Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:
O início do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, a partir de 31 de agosto, será decisivo para o mercado financeiro avaliar a situação do seu candidato do momento, o tucano Geraldo Alckmin, na opinião da cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Por sua vez, analistas do setor financeiro reconhecem que, estando no cenário, com 37% das intenções de voto, Lula é imbatível e o atual vice na chapa petista, Fernando Haddad, tem potencial de crescimento importante.
O problema, para o mercado, é que ele próprio ainda não está seguro de que as candidaturas nas quais poderia apostar têm fôlego para chegar ao segundo turno. Aposta do momento, Alckmin continua com grande dificuldade para decolar.
Mesmo num cenário sem Lula, o ex-governador de São Paulo patina nos 7%, em quarto lugar. Em pesquisa Ibope, o tucano aparece atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com 20%, Marina (Rede), que tem 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%. Embora Haddad tenha 4%, 13% dos entrevistados afirmaram que votariam no ex-prefeito de São Paulo "com certeza" se Lula ficar fora.
"A propaganda eleitoral sinaliza muita coisa e vai fornecer novos elementos sobre o possível apoio que ainda o Alckmin pode ter do mercado. Hoje, o candidato deixa claro, por exemplo, que vai manter as privatizações. Por enquanto, o candidato do mercado é o Alckmin", diz a analista.
Bolsonaro, claramente, não agrada o setor financeiro. "Eles têm muito medo da instabilidade, da imprevisibilidade de um candidato que não deixa muito claro o que pensa. Nos debates, Alckmin está estrategicamente tentando chegar ao eleitorado de Bolsonaro, de extrema direita, e se mantendo à direita. Não faz nenhuma sinalização à centro-esquerda", observa a professora. "Já Bolsonaro tem sido extremamente reticente e mostra que não tem conhecimento de economia."
Para ela, o potencial de crescimento de Alckmin é grande e ele ainda deve subir nas pesquisas. "Não é pouca coisa o que ele tem, quando traz todos esses partidos do centrão mais à direita." O centrão é composto por PP, PR, PTB, PPS, DEM, PRB, SD e PSD.
Fernando Haddad tem dito repetidas vezes que Bolsonaro e Alckmin no segundo turno é um cenário no mínimo improvável. O ex-prefeito de São Paulo acredita que, para Alckmin subir, Bolsonaro tem necessariamente que cair nas intenções de voto. "Alckmin vai se sair muito mal se não conseguir levar o eleitorado do Bolsonaro", diz Maria do Socorro.
Se, apesar do apoio do chamado Centrão e do setor financeiro, Alckmin continuar patinando, o mercado tenderia a se voltar para a candidata da Rede. "Mas Marina teria de flexibilizar suas propostas sobre sustentabilidade, as quais aliás, não deixa muito claras. Ela precisaria ir para a centro-direita para ser mais palatável, já que Meirelles não tem condições de subir."
Para Maria do Socorro, um dos motivos pelos quais o cenário continua imprevisível é que uma parte considerável do eleitorado de classe média baixa que vota em Lula votaria em Bolsonaro. "De certa forma, parte desse público foi às ruas em 2013, 'contra a corrupção', a falta de políticas públicas, de saúde, educação e mobilidade urbana."
Esse eleitorado, explica a professora da Ufscar, é formado por um "público mais volátil". "Isso é pernicioso, porque se ele avalia que Bolsonaro é o melhor candidato para voltar ao antigo padrão ou melhorar as políticas nacionais, ele está muito enganado. Mas quando começar o horário eleitoral e esse eleitorado pensar em quem está realmente votando, a tendência é não manter seu voto em Bolsonaro e ele desidratar", acredita.
Para Maria do Socorro, na atual conjuntura o PT "vai ter que trabalhar muito a passagem do Lula para o Haddad, se Lula não puder ser candidato". "O eleitor petista e lulista vai votar em Haddad de qualquer jeito. Mas só esse campo não é suficiente. O segmento que ultrapassa o eleitorado do PT não é partidário, não é militante, não é filiado, não tem a tradição de fazer campanha para partidos. É mais difícil chegar a esse eleitor", avalia. Na opinião da professora, quanto mais cedo o PT se definir por Haddad, mais chances ele terá de ir ao segundo turno.
