Por Rafael Duarte, no site Saiba Mais:
O empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, sai menor do que entrou desta segunda aventura para chegar ao Palácio do Planalto. Até lançar a pré-candidatura à presidência da República pelo PRB, em abril de 2018, Rocha era apenas mais um empresário liberal milionário em sua contradição: recebia dinheiro público do Estado via empréstimos a juros abaixo do mercado, pagava em suaves prestações e atacava esse mesmo Estado por gerir mal os recursos.
A agência Saiba Mais revelou em fevereiro deste ano que entre 2007 e 2017 as empresas do grupo Riachuelo receberam R$ 3 bilhões do Estado brasileiro, contabilizando 23 empréstimos junto ao BNDES, além de benefícios fiscais. Só no Rio Grande do Norte, a Guararapes, braço têxtil do grupo Riachuelo, recebe isenção de impostos desde 1959.
Em quatro meses de pré-campanha, porém, Flávio Rocha foi além do personagem contraditório “liberal na economia e conservador nos costumes”. Ele se apresentou como um cidadão completamente desconectado da realidade do país que desejou presidir.
Numa entrevista ao programa Band Eleições, em abril, o dono da Riachuelo afirmou que não via a desigualdade no Brasil como um problema. “Se a desigualdade fosse um problema, seria um problema de muito fácil solução”, disse.
Menos de um ano antes, o Instituto Oxfan revelou em pesquisa inédita que os seis empresários brasileiros mais ricos ganham o mesmo que os 100 milhões mais pobres do país.
Em outra entrevista, concedida ao jornalista Bob Fernandes, o dono da Riachuelo disse, e reafirmou diante do espanto do entrevistador, que o Brasil viveu os últimos 100 anos sob o regime socialista.
O pior de tudo isso é que Flávio Rocha parece mesmo acreditar naquilo que diz.
Não à toa, as pesquisas de intenção de voto apontam que o brasileiro confia tanto em Flávio Rocha como confia em Levy Fidélix, eterno candidato à presidência que propôs a criação de um Aerotrem, em São Paulo. Os dois oscilam juntos entre 0 e 1%.
Nem no Rio Grande do Norte, o discurso do empresário com raízes potiguares sensibilizou os colegas do setor. Em pesquisa recente divulgada pela Federação das Indústrias do RN, o ex-presidente Lula apareceu como primeira opção dos empresários locais. Flávio Rocha obteve 2,65% das intenções de voto, o mesmo percentual do líder do movimento dos trabalhadores Sem Teto Guilherme Boulos, pré-candidato pelo PSOL.
Criador do Brasil 200, movimento que reúne os mil empresários mais ricos do Brasil e curiosamente lançado em Nova York, Flávio Rocha chegou a declarar, a jornalistas em Natal (RN), que seria uma traição aos colegas se lançasse candidatura à presidência usando o movimento como trampolim. Um mês depois anunciou que disputaria a sucessão de Michel Temer.
Para dar uma cara mais jovem à campanha, se uniu ao Movimento Brasil Livre (MBL), principal propagador de notícias falsas pela internet.
Sem conteúdo e reproduzindo chavões ultrapassados, como “a república bolivariana do PT” ou “os esquerdistas querem implantar o comunismo no Brasil”, não houve marketing ou fake news que ajudasse a decolar um candidato que só tinha dinheiro, desinformação e preconceito à oferecer sob um telhado de vidro.
Aliás, Flávio Rocha repetiu várias vezes nas últimas semanas, sobre sua plataforma de campanha, que “o melhor programa social é o trabalho”. A Riachuelo, segundo ele, gera 20 mil postos de trabalho no país. Ótimo slogan, mas que soa indecoroso repetido pela boca de um empresário acusado por ex-funcionários em 5.300 ações trabalhistas, entre 2000 e 2017.
Um dia antes de anunciar a desistência de concorrer ao Palácio do Planalto, o dono da Riachuelo foi condenado pelo crime de injúria e danos morais contra uma procuradora do Trabalho no Rio Grande do Norte. Terá que pagar uma multa de R$ 153,7 mil.
O motivo que levou Rocha a ofender a honra da procuradora foi uma ação de R$ 38 milhões ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho contra a Guararapes por descumprir legislação trabalhista ao contratar, segundo o MPT de forma irregular, facções de costura no interior potiguar.
O que fica desta segunda aventura de Flávio Rocha à presidência da República é o constrangimento. Num vídeo que circulou pela internet há dois meses, o empresário aparece ao lado do pai Nevaldo Rocha, visivelmente sem graça, cantando ao lado de funcionários da empresa o hit “vai, painho, o presidente vai ser o seu filhinho”.
