Por Benedito Tadeu César
Basta fazer um retrospecto histórico para constatar que nunca um candidato "liberal" ganhou uma eleição presidencial no Brasil apresentando um claro programa de políticas liberais.
Nem o general Eurico Gaspar Dutra, que era “liberal”, mas que se elegeu porque recebeu o apoio de Vargas contra o brigadeiro Eduardo Gomes, que era ainda mais “liberal”.
Nem Jânio Quadros, que se elegeu com a proposta do combate à corrupção, tendo a vassoura como símbolo.
Nem Sarney, que não se elegeu nem indiretamente e só assumiu em decorrência da morte de Tancredo Neves.
Nem Collor de Mello, que também se elegeu com a proposta do combate à corrupção e com a promessa de "caça aos Marajás".
Nem FHC, que se elegeu e se reelegeu em decorrência do Plano Real.
Nas eleições deste ano, todos os candidatos de direita têm a mesma proposta e o mesmo discurso: privatizar, "austerizar" o orçamento e combater a "corrupção".
Nenhum deles poderá esconder suas propostas “liberais”.
Minha avaliação é a de que eles queimaram a munição antes do tempo.
A retomada do crescimento econômico prometida para após o golpe não veio, o desemprego aumentou, o combate à corrupção já não entusiasma tanto, o PT se recompôs e aumentou sua militância e filiações e Lula cresceu, nas intenções de voto, mesmo preso.
As direitas e o “centrão” farão tudo para vencer e culparão Lula e o PT por todos os males do Brasil.
Claro que o povo pode ser enganado e manipulado, mas "o povo não é bobo" (como sabe a rede globo) e sabe onde o sapato lhe aperta.
Teremos uma eleição dura e desleal, mas as chances da chapa triplex Lula-Haddad-Manu são reais.
É muito difícil fazer qualquer prognóstico sobre o que irá acontecer com o Brasil depois das eleições deste ano.
Tudo indica que a chapa Lula-Haddad-Manu irá ao segundo turno.
Se esta chapa ganhar a eleição, o que é muito provável que ocorra, mesmo com a união de toda a direita e do "centro", mais a pressão da grande mídia corporativa e as montanhas de dinheiro que "azelites" gastarão para criminalizar a chapa triplex, confundir e intimidar o povo, não consigo antever qual será a reação dos reacionários.
Darão o golpe definitivo?
Matarão Lula?
Depois das eleições de 1966, dois anos após o golpe de abril de 1964 que implantou a ditadura militar (1964/1985), os golpistas foram derrotados nos principais estados do país, nos quais foram eleitos políticos contrários ao golpe.
A reação foi a eliminação dos partidos políticos, que foram proibidos e substituídos pelos partidos do Sim (a Arena que depois se tornou PDS e que agora é o PP) e pelo partido do Sim, Senhor (MDB, que já foi PMDB e voltou a ser o MDB de hoje).
Foram também suprimidas as eleições diretas para os governos estaduais e para as prefeituras de capitais e áreas de "segurança nacional", além das estâncias hidrominerais.
Somente 16 anos depois, em 1982, é que ocorreram novamente eleições diretas para esses governos. As eleições presidenciais diretas só ocorreram em 1989.
Agora, o golpe não é militar, mas é jurídico-parlamentar-midiático, com o "judissiário" e o mp comandando o circo.
O que eles farão, quando a derrota for consumada?
Usarão a força bruta ou se submeterão à vontade popular?
Eu, de minha parte, estou convencido que temos que pagar para ver, pois esta é a única possibilidade de recuperarmos o país, de voltar a esperança de crescimento, de emprego e de desenvolvimento com inserção social e bem-estar coletivo.
* Benedito Tadeu César é cientista político, professor da UFRGS (aposentado), integrante das coordenações do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, do Comitê Gaúcho do Projeto Brasil-Nação e do M3D - Movimento Democracia, Diálogo e Diversidade.
