Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Eleições periódicas, na democracia, servem para que cada homem e cada mulher exerçam o poder de escolha, elegendo representantes e também governantes, a partir das propostas que apresentem e dos rumos que apontem para o país, o estado, o município.
Entretanto, faltando exatamente 70 dias para a eleição de 7 de outubro, aqui estamos discutindo quem será o vice de quem, na ausência de propostas claras para o enfrentamento de problemas como o desemprego, o aumento da pobreza, o déficit fiscal ou a violência crescente, sem falar na crise da Previdência.
O atraso na escolha de vices já é, por si, um sinal da esquisitice deste pleito.
A novela vai se arrastar até 15 de agosto, quando todas as chapas terão que ser registradas.
Na pajelança de quinta-feira, em que os cinco partidos do Centrão oficializaram o apoio ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, falou-se muito em diálogo e decisões coletivas, e o que os agoniava era a escolha do vice, depois da recusa de Josué Alencar.
Não eram as eventuais diferenças na formulação do programa de governo.
Ninguém condicionou o apoio ao compromisso com qualquer proposta.
Só com cargos, como a presidência da Câmara para o DEM, a do Senado para o PP, ministérios para os outros.
Ciro Gomes é que tem apresentado propostas mais concretas e objetivas, como a adoção do regime de capitalização para a Previdência e a taxação dos dividendos e das grandes fortunas.
Fernando Haddad está coordenando a proposta de Lula, mas dela tem divulgado apenas tópicos. Aguarda-se o detalhamento. O programa de Meirelles é a continuidade do governo Temer, o de Marina, desconhecemos, e o de Bolsonaro é distribuir armas, nomear generais para ministérios, acabar com as cotas raciais e coisas assim.
Um Temer no sapato
Explicar a aliança com os partidos do Centrão, com sua penca de investigados por corrupção, não será o maior problema de Geraldo Alckmin.
Mais complicado será negar a conexão genética com o governo de Temer, que chegará ao final do mandato em situação de penúria moral, afora o desemprego e a estagnação econômica.
A Polícia Federal descobriu um contrato da Eliland, empresa de fachada controlada pela Argeplan, do coronel Lima, suposto operador de Temer, e a empresa Rodrimar. Busca agora demonstrar que os pagamentos da portuária eram propinas destinadas ao presidente que assinou o decreto dos portos.
O PSDB foi o parceiro decisivo do MDB na urdidura do impeachment que deu a Temer a cadeira de Dilma Rousseff.
Indicou quatro ministros e assumiu até mesmo a coordenação política do governo com Antonio Imbassahy.
Quando estourou o caso JBS, fez um rompimento de meia tigela: manteve ministros no governo, deu metade dos votos de sua bancada para a rejeição das duas denúncias e ajudou a aprovar as propostas mais antipopulares do governo, como a reforma trabalhista e a PEC do gasto público.
Quando o horário eleitoral começar, os adversários vão explorar tudo isso. Mas Alckmin, dizem os aliados, poderá apontar para Henrique Meirelles e dizer: “candidato do governo é aquele ali”. Será o eleitor tão ingênuo?
Contradições mineiras
A eleição da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado, por Minas, vai ser um passeio.
Segundo a recente pesquisa Doxa, ela tem 20% de preferência, contra 26% de todos os adversários juntos, inclusive o rival Aécio Neves, que chega a 11%. Mas o não-voto (nulos, brancos, nenhum candidato) ainda alcança 36%.
Já a situação do governador petista Fernando Pimentel é muito difícil.
Na mesma pesquisa ele tem apenas 21% de avaliação positiva, contra 69% de nota negativa, e nas pesquisas eleitorais tem ficado em segundo lugar, atrás do tucano Anastasia.
Ele tem buscado colar sua imagem em Lula, que tem 41% de preferência para presidente em Minas. O PT também cresceu à sombra do lulismo. Tem a simpatia de 17% dos mineiros. Em segundo lugar vem o PSDB, com 3%.