Essa é a mensagem que fica da pré-campanha de Flávio Rocha.
A da fábula de um filhinho de papai rico que quer acabar com o comunismo no Brasil.
A agência Saiba Mais revelou em fevereiro deste ano que entre 2007 e 2017 as empresas do grupo Riachuelo receberam R$ 3 bilhões do Estado brasileiro, contabilizando 23 empréstimos junto ao BNDES, além de benefícios fiscais. Só no Rio Grande do Norte, a Guararapes, braço têxtil do grupo Riachuelo, recebe isenção de impostos desde 1959.
Em quatro meses de pré-campanha, porém, Flávio Rocha foi além do personagem contraditório “liberal na economia e conservador nos costumes”. Ele se apresentou como um cidadão completamente desconectado da realidade do país que desejou presidir.
Numa entrevista ao programa Band Eleições, em abril, o dono da Riachuelo afirmou que não via a desigualdade no Brasil como um problema. “Se a desigualdade fosse um problema, seria um problema de muito fácil solução”, disse.
Menos de um ano antes, o Instituto Oxfan revelou em pesquisa inédita que os seis empresários brasileiros mais ricos ganham o mesmo que os 100 milhões mais pobres do país.
Em outra entrevista, concedida ao jornalista Bob Fernandes, o dono da Riachuelo disse, e reafirmou diante do espanto do entrevistador, que o Brasil viveu os últimos 100 anos sob o regime socialista.
O pior de tudo isso é que Flávio Rocha parece mesmo acreditar naquilo que diz.
Não à toa, as pesquisas de intenção de voto apontam que o brasileiro confia tanto em Flávio Rocha como confia em Levy Fidélix, eterno candidato à presidência que propôs a criação de um Aerotrem, em São Paulo. Os dois oscilam juntos entre 0 e 1%.
Nem no Rio Grande do Norte, o discurso do empresário com raízes potiguares sensibilizou os colegas do setor. Em pesquisa recente divulgada pela Federação das Indústrias do RN, o ex-presidente Lula apareceu como primeira opção dos empresários locais. Flávio Rocha obteve 2,65% das intenções de voto, o mesmo percentual do líder do movimento dos trabalhadores Sem Teto Guilherme Boulos, pré-candidato pelo PSOL.
Criador do Brasil 200, movimento que reúne os mil empresários mais ricos do Brasil e curiosamente lançado em Nova York, Flávio Rocha chegou a declarar, a jornalistas em Natal (RN), que seria uma traição aos colegas se lançasse candidatura à presidência usando o movimento como trampolim. Um mês depois anunciou que disputaria a sucessão de Michel Temer.
Para dar uma cara mais jovem à campanha, se uniu ao Movimento Brasil Livre (MBL), principal propagador de notícias falsas pela internet.
Sem conteúdo e reproduzindo chavões ultrapassados, como “a república bolivariana do PT” ou “os esquerdistas querem implantar o comunismo no Brasil”, não houve marketing ou fake news que ajudasse a decolar um candidato que só tinha dinheiro, desinformação e preconceito à oferecer sob um telhado de vidro.
Aliás, Flávio Rocha repetiu várias vezes nas últimas semanas, sobre sua plataforma de campanha, que “o melhor programa social é o trabalho”. A Riachuelo, segundo ele, gera 20 mil postos de trabalho no país. Ótimo slogan, mas que soa indecoroso repetido pela boca de um empresário acusado por ex-funcionários em 5.300 ações trabalhistas, entre 2000 e 2017.
Um dia antes de anunciar a desistência de concorrer ao Palácio do Planalto, o dono da Riachuelo foi condenado pelo crime de injúria e danos morais contra uma procuradora do Trabalho no Rio Grande do Norte. Terá que pagar uma multa de R$ 153,7 mil.
O motivo que levou Rocha a ofender a honra da procuradora foi uma ação de R$ 38 milhões ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho contra a Guararapes por descumprir legislação trabalhista ao contratar, segundo o MPT de forma irregular, facções de costura no interior potiguar.
O que fica desta segunda aventura de Flávio Rocha à presidência da República é o constrangimento. Num vídeo que circulou pela internet há dois meses, o empresário aparece ao lado do pai Nevaldo Rocha, visivelmente sem graça, cantando ao lado de funcionários da empresa o hit “vai, painho, o presidente vai ser o seu filhinho”.
Essa é a mensagem que fica da pré-campanha de Flávio Rocha.
A da fábula de um filhinho de papai rico que quer acabar com o comunismo no Brasil.
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