verdade, criada para investigar e denunciar as violações dos direitos humanos, em decorrência da Intervenção Militar no Rio, “NAS FAVELAS”:
“Nossa atuação tornou-se visível e grande desde a vinda do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e de Danny Glover ator e ativista de Direitos Humanos da ONU e nós, membros da Comissão, composta por diversas entidades, criada a partir de reuniões da FBP Frente Brasil Popular. Traçamos linhas de estratégias e ações, com visitas às favelas em parceria com a Defensoria Pública e outras entidades para acompanhamento das ações do Exército, das Polícias Civil e Militar. As ações do Exército com Core, Bope, Caveirão explodiram em massacres, chacinas e violações. Uma guerra de verdade.
A MÍDIA DIVULGA MUITO POUCO, MENOS DE 50% DO QUE ESTÁ EFETIVAMENTE ACONTECENDO.
Nesta quarta-feira, 20/06, foi a gota d’água: As Operações nas favelas da Maré, no Pavão e Pavonzinho, Cantagalo e Morro da Coroa, foram de pleno extermínio. Uma guerra contra os pobres, pretos e favelados. Na Maré: um caveirão aéreo, quatro caveirões de solo e vários blindados…
O caveirão aéreo em vôos rasantes, disparou contra a favela sua metralhadora aleatória. Numa só quadra parte de um quarteirão foram encontradas marcas de 59 tiros. Incontáveis todos os tiros disparados de cima para baixo sobre as casas.
Eles dizem que foram mortos seis traficantes. É o que dizem, mas, na verdade, foram muito mais. E vários e vários feridos. UMA MENINA DE 14 ANOS também foi atingida e veio a falecer no hospital. Ela não foi levada para a UPA. A família, por medo, recusou-se e recusa-se divulgar o nome da menina.
“MUITOS ÓBITOS SÃO CLASSIFICADOS COMO MORTE NATURAL”
Numa outra casa, já que muitas foram invadidas, os policiais espancaram dois adultos e jogaram seus corpos. Da mesma casa executaram à queima roupa outros três jovens. De outras casas invadidas roubaram pertences como celulares e televisores. Os moradores NÃO denunciam por medo. Atiraram em vários carros, casas e disseram que era para vingar a morte de policiais.
Terror total
Moradores em choque e pânico. Ainda proibiram o acesso de ambulâncias para retirada dos feridos. No Pavão Pavãozinho e Coroa também foram mortos tantos outros moradores. Ontem, 21/06, esse foi o relato de defensores de direitos humanos, que residem na Maré, numa reunião na Defensoria Pública. Foi de doer, de chorar por horas…
Dia 25/06 visitaremos com a Defensoria a Favela da Mangueirinha e dia 29/06 a do Chapadão. Estamos solicitando audiência para os dias 02 ou 03 com o Interventor, por intermédio da Defensoria Pública e no mesmo dia à tarde faremos uma coletiva de imprensa para denunciar todas as violações, a partir de um dossiê que está sendo preparado. Muita impotência diante da barbárie da Intervenção Militar no Rio. Os Governos Federal, Estadual e Municipal, entregaram o Rio à barbárie e à própria sorte. Todos estão com as mãos sujas de sangue.
NÃO SOU A FAVOR DO BANDITISMO, nem do tráfico, nem da milícia, muito menos da Polícia e Exército do extermínio. SOU E SEREI SEMPRE A FAVOR DA JUSTIÇA.“
É por conta de tudo isso que seguimos contando os mortos e exigindo a apuração. Periodicamente, na página dos Jornalistas Livres no Facebook, teremos esse triste placar atualizado. Afinal, a escalada da violência no Brasil não será detida com mais violência, com “bandido bom é bandido morto”, com intervenção militar. Ela só pode ser combatida com mais JUSTIÇA. E para isso é fundamental investigar quem comete e quem promove a violência.
Estamos contando quanto tempo estão sem solução/punição esses crimes:
1 dia – Marcos Vinícius, de 14 anos, morto com uniforme de escola em operação da polícia e exército na Maré e todos os demais, identificados ou não
55 dias – atentado contra o Acampamento Marisa Letícia, em Curitiba
87 dias – atentado contra a caravana de Lula no Sul do país
89 dias – chacina de Maricá, com execução de cinco jovens artistas
100 dias – execução da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes
1 ano da Chacina de Colniza (MT), 9 executados com facão e tiros calibre 12
12 anos – Crimes de Maio, pelo menos 564 assassinatos em menos de duas semanas
22 anos – Massacre do Carandiru, pelo menos 111 mortos pela polícia
25 anos – chacinas de Vigário Geral (21 mortos) e Candelária (8 mortos)
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