Por Joaquim Ernesto Palhares, no site Carta Maior:
Antes de qualquer comentário, como cidadão brasileiro, transmito meus cumprimentos e o de vários colaboradores e leitores da Carta Maior, ao desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) que, no último dia 8 de julho, expediu a ordem de soltura do ex-presidente Lula.
Baixada a poeira, é hora de analisarmos o que aconteceu, em especial, como vários setores se lançaram em deslegitimar a decisão de Favreto, impedindo a discussão daquilo que realmente importa: o caráter persecutório e político da prisão de Lula.
A imprensa, por exemplo, apresentou Favreto como um plantonista, de esquerda, “agente” de Lula e do PT, desqualificando sua carreira no Judiciário e, sobretudo, sua decisão. Uma ficção capaz de absorver as manobras escancaradas de Moro, Gebran e Thompson Flores que mantiveram Lula preso. Enquanto a esquerda denunciava essas manobras, inclusive, manobras ilegais; a mídia convidava juízes, especialistas, jornalistas e colunistas para descerem a lenha em Favreto.
Ficou patente, translúcida, escancarada que a direita manterá Lula, custe o que custar, na prisão durante as eleições neste ano. Até a Procuradora Geral da República entrou na briga, mencionando a aposentadoria compulsória de Favreto, uma das penalidades mais graves para um juiz no Brasil.
Não nos esqueçamos que, em apenas quatro anos, a Lava Jato teve um papel central no desmantelamento de setores estratégicos da economia nacional (Petrobras, indústrias naval e da construção civil etc.). Esteve no centro, também, do impeachment de Dilma Rousseff e vem mantendo presa, há mais de cem dias, a principal liderança política do Brasil e da América Latina.
Enquanto isso, os “vendilhões da pátria” estão se desfazendo das estatais brasileiras, estão vendendo às estrangeiras imensos lotes de terras, entregando a preço de banana o direito de explorar toneladas de riquezas naturais. Esse é crime que ninguém investiga. O país está sendo retalhado. A democracia não voltará de mãos beijadas, essa é a lição de 8 de julho.
Aliás, sugiro a todos, o filme “Jogo de Poder” (Fair Game) de Doug Lima inspirado na história verídica de Valerie Plame, agente da CIA, e de seu marido, o diplomata Joseph C. Wilson que, em 2003, acusaram a mentira de Bush sobre a proliferação de armas no Iraque, sofrendo muita perseguição por isso. (Confira aqui resenha de Léa Maria Aarão Reis sobre o filme).
Em uma das cenas, Sean Penn (que interpreta Wilson) questiona a uma plateia de universitários: “quantos aqui conhecem as 16 palavras do discurso do Presidente Bush que nos levou à guerra?” Ninguém sabia, mas todos sabiam as bobagens veiculadas pela imprensa contra sua esposa, Valerie Plame. “Como podem saber um e o outro não?” questiona o personagem.
Não nos enganemos: sim, milhões de brasileiros sabem que Lula é um prisioneiro político; mas milhões não sabem ainda porque se informam pelo Jornal Nacional. E a situação irá piorar: Lula foi proibido de se comunicar pela imprensa. “Eles não querem só me manter preso, também querem me calar”, comentou, coberto de razão nesta semana (leia mais).
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Boas leituras,
Antes de qualquer comentário, como cidadão brasileiro, transmito meus cumprimentos e o de vários colaboradores e leitores da Carta Maior, ao desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) que, no último dia 8 de julho, expediu a ordem de soltura do ex-presidente Lula.
Baixada a poeira, é hora de analisarmos o que aconteceu, em especial, como vários setores se lançaram em deslegitimar a decisão de Favreto, impedindo a discussão daquilo que realmente importa: o caráter persecutório e político da prisão de Lula.
A imprensa, por exemplo, apresentou Favreto como um plantonista, de esquerda, “agente” de Lula e do PT, desqualificando sua carreira no Judiciário e, sobretudo, sua decisão. Uma ficção capaz de absorver as manobras escancaradas de Moro, Gebran e Thompson Flores que mantiveram Lula preso. Enquanto a esquerda denunciava essas manobras, inclusive, manobras ilegais; a mídia convidava juízes, especialistas, jornalistas e colunistas para descerem a lenha em Favreto.
Ficou patente, translúcida, escancarada que a direita manterá Lula, custe o que custar, na prisão durante as eleições neste ano. Até a Procuradora Geral da República entrou na briga, mencionando a aposentadoria compulsória de Favreto, uma das penalidades mais graves para um juiz no Brasil.
Não nos esqueçamos que, em apenas quatro anos, a Lava Jato teve um papel central no desmantelamento de setores estratégicos da economia nacional (Petrobras, indústrias naval e da construção civil etc.). Esteve no centro, também, do impeachment de Dilma Rousseff e vem mantendo presa, há mais de cem dias, a principal liderança política do Brasil e da América Latina.
Enquanto isso, os “vendilhões da pátria” estão se desfazendo das estatais brasileiras, estão vendendo às estrangeiras imensos lotes de terras, entregando a preço de banana o direito de explorar toneladas de riquezas naturais. Esse é crime que ninguém investiga. O país está sendo retalhado. A democracia não voltará de mãos beijadas, essa é a lição de 8 de julho.
Aliás, sugiro a todos, o filme “Jogo de Poder” (Fair Game) de Doug Lima inspirado na história verídica de Valerie Plame, agente da CIA, e de seu marido, o diplomata Joseph C. Wilson que, em 2003, acusaram a mentira de Bush sobre a proliferação de armas no Iraque, sofrendo muita perseguição por isso. (Confira aqui resenha de Léa Maria Aarão Reis sobre o filme).
Em uma das cenas, Sean Penn (que interpreta Wilson) questiona a uma plateia de universitários: “quantos aqui conhecem as 16 palavras do discurso do Presidente Bush que nos levou à guerra?” Ninguém sabia, mas todos sabiam as bobagens veiculadas pela imprensa contra sua esposa, Valerie Plame. “Como podem saber um e o outro não?” questiona o personagem.
Não nos enganemos: sim, milhões de brasileiros sabem que Lula é um prisioneiro político; mas milhões não sabem ainda porque se informam pelo Jornal Nacional. E a situação irá piorar: Lula foi proibido de se comunicar pela imprensa. “Eles não querem só me manter preso, também querem me calar”, comentou, coberto de razão nesta semana (leia mais).
Mais do que nunca, portanto, a Mídia Alternativa tem uma importância crucial. Não esqueça de se cadastrar no nosso site (clique aqui) para receber nossos boletins diários e de acompanhar a Carta Maior pelo Twittão Maior, um dos melhores do país, comandando por Saul Leblon.
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Boas leituras,
* Joaquim Ernesto Palhares é diretor da Carta Maior.
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