quarta-feira, 4 de julho de 2018

Abril está falida. A Veja vai acabar?

Por Altamiro Borges

No meio jornalístico já é tida como certa uma nova onda de demissões – o famoso “passaralho” – na Editora Abril, que publica inúmeras revistas, entre elas a asquerosa Veja. O site Poder360, que tem sólidos vínculos com os barões da mídia, inclusive já postou que várias publicações serão extintas e que cerca de 300 funcionários serão defenestrados. A famiglia Civita, dona do império falido, ainda não confirmou os “rumores”, mas o clima já é de velório nas redações. O facão seria consequência da grave crise que afeta a editora. Somente no ano passado, ela teve prejuízo de R$ 331,6 milhões, uma queda de mais de 140% em comparação aos números negativos de 2016.

Em março último, a Abril já havia sinalizado que fecharia revistas e dispensaria funcionários. Na ocasião, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo ainda conseguiu obter um Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público do Trabalho. O TAC estabeleceu que a empresa não poderia dispensar trabalhadores sem negociação coletiva com a entidade de classe nem parcelar o pagamento de verbas rescisórias como já havia feito em 2017. Os advogados da empresa até questionaram a proposta do MPT, usando como desculpa a “reforma trabalhista” imposta pela quadrilha de Michel Temer. Agora, porém, o termo parece que está com seus dias contados. O novo facão está previsto para ocorrer ainda neste mês de julho.

A decadência da Editora Abril decorre de vários fatores – entre eles, da própria crise econômica que a revista Veja insiste em esconder dos seus leitores mais tapados para proteger a máfia que ajudou a alçar ao poder; da explosão da internet; da perda de credibilidade das suas publicações; e também da incompetência administrativa dos mimados herdeiros de Roberto Civita. Em recente matéria postada no blog Diário do Centro do Mundo, o articulista Miguel Enriquez deu alguns detalhes do tamanho do rombo da Editora Abril – que, mais cedo do que tarde, deve atingir em cheio a Veja. Vale conferir:

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Demissões, fechamento de revistas: a agonia da Abril continua

Por Miguel Enriquez

A primeira semana de julho promete ser plena de más notícias para o grupo Abril, que edita Veja, a maior revista semanal do país. Às voltas com uma sucessão de prejuízos que totalizaram R$ 768,1 milhões nos últimos três anos ( R$ 331,4 milhões, em 2017), com um endividamento de R$ 1,2 bilhão, queda de vendas e patrimônio negativo de R$ 715,9 milhões, a empresa mais uma vez terá de cortar na carne, em seu desesperado esforço para continuar em pé.

Por conta das recomendações de uma empresa de auditoria contratada pelos bancos credores, está previsto o anúncio de mais um enxugamento do quadro de pessoal, cujos números variam entre 300 e 1000 funcionários. Caso seja mantida a prática iniciada em 2017, suas indenizações deverão ser quitadas em 10 parcelas mensais.

A tesoura atingiria, inclusive, a até aqui praticamente intocável redação de Veja, carro chefe da editora, que vem perdendo circulação ano a ano – estima-se que os 1,2 milhão de exemplares vendidos semanalmente, no início da década, tenham desabado para algo ao redor de 500 mil, atualmente.

As demissões se seriam decorrência de uma profunda redução do seu portfólio de revistas proposta pelos credores. Comenta-se internamente que, das publicações atuais, seriam poupadas apenas as revistas Veja, Exame e Cláudia. Os demais títulos, que deixariam de circular nas bancas, seriam sumariamente fechados ou mantidos apenas em suas versões digitais.

Esse novo surto de razia editorial, anunciado no jargão da casa como “revisão estratégica”, teve inicio no dia 8 de junho, com a decisão de interromper a publicação das revistas da Disney. Iniciada há 68 anos, a parceria com o grupo americano está na origem da Abril. Sua primeira publicação, ao ser fundada, em 1950, pelo empreendedor italiano Victor Civita, foi justamente a revista do Pato Donald.

Os cortes de atividades e de pessoal seriam estendidos a outras operações do grupo. Notadamente, à Dinap, sua distribuidora de revistas, que vem perdendo clientes de peso. No ano passado, por exemplo, seus serviços foram dispensados por um dos principais clientes, a Panini, editora de álbuns de figurinhas e revistas de história em quadrinhos, que resolveu montar um sistema próprio de distribuição.

