Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Agora que a Veja está morrendo, preocupa-me que a Folha esteja assumindo o chamado “jornalismo Chico Xavier”, onde o repórter não se limita a escrever sobre fatos revelados por “fontes” – em geral personagens de segundo plano, que querem ficar “amiguinhos” de jornalistas – e passa a psicografar pensamentos dos personagens-vítimas das histórias a serem contadas.
Nada contra o jornalismo com opinião e até com paixões confessadas – não só o pratico como acho um ato de honestidade com o leitor – mas eu não sou, confesso, capaz de saber o que Aécio Neves anda pensando com seus botões nem o que Alckmin conversa com Dona Lu.
Hoje há uma matéria sobre como Fernando Haddad “abandona perfil de professor e mergulha no PT“.
O que seria “um perfil de professor”? Não-militante? Será que a Folha aderiu ao “Escola Sem Partido”?.
E, logo em seguida, escrutina em detalhes o pensamento íntimo de Lula:
A preferência não era por ele. Nunca foi. Luiz Inácio Lula da Silva queria que Jaques Wagner assumisse seu lugar de candidato do PT ao Planalto quando a Justiça Eleitoral o declarasse inelegível.
Sinceramente, é algo de fazer inveja a diagnóstico de analista.
Alguém imagina que Lula fosse dizer: “ô, companheiro, num quero esse Haddad, não“?
Porque Haddad está sendo citado como o tal “Plano B” de Lula há exato um ano, desde quando a sentença de Sérgio Moro abriu a possibilidade – confirmada – de manobras que impedissem o ex-presidente de ser candidato, como registrava o El País:
Lula tem demonstrado estar pensando no assunto. E, ao que sinaliza, seu favorito é o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad. “O Haddad pode ser uma personalidade importante se ele se dispuser a correr o Brasil. Já falei para o Haddad: você tem que botar o pé na estrada, falar da educação, falar do que você fez na educação”, afirmou Lula, em uma entrevista no dia 20 de julho. A fala do ex-presidente ocorreu poucos dias depois que ele publicou uma foto em sua página oficial no Facebook na qual aparece ao lado de Haddad. O texto que acompanha a imagem recorda do dia em que seu então ministro tomou posse no ministério da Educação. E enaltece seus feitos no cargo.
A reportagem atribui dotes maquiavélicos a Haddad, descrevendo atos e artimanhas que teria feito para envolver o ex-presidente – um ingênuo, como se sabe, não é? – até tomar o lugar do suposto “preferido” Jaques Wagner que, curiosamente, vinha sinalizando há meses ter pretensões eleitorais em seu estado.
(…) criou pontes com dirigentes da base, como o ex-presidente do PT Rui Falcão, o atual tesoureiro Emidio de Souza e o antigo chefe das finanças Márcio Macêdo.
(…) aproximava-se de amigos pessoais de Lula, como Paulo Okamotto, presidente do instituto que leva o nome do petista, e o advogado Sigmaringa Seixas.
O homem é uma víbora!
Quanto a Jaques Wagner, não parece óbvio que, alguém que pretendesse ser “o candidato do Lula” não sairia, é claro, admitindo que o PT poderia indicar “o vice do Ciro”?.
Será que se esquecem de que Lula foi o principal artífice da indicação de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2002?
Haddad precisa ter a capacidade de não escorregar nas cascas de banana de ego que irão lançar à sua frente. Não resisto a usar a forma que Leonel Brizola empregaria: “vão lhe fazer bilu-bilu para ver se ele entrega a rapadura”.
Tem de deixar de lado a vaidade e dizer que “é do Lula”, haja o que houver.
Esta é a razão essencial da escolha de Haddad.
O resto é psicografia.
Agora que a Veja está morrendo, preocupa-me que a Folha esteja assumindo o chamado “jornalismo Chico Xavier”, onde o repórter não se limita a escrever sobre fatos revelados por “fontes” – em geral personagens de segundo plano, que querem ficar “amiguinhos” de jornalistas – e passa a psicografar pensamentos dos personagens-vítimas das histórias a serem contadas.
Nada contra o jornalismo com opinião e até com paixões confessadas – não só o pratico como acho um ato de honestidade com o leitor – mas eu não sou, confesso, capaz de saber o que Aécio Neves anda pensando com seus botões nem o que Alckmin conversa com Dona Lu.
Hoje há uma matéria sobre como Fernando Haddad “abandona perfil de professor e mergulha no PT“.
O que seria “um perfil de professor”? Não-militante? Será que a Folha aderiu ao “Escola Sem Partido”?.
E, logo em seguida, escrutina em detalhes o pensamento íntimo de Lula:
A preferência não era por ele. Nunca foi. Luiz Inácio Lula da Silva queria que Jaques Wagner assumisse seu lugar de candidato do PT ao Planalto quando a Justiça Eleitoral o declarasse inelegível.
Sinceramente, é algo de fazer inveja a diagnóstico de analista.
Alguém imagina que Lula fosse dizer: “ô, companheiro, num quero esse Haddad, não“?
Porque Haddad está sendo citado como o tal “Plano B” de Lula há exato um ano, desde quando a sentença de Sérgio Moro abriu a possibilidade – confirmada – de manobras que impedissem o ex-presidente de ser candidato, como registrava o El País:
Lula tem demonstrado estar pensando no assunto. E, ao que sinaliza, seu favorito é o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad. “O Haddad pode ser uma personalidade importante se ele se dispuser a correr o Brasil. Já falei para o Haddad: você tem que botar o pé na estrada, falar da educação, falar do que você fez na educação”, afirmou Lula, em uma entrevista no dia 20 de julho. A fala do ex-presidente ocorreu poucos dias depois que ele publicou uma foto em sua página oficial no Facebook na qual aparece ao lado de Haddad. O texto que acompanha a imagem recorda do dia em que seu então ministro tomou posse no ministério da Educação. E enaltece seus feitos no cargo.
A reportagem atribui dotes maquiavélicos a Haddad, descrevendo atos e artimanhas que teria feito para envolver o ex-presidente – um ingênuo, como se sabe, não é? – até tomar o lugar do suposto “preferido” Jaques Wagner que, curiosamente, vinha sinalizando há meses ter pretensões eleitorais em seu estado.
(…) criou pontes com dirigentes da base, como o ex-presidente do PT Rui Falcão, o atual tesoureiro Emidio de Souza e o antigo chefe das finanças Márcio Macêdo.
(…) aproximava-se de amigos pessoais de Lula, como Paulo Okamotto, presidente do instituto que leva o nome do petista, e o advogado Sigmaringa Seixas.
O homem é uma víbora!
Quanto a Jaques Wagner, não parece óbvio que, alguém que pretendesse ser “o candidato do Lula” não sairia, é claro, admitindo que o PT poderia indicar “o vice do Ciro”?.
Será que se esquecem de que Lula foi o principal artífice da indicação de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2002?
Haddad precisa ter a capacidade de não escorregar nas cascas de banana de ego que irão lançar à sua frente. Não resisto a usar a forma que Leonel Brizola empregaria: “vão lhe fazer bilu-bilu para ver se ele entrega a rapadura”.
Tem de deixar de lado a vaidade e dizer que “é do Lula”, haja o que houver.
Esta é a razão essencial da escolha de Haddad.
O resto é psicografia.
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