quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A segunda onda Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Assim como no mercado de ações, as campanhas eleitorais são compostas por ondas sucessivas, influenciadas pelo fenômeno do “overshooting”.

Funciona assim:

1- Há uma valorização do ativo, quando se apresenta como novidade. Qualquer notícia positiva é superestimada.

2- Chega determinado momento que o mercado (de ações ou da opinião pública) julga que o ativo ficou caro. Segue-se um período de realização de lucros, em que o investidor (ou eleitor) reconsidera suas análises. Qualquer notícia negativa é superestimada, em um processo inverso ao do período anterior.

Segue-se uma corrida de venda, até que o ativo volta a ser considerado barato e desperte nova onda de compras – ou, então, vira pó.

A candidatura Bolsonaro cumpriu a etapa 1 do modelo. Houve um aumento em sua taxa de rejeição. Mas não houve queda nas intenções de votos. Nesse período, o fato novo foi seu desempenho nas sabatinas do Jornal Nacional com candidatos, nas quais ele foi o que melhor se saiu.

Nos anos em que acompanhava mercado, e nos anos em que acompanho política, aprendi a identificar sinais para saber quando os personagens políticos estão “comprados” (isto é, com o mercado aguardando sua valorização) ou “vendidos”.

Não é nada científico o método. É apenas uma prática de ouvir opiniões em diversos locais, pesar aquelas que podem estar se generalizando ou não. E o que se percebe, depois da primeira onda Bolsonaro, é a segunda onda.’

De um lado, do partido do “porque me ufano de ser ignorante”. Falha cada tentativa de mostrar o candidato como ignorante por dois motivos. Primeiro, pela identificação do eleitor com o personagem. Cada ataque à ignorância de Bolsonaro é um ataque pessoal a cada bolsominion.

O segundo grupo é o dos que querem ver o circo pegar fogo, não importa quem seja o piromaníaco. O Brasil institucional – os três poderes, partidos políticos, mais a rede Globo – falhou. Há um jogo oportunista de todos os lados, do Supremo ao mínimo poder, escancarando a hipocrisia do Brasil oficial.

Dizem os analistas que, com o horário gratuito, Bolsonaro será destruído.

Eles conhecem o mercado eleitoral. Se a base de comparação for o mercado de capitais, Bolsonaro continua sendo comprado. Em breve as pesquisas indicarão a segunda onda.

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