Por Marcelo Zero
A candidatura Bolsonaro sustenta-se somente em três sentimentos básicos: insegurança, ressentimento e ódio.
Associada a esses sentimentos, compreensíveis num ambiente de crise, não há qualquer proposta racional, para além das indagações ao Posto Ipiranga.
Simplesmente não há sequer um simples e primário programa de governo.
Tudo se resolveria com base na força, na eliminação dos mecanismos democráticos, na distribuição de armas e na restauração de um Brasil mítico, "puro" e desigual.
As propostas de Paulo Guedes são ridículas, de tão regressivas. Nem o "mercado" as leva a sério.
No fundo, o que essa candidatura oferece como perspectiva política é unicamente a eliminação dos que são percebidos como "inimigos internos", como negros, mulheres feministas, gays, petistas, esquerdistas, pobres vagabundos, quilombolas, índios e todos aqueles que não se enquadrariam no esquadro fascista dos "cidadãos de bem".
Não há futuro e construção, portanto. O que haveria é a destruição das dissidências e a volta a um mítico status quo ante, quando a sociedade escravagista, colonizada, desigual e machista não havia sido ainda questionada.
Dessa forma, a candidatura Bolsonaro é, ao mesmo tempo, uma patologia mental e política.
Não consegue projetar uma "memória do futuro", como assinalaria o neurocientista António Damásio, apenas é saudosista de um passado escravagista, preconceituoso, machista, colonizado e profundamente autoritário.
Ela é, na realidade, uma ode furiosa ao atraso em todos os campos. Um elogio à tortura como método político.
Um refúgio contra quaisquer mudanças, contra o risco de evoluir e ser feliz.
Contudo, candidaturas que não conseguem projetar futuro, que não oferecem esperanças concretas de melhoria, têm poucas chances de serem exitosas.
A ascensão de Hitler na República Weimar também esteve baseada na exploração da insegurança, do ressentimento e do ódio, numa Alemanha profundamente humilhada e em crise.
Não obstante, Hitler conseguiu oferecer ao alemães um programa e a visão de uma futura Alemanha grandiosa, embora falsa.
Bolsonaro e Mourão, o Ariano, não conseguem sequer fazer isso.
Apenas vomitam seu ódio e preconceito. É muito pouco. Um vácuo pleno de ódio continua sendo um vácuo.
Já a candidatura Haddad/Lula se baseia também em sentimentos básicos como tolerância, solidariedade, esperança e felicidade, emoções opostas às ofertadas pela candidatura do hitlerzinho tropical.
A diferença maior, contudo, refere-se ao fato de que a candidatura Haddad/Lula tem um sólido programa de governo e, por consequência, a capacidade de projetar uma "memória do futuro", como diria Damásio.
Um futuro melhor para todas e todos.
Nessa candidatura, não há dissociação entre razão e emoção, uma patologia mental e política. Elas estão casadas em propostas racionais consistentes e em escolhas motivadas por sentimentos claros e positivos.
Trata-se, portanto, de uma candidatura que projeta a visão e a possibilidade concreta, factível, de um Brasil feliz, integrado, justo e tolerante, no qual haja espaço para as cidadãs e os cidadãos de todos segmentos sociais.
Nela, não há inimigos internos a serem aniquilados.
Há brasileiras e brasileiros que precisam ser incluídos, sem distinção, no desenvolvimento econômico, social e político.
Ao contrário da candidatura Bolsonaro/Mourão, a candidatura Haddad/Manuela/Lula não pretende destruir nada ou eliminar ninguém.
Não é a antípoda extremada dos fascistas, é a moderação e a conciliação que podem anular o ódio destrutivo e divisor. É o verdadeiro centro democrático do país.
Entretanto, a patologia mental e democrática da candidatura Bolsonaro ameaça se estender ao mal denominado "centro político".
Ante a perspectiva muito provável de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, entre democracia e barbárie, parte desse "centro" já ameaça aderir à barbárie.
Explica-se: esse "centro", ou parte dele, é, na verdade, a origem e o epicentro do golpismo que destruiu o pacto democrático brasileiro e fez surgir o fascismo tupiniquim.
Bolsonaro, um obscuro e medíocre parlamentar, jamais teria sido alçado ao estrelato político sem a ação golpista e antidemocrática do PSDB, PMDB e de outros partidos autodefinidos como de "centro".