A dimensão da crise que afeta a Abril, outrora denominada a maior editora da América Latina, pode ser medida, não apenas na redução paulatina do número de suas publicações, nos últimos anos, como fisicamente, pela mudança de endereço, completada neste mês de junho. Por duas décadas instalada no suntuoso edifício Birmann 21, de 24 andares, localizado na marginal do rio Pinheiros, em São Paulo, a Abril passou a ocupar dois prédios acanhados de quatro andares, no condomínio América Business Park, no Jardim Morumbi, na outra margem do Pinheiros.

O início dessa agonia coincide com a morte, em 2013, de Roberto Civita, herdeiro do fundador Victor Civita. Desde então, a Abril se transformou numa espécie de nau sem rumo, com mudanças constantes em seu comando. O último executivo não pertencente à família Civita a ocupar a presidência, o advogado Arnaldo Tibyriçá, permaneceu menos de quatro meses no cargo, demitindo-se em março deste ano. Seu antecessor, Walter Longo, teve seu contrato interrompido antes de completar dois anos.

No lugar de Tibiryça, assumiu Giancarlo Civita, o primogênito de Roberto e neto do fundador Victor, que também preside o Conselho de Administração da Abril. Cabe a Gianca, como é mais conhecido, tentar reverter o prognóstico sombrio lavrado pela PricewaterhouseCoopers (PwC), que auditou o último balanço do grupo.

Ao avaliar os números negativos de 2017 e seu impacto sobre o futuro da Abril, a auditoria afirmou em seu relatório: “Essa situação, entre outras descritas na Nota 1.2, indicam a existência de incerteza relevante, que pode levantar dúvida significativa sobre sua continuidade operacional.”

Em meio ao desafio de recuperar a empresa, o atual presidente acaba de perder seu braço direito, o diretor de operações (COO), Fábio Gallo, que deixou o grupo no início da segunda quinzena de junho. Gallo, que começou a trabalhar na Abril em 2004 e ocupava a diretoria de operações desde 2016, também presidia a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner).

Segundo pessoas que acompanham a situação da Abril, Giancarlo e seus irmãos Victor Neto e Roberta, estariam considerando duas alternativas para o futuro do negócio. Uma delas é a venda, pura e simples do grupo. A outra seria recorrer à recuperação judicial, recurso que voltou a ganhar força neste ano no país, acionado por empresas em dificuldades, em razão do agravamento da situação econômica.

O certo é que, dificilmente, a empresa poderá se manter apenas à base de cortes de pessoal e de operações. Por mais duras que sejam as providências, elas deverão ser tomadas. Como afirmou, certa vez, o empresário José Mindlin, ao justificar a venda da Metal Leve, que fundara, mergulhada em dificuldades, no começo dos anos 1990: “como dizia Goethe, é preferível um fim com horror, do que um horror sem fim.”

No entanto, qualquer que seja o desfecho, vale a pena relembrar a recomendação do jornalista Paulo Nogueira, fundador deste DCM, ao comentar a situação de empresários que, a exemplo de Mindlin, foram obrigados a desfazer-se de seus negócios ou vê-los encolher: não chore pela família Civita.

A despeito da preocupante situação da Abril, na pessoa física eles vão muito bem, obrigado, De acordo com a revista Forbes, em sua edição de setembro de 2016, os irmãos Giancarlo, Victor e Roberta, integravam, em 11º lugar, a seletíssima lista das 15 famílias mais ricas do Brasil, com uma fortuna avaliada em US$ 3,3 bilhões.

2 comentários:

  1. A salvação é lançar a revista Pato Skaf.

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  2. Interessante, a Família Civita está entre as 15 maiores fortunas do Brasil, com patrimônio líquido acima dos U$3,3 BILHÕES. A Globo, com patrimônio ainda maior vive sonegando e pindurada no BNDES, as famílias donas dos banco, mais ricas ainda, vivem lucrando bilhões mas quando algo sai errado o prejuízo é "socializado" conosco, sem falar na vinculação de várias outras empresas ao trabalho escravo,ou seja, o Brasil não tem empresários e sim uma elite de gigolôs. As exceção existem mas apenas confirmam a regra. As empresas quebram mas seus donos ficam bilionários.

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