Basta fazer um retrospecto histórico para constatar que nunca um candidato "liberal" ganhou uma eleição presidencial no Brasil apresentando um claro programa de políticas liberais.
Nem o general Eurico Gaspar Dutra, que era “liberal”, mas que se elegeu porque recebeu o apoio de Vargas contra o brigadeiro Eduardo Gomes, que era ainda mais “liberal”.
Nem Jânio Quadros, que se elegeu com a proposta do combate à corrupção, tendo a vassoura como símbolo.
Nem Sarney, que não se elegeu nem indiretamente e só assumiu em decorrência da morte de Tancredo Neves.
Nem Collor de Mello, que também se elegeu com a proposta do combate à corrupção e com a promessa de "caça aos Marajás".
Nem FHC, que se elegeu e se reelegeu em decorrência do Plano Real.
Nas eleições deste ano, todos os candidatos de direita têm a mesma proposta e o mesmo discurso: privatizar, "austerizar" o orçamento e combater a "corrupção".
Nenhum deles poderá esconder suas propostas “liberais”.
Minha avaliação é a de que eles queimaram a munição antes do tempo.
A retomada do crescimento econômico prometida para após o golpe não veio, o desemprego aumentou, o combate à corrupção já não entusiasma tanto, o PT se recompôs e aumentou sua militância e filiações e Lula cresceu, nas intenções de voto, mesmo preso.
As direitas e o “centrão” farão tudo para vencer e culparão Lula e o PT por todos os males do Brasil.
Claro que o povo pode ser enganado e manipulado, mas "o povo não é bobo" (como sabe a rede globo) e sabe onde o sapato lhe aperta.
Teremos uma eleição dura e desleal, mas as chances da chapa triplex Lula-Haddad-Manu são reais.
É muito difícil fazer qualquer prognóstico sobre o que irá acontecer com o Brasil depois das eleições deste ano.
Tudo indica que a chapa Lula-Haddad-Manu irá ao segundo turno.
Se esta chapa ganhar a eleição, o que é muito provável que ocorra, mesmo com a união de toda a direita e do "centro", mais a pressão da grande mídia corporativa e as montanhas de dinheiro que "azelites" gastarão para criminalizar a chapa triplex, confundir e intimidar o povo, não consigo antever qual será a reação dos reacionários.
Darão o golpe definitivo?
Matarão Lula?
Depois das eleições de 1966, dois anos após o golpe de abril de 1964 que implantou a ditadura militar (1964/1985), os golpistas foram derrotados nos principais estados do país, nos quais foram eleitos políticos contrários ao golpe.
A reação foi a eliminação dos partidos políticos, que foram proibidos e substituídos pelos partidos do Sim (a Arena que depois se tornou PDS e que agora é o PP) e pelo partido do Sim, Senhor (MDB, que já foi PMDB e voltou a ser o MDB de hoje).
Foram também suprimidas as eleições diretas para os governos estaduais e para as prefeituras de capitais e áreas de "segurança nacional", além das estâncias hidrominerais.
Somente 16 anos depois, em 1982, é que ocorreram novamente eleições diretas para esses governos. As eleições presidenciais diretas só ocorreram em 1989.
Agora, o golpe não é militar, mas é jurídico-parlamentar-midiático, com o "judissiário" e o mp comandando o circo.
O que eles farão, quando a derrota for consumada?
Usarão a força bruta ou se submeterão à vontade popular?
Eu, de minha parte, estou convencido que temos que pagar para ver, pois esta é a única possibilidade de recuperarmos o país, de voltar a esperança de crescimento, de emprego e de desenvolvimento com inserção social e bem-estar coletivo.
* Benedito Tadeu César é cientista político, professor da UFRGS (aposentado), integrante das coordenações do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, do Comitê Gaúcho do Projeto Brasil-Nação e do M3D - Movimento Democracia, Diálogo e Diversidade.
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