O ato em que o Centrão oficializou seu apoio ao candidato Geraldo Alckmin forçava a comparação com a posse de Michel Temer no Planalto, após o afastamento de Dilma.
Na mesa de 12 cadeiras sentaram-se apenas homens, e todos brancos.
Faltaram os do MDB, mas acabarão todos juntos.
Havia também de comum, entre a maioria daqueles homens, o fato de serem investigados pela Lava Jato ou de responderem a outros inquéritos.
Mas o clima era de euforia e congraçamento pela grande aliança selada. Agora é ver se, unidos, partidos e máquinas da centro-direita darão ao tucano os votos de que precisa para chegar ao segundo turno.
Depois da festa chegou a carta do empresário Josué Alencar, recusando o convite para ser vice, decisão já esperada.
E o predomínio masculino fora observado durante a entrevista coletiva, começou a busca por uma mulher para compor a chapa. O conselho do coordenador de campanha, ex-governador Marcone Perilo, foi acolhido.
A senadora Ana Amélia tida como nome ideal, já recusara. Prefere tentar renovar o mandato. Falou-se em Margarete Coelho, vice-governadora do Piaui, também do PP, mas no início da noite crescia o nome da deputada Tereza Cristina.
O inconveniente é que ela é do DEM, partido que já obteve de Alckmin o compromisso de apoiar a reeleição do deputado Rodrigo Maia à presidência da Câmara. O PP não aceitará. Sente-se como segunda força do Centrão e pretende eleger a maior bancada.
O jogo da centro-direita foi feito. O PT está fazendo o seu, e tudo indica que vai se defrontar com o PSDB no segundo turno. Segundo pesquisa Vox Populi divulgada ontem, a primeira depois do prende-e-solta do dia 8 passado, Lula cresceu, na série, de 38% para 41%. Os demais, juntos, somam 29%. Alckmin pontua 4%, ou 6% na margem de erro.
Mantida esta correlação de forças, nas próximas pesquisas, o desafio de Alckmin é destronar Bolsonaro para ficar com a segunda vaga. Não será muito difícil. O adversário ajuda, e a máquina agora montada é poderosa.
O juiz Sergio Moro entendeu que pode estar a caminho uma reconfiguração do poder, no Executivo e no Legislativo, no qual serão contidos os usos e abusos da Lava Jato.
Declarou ontem que o resultado eleitoral pode trazer retrocessos à operação. Só faltou pregar o adiamento do pleito.
Mas ele virá, e apesar da Lava Jato, pode ter como finalistas o PSDB, inegavelmente poupado, e o PT, que dela mereceu atenção exterminadora.
Exemplo de Josué
O empresário Josué Alencar deu uma lição nos políticos. Venderam seu nome a Geraldo Alckmin como vice sem consultá-lo.
Ele havia se filiado ao PR a pedido de Lula, que na caravana por Minas, visitou-o na sede da Coteminas em Montes Claros, em 27 de outubro passado, quando completava 72 anos. Filiou-se e armaram-lhe uma saia justa. Como poderia agora aparecer como vice de um candidato que, inevitavelmente, atacará o governo de que seu pai participou?
José Alencar foi vice de Lula por oito anos e não foi decorativo.
Como poderia, disse Josué segundo um amigo, tornar-se vice de quem atacará um dos maiores amigos de seu pai? Para os políticos, saltar de galho pode ser um esporte. Para quem cultua a coerência, seria uma autoagressão.
Na carta em que disse não, Josué cobriu Alckmin de elogios e prometeu trabalhar por sua vitória.
Não se sente obrigado a apoiar o candidato do PT mas sente-se no dever de honrar as escolhas políticas e compromissos do pai. Gesto nobre, embora em desuso.
Bateu continência?
Do deputado Chico Alencar sobre a visita de Eduardo Paes ao general interventor Braga Neto, pouco antes de lançar sua candidatura a governador: “Muito sintomático, pois a Comissão Externa da Câmara de Acompanhamento da Intervenção, da qual faço parte, com toda sua legitimidade, pena para conseguir uma reunião com o general. Estará a intervenção revelando desBRAGAdamente seu caráter partidário e eleitoreiro?
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