Na pesquisa Ibope, 14% dos pesquisados disseram que "poderiam votar" em Haddad.
O problema, para o mercado, é que ele próprio ainda não está seguro de que as candidaturas nas quais poderia apostar têm fôlego para chegar ao segundo turno. Aposta do momento, Alckmin continua com grande dificuldade para decolar.
Mesmo num cenário sem Lula, o ex-governador de São Paulo patina nos 7%, em quarto lugar. Em pesquisa Ibope, o tucano aparece atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com 20%, Marina (Rede), que tem 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%. Embora Haddad tenha 4%, 13% dos entrevistados afirmaram que votariam no ex-prefeito de São Paulo "com certeza" se Lula ficar fora.
"A propaganda eleitoral sinaliza muita coisa e vai fornecer novos elementos sobre o possível apoio que ainda o Alckmin pode ter do mercado. Hoje, o candidato deixa claro, por exemplo, que vai manter as privatizações. Por enquanto, o candidato do mercado é o Alckmin", diz a analista.
Bolsonaro, claramente, não agrada o setor financeiro. "Eles têm muito medo da instabilidade, da imprevisibilidade de um candidato que não deixa muito claro o que pensa. Nos debates, Alckmin está estrategicamente tentando chegar ao eleitorado de Bolsonaro, de extrema direita, e se mantendo à direita. Não faz nenhuma sinalização à centro-esquerda", observa a professora. "Já Bolsonaro tem sido extremamente reticente e mostra que não tem conhecimento de economia."
Para ela, o potencial de crescimento de Alckmin é grande e ele ainda deve subir nas pesquisas. "Não é pouca coisa o que ele tem, quando traz todos esses partidos do centrão mais à direita." O centrão é composto por PP, PR, PTB, PPS, DEM, PRB, SD e PSD.
Fernando Haddad tem dito repetidas vezes que Bolsonaro e Alckmin no segundo turno é um cenário no mínimo improvável. O ex-prefeito de São Paulo acredita que, para Alckmin subir, Bolsonaro tem necessariamente que cair nas intenções de voto. "Alckmin vai se sair muito mal se não conseguir levar o eleitorado do Bolsonaro", diz Maria do Socorro.
Se, apesar do apoio do chamado Centrão e do setor financeiro, Alckmin continuar patinando, o mercado tenderia a se voltar para a candidata da Rede. "Mas Marina teria de flexibilizar suas propostas sobre sustentabilidade, as quais aliás, não deixa muito claras. Ela precisaria ir para a centro-direita para ser mais palatável, já que Meirelles não tem condições de subir."
Para Maria do Socorro, um dos motivos pelos quais o cenário continua imprevisível é que uma parte considerável do eleitorado de classe média baixa que vota em Lula votaria em Bolsonaro. "De certa forma, parte desse público foi às ruas em 2013, 'contra a corrupção', a falta de políticas públicas, de saúde, educação e mobilidade urbana."
Esse eleitorado, explica a professora da Ufscar, é formado por um "público mais volátil". "Isso é pernicioso, porque se ele avalia que Bolsonaro é o melhor candidato para voltar ao antigo padrão ou melhorar as políticas nacionais, ele está muito enganado. Mas quando começar o horário eleitoral e esse eleitorado pensar em quem está realmente votando, a tendência é não manter seu voto em Bolsonaro e ele desidratar", acredita.
Para Maria do Socorro, na atual conjuntura o PT "vai ter que trabalhar muito a passagem do Lula para o Haddad, se Lula não puder ser candidato". "O eleitor petista e lulista vai votar em Haddad de qualquer jeito. Mas só esse campo não é suficiente. O segmento que ultrapassa o eleitorado do PT não é partidário, não é militante, não é filiado, não tem a tradição de fazer campanha para partidos. É mais difícil chegar a esse eleitor", avalia. Na opinião da professora, quanto mais cedo o PT se definir por Haddad, mais chances ele terá de ir ao segundo turno.
Na pesquisa Ibope, 14% dos pesquisados disseram que "poderiam votar" em Haddad.
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