segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Uma nova religião: o antipetismo

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Vocês já repararam como ultimamente estão pipocando milhões de “cidadãos de bem”, assim autointitulados, em todas as redes sociais?

Se realmente eles fossem tantos e tão do bem assim, certamente não teríamos tantos cidadãos sonegadores, intolerantes, seguidores de bolsonaros, idiotas que perderam a modéstia, pequenos e grandes canalhas que vivem de esculhambar os outros, colocando-se acima do bem e do mal.

Por uma estranha (ou nem tão estranha assim) coincidência, são em sua grande maioria antipetistas furiosos, que fizeram de Lula o alvo da sua ira impotente, o inimigo a ser atacado, permanentemente, por todas as formas e meios.

Por que será?

São os mesmos que reclamam do dinheiro gasto com o Bolsa Família e acham lindos os lucros estratosféricos dos bancos, os maiores e sem igual no mundo (em alguma coisa, pelo menos, somos os maiores do mundo).

Não chegam a defender o governo Temer, mas garantem que com Dilma seria pior.

Outra característica comum é que são tucanos enrustidos que votaram em Aécio, que juram a inocência de Alckmin e Serra, catões da moral alheia, pobres coitados que encontraram nas redes sociais um jeito de avisar que ainda estão vivos.

Acusam o PT de ter virado uma seita porque Lula continua liderando as pesquisas presidenciais, mesmo preso há quatro meses em Curitiba, e nem percebem que criaram uma outra religião: o antipetismo.

Por isso, no Tucanistão em transe, eles já optaram pelos dois maiores cruzados antipetistas: Bolsonaro, para presidente, e João Doria, para governador - o capitão que escapou do Exército e o gestor bufão que fugiu da prefeitura de São Paulo com apenas 15 meses de mandato.

Isso explica porque Geraldo Alckmin não consegue subir nas pesquisas nem em São Paulo, onde foi governador por quatro mandatos, ficando atrás de Lula e Bolsonaro.

Mas eles nem fazem muita questão que seus candidatos sejam vitoriosos.

A felicidade deles é ver o PT perder, curtem aquilo que os alemães chamam de schadenfreude, a alegria de ver a derrota dos outros.

Não se trata de ideologia, mas de alguma psicopatia ainda não estudada de gente que divide o mundo entre os “cidadãos de bem” (eles) e os “agentes do mal” (todos os outros).

A cada campanha eleitoral, desde que perderam as últimas quatro eleições presidenciais, eles se tornam mais furibundos, inconformados e melancólicos.

Fazem de suas próprias casas os templos desta seita que é só anti alguma coisa, não é a favor de nada.

Em geral, vivem enterrados em seu passado inglório, abominando a Lei Áurea, os direitos trabalhistas, as cotas para as universidades, os defensores de direitos humanos e todas as conquistas civilizatórias das últimas décadas.

Para eles, até a ONU agora é um antro de comunistas, dominada pelos vermelhos.

Não se comovem com a pobreza, mas combatem as lutas dos pobres em geral que sonham em viver numa sociedade mais justa e fraterna.

Como aquele personagem do deputado bufão da “Praça É Nossa”, querem mais é que o povo exploda.

São conservadores nos costumes, reacionários convictos, e pensam como os ricos, mas apenas pensam.

Sorrateiramente, proliferam em todos os cantos. O caro leitor ou leitora certamente sabe de quem estou falando, conhece bem estes tipos.

Quem são, onde vivem, como se reproduzem os “cidadãos de bem”?

Escrevam para o Balaio retratando alguns destes personagens loucos para sair do anonimato.

Bom domingo a todos.

Vida que segue.

2 comentários:

  1. É O CASO DO CARLOS ALBERTO FAKENBERG

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  2. o tal deputado bufão ficiticio não é do "A praça é nossa". o que dizia querer que "pobre se exploda" era Justo Veríssimo, personagem do Chico Anysio.

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