Eleições periódicas, na democracia, servem para que cada homem e cada mulher exerçam o poder de escolha, elegendo representantes e também governantes, a partir das propostas que apresentem e dos rumos que apontem para o país, o estado, o município.
Entretanto, faltando exatamente 70 dias para a eleição de 7 de outubro, aqui estamos discutindo quem será o vice de quem, na ausência de propostas claras para o enfrentamento de problemas como o desemprego, o aumento da pobreza, o déficit fiscal ou a violência crescente, sem falar na crise da Previdência.
O atraso na escolha de vices já é, por si, um sinal da esquisitice deste pleito.
A novela vai se arrastar até 15 de agosto, quando todas as chapas terão que ser registradas.
Na pajelança de quinta-feira, em que os cinco partidos do Centrão oficializaram o apoio ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, falou-se muito em diálogo e decisões coletivas, e o que os agoniava era a escolha do vice, depois da recusa de Josué Alencar.
Não eram as eventuais diferenças na formulação do programa de governo.
Ninguém condicionou o apoio ao compromisso com qualquer proposta.
Só com cargos, como a presidência da Câmara para o DEM, a do Senado para o PP, ministérios para os outros.
Ciro Gomes é que tem apresentado propostas mais concretas e objetivas, como a adoção do regime de capitalização para a Previdência e a taxação dos dividendos e das grandes fortunas.
Fernando Haddad está coordenando a proposta de Lula, mas dela tem divulgado apenas tópicos. Aguarda-se o detalhamento. O programa de Meirelles é a continuidade do governo Temer, o de Marina, desconhecemos, e o de Bolsonaro é distribuir armas, nomear generais para ministérios, acabar com as cotas raciais e coisas assim.
Um Temer no sapato
Explicar a aliança com os partidos do Centrão, com sua penca de investigados por corrupção, não será o maior problema de Geraldo Alckmin.
Mais complicado será negar a conexão genética com o governo de Temer, que chegará ao final do mandato em situação de penúria moral, afora o desemprego e a estagnação econômica.
A Polícia Federal descobriu um contrato da Eliland, empresa de fachada controlada pela Argeplan, do coronel Lima, suposto operador de Temer, e a empresa Rodrimar. Busca agora demonstrar que os pagamentos da portuária eram propinas destinadas ao presidente que assinou o decreto dos portos.
O PSDB foi o parceiro decisivo do MDB na urdidura do impeachment que deu a Temer a cadeira de Dilma Rousseff.
Indicou quatro ministros e assumiu até mesmo a coordenação política do governo com Antonio Imbassahy.
Quando estourou o caso JBS, fez um rompimento de meia tigela: manteve ministros no governo, deu metade dos votos de sua bancada para a rejeição das duas denúncias e ajudou a aprovar as propostas mais antipopulares do governo, como a reforma trabalhista e a PEC do gasto público.
Quando o horário eleitoral começar, os adversários vão explorar tudo isso. Mas Alckmin, dizem os aliados, poderá apontar para Henrique Meirelles e dizer: “candidato do governo é aquele ali”. Será o eleitor tão ingênuo?
Contradições mineiras
A eleição da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado, por Minas, vai ser um passeio.
Segundo a recente pesquisa Doxa, ela tem 20% de preferência, contra 26% de todos os adversários juntos, inclusive o rival Aécio Neves, que chega a 11%. Mas o não-voto (nulos, brancos, nenhum candidato) ainda alcança 36%.
Já a situação do governador petista Fernando Pimentel é muito difícil.
Na mesma pesquisa ele tem apenas 21% de avaliação positiva, contra 69% de nota negativa, e nas pesquisas eleitorais tem ficado em segundo lugar, atrás do tucano Anastasia.
Ele tem buscado colar sua imagem em Lula, que tem 41% de preferência para presidente em Minas. O PT também cresceu à sombra do lulismo. Tem a simpatia de 17% dos mineiros. Em segundo lugar vem o PSDB, com 3%.
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