sábado, 22 de setembro de 2018

A morte do PSDB e sua herança maldita

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A historiadora Céli Pinto, em artigo no Sul 21, escreve uma afirmação terrível.

Quando pesquisas apontam que o eleitor preferencial de Bolsonaro é homem com mais de 40 anos e nível superior, estamos frente a ex-eleitores de FHC, Serra, Alckmin e Aécio. Bolsonaro é o presente do PSDB para o Brasil.

Infelizmente, é a verdade.

O partido que se originou de uma ideia de “social-democracia”, porém, sempre se mostrou pouco disposto a ser isso, desde o nascedouro.

O primeiro documento que produziu foi o “Choque de Capitalismo”, plataforma da campanha de Mário Covas à Presidência, em 1989.

Uma visão “modernizadora” da economia que sempre foi, afinal, a da capitulação colonial de um país que, apesar de todos os infortúnios que sofreu no pós-64, jamais teve a capacidade de livrar-se da ideia de afirmação nacional pela inclusão de seu povo trazida da “Era Vargas”.

Até a sua vertente trabalhista, o PT, iludiu-se com isso e validou a “abertura dos portos” ao capital.

Não à toa Fernando Henrique Cardoso, ao tomar posse, no primeiro dia de 1995, prometeu destruir esta “Era” maldita.

A “social-democracia” trocou o primeiro nome por “mercado”.

Trocou também de vitrines: de Covas virou FHC, o bajulador. Daí a Serra, o sabujo. Daí a Aécio, o aventureiro. Por fim, o burocrático Alckmin.

Agora, quer trocar o sobrenome para autoritarismo, em lugar de democracia.

E encontra a sua cara em Bolsonaro e sua argumentação no “tá OK?” que é seu bordão.

Pior do que ela, entretanto, é a geração que produziu.

Aqueles que a historiadora identifica.

Uma geração que caminhou, ao contrário da classe média dos anos 50 e 60, para o desconhecimento e inimizade com seu povo.

Que não produziu Chicos, Caetanos, Gilbertos Gil, como a da geração anterior havia produzido Villas-Lobos, Portinaris, Caymmis, Gracilianos.

A elite brasileira tornou-se infértil, medíocre ou pior: rastaquera.

Não é capaz de oferecer ao país nenhum projeto que não seja o autoritarismo: o tiro, a bala, a cadeia para os dissidentes, senão a morte por linchamento.

Seu projeto agora é um energúmeno, primário, grosseiro, uma crise anunciada, um retrocesso à barbárie que, embora anti-histórico, anda na moda.

Não dará certo, porque ainda estamos vivos. E o que eles são, no olhar dos tempos, mortos.

Ainda que zumbis.

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