Bolsonaro é cria bastarda de Temer, Cunha, FHC, Aécio, Alckmin. Marina et caterva.
Assim, parte significativa desse "centro" é, há muito, uma direita extremada, que jogou na lata de lixo da história seus compromissos democráticos e civilizatórios.
Jogou na lata de lixo até mesmo seus compromissos internacionais com os direitos humanos, como comprovado no vergonhoso caso da decisão do Comitê dos Direitos Humanos da ONU, em relação a Lula.
Essa direita extremada, embora se veja como elite moderna, ponderada e cosmopolita, que pontifica sobre o Brasil desde a Avenue Foch, é, na realidade, uma oligarquia brucutu, tosca, que não hesita, quando necessário, em dar golpes de Estado, desestabilizar governos populares e aniquilar direitos políticos e sociais.
Ela tem em seu DNA a escravidão, a ditadura, o autoritarismo e a exclusão.
Portanto, o nosso autodenominado "centro" é, a bem da verdade, uma espécie de Bolsonaro envergonhado, um Mourão envernizado com discurso pretensamente sofisticado e técnico.
O perigo maior à democracia brasileira mora ali, nesse pretenso "centro" "sofisticado e técnico". O perigo mora no Judiciário e no ministério público partidarizados, que se desfizeram do republicanismo e dos seus compromissos maiores com os direitos garantias individuais assegurados na Constituição e nos tratados de direitos humanos.
O perigo maior mora na mídia oligárquica, principal responsável pelo ódio antipetista e antiesquerdista. que cevou os movimentos protofascistas do país e instaurou o Estado de exceção
O perigo maior mora num setor empresarial rentista e atrelado a interesses externos, que não dá a mínima para o bem-estar da maioria do povo, para a democracia e para a soberania nacional.
Bolsonaro, Mourão e a legião de acéfalos que os seguem, embora perigosos em si mesmos, são vistos como massa de manobra por algo mais sutilmente perverso.
Não obstante, o problema de uma junção de parte dessa direita com o fascismo bolsonarista reside na irracionalidade política desse último. O fascismo, exatamente por ser fascismo, saiu do controle.
A massa de manobra não é mais manobrável. Nem mesmo Bolsonaro e Mourão a controlam.
Na Alemanha, setores da burguesia se aliaram a Hitler na esperança de controlá-lo e, ao mesmo tempo, destruir os comunistas. Fracassaram. Hitler e seus seguidores fanáticos e violentos os engoliram.
Resta ver se esse "centro" se desfazerá de seu ridículo e injustificado ódio antipetista, que afeta até mesmo candidatos supostamente progressistas, e aderirá a algum grau de racionalidade política, ou se vai mergulhar na aventura irracional fascista, destruindo de vez a democracia brasileira, como parece ser o caso de alguns de seus expoentes.
O perigo maior está no "centro" escolher o ódio ao PT, em vez do amor ao Brasil.
Associada a esses sentimentos, compreensíveis num ambiente de crise, não há qualquer proposta racional, para além das indagações ao Posto Ipiranga.
Simplesmente não há sequer um simples e primário programa de governo.
Tudo se resolveria com base na força, na eliminação dos mecanismos democráticos, na distribuição de armas e na restauração de um Brasil mítico, "puro" e desigual.
As propostas de Paulo Guedes são ridículas, de tão regressivas. Nem o "mercado" as leva a sério.
No fundo, o que essa candidatura oferece como perspectiva política é unicamente a eliminação dos que são percebidos como "inimigos internos", como negros, mulheres feministas, gays, petistas, esquerdistas, pobres vagabundos, quilombolas, índios e todos aqueles que não se enquadrariam no esquadro fascista dos "cidadãos de bem".
Não há futuro e construção, portanto. O que haveria é a destruição das dissidências e a volta a um mítico status quo ante, quando a sociedade escravagista, colonizada, desigual e machista não havia sido ainda questionada.
Dessa forma, a candidatura Bolsonaro é, ao mesmo tempo, uma patologia mental e política.
Não consegue projetar uma "memória do futuro", como assinalaria o neurocientista António Damásio, apenas é saudosista de um passado escravagista, preconceituoso, machista, colonizado e profundamente autoritário.
Ela é, na realidade, uma ode furiosa ao atraso em todos os campos. Um elogio à tortura como método político.
Um refúgio contra quaisquer mudanças, contra o risco de evoluir e ser feliz.
Contudo, candidaturas que não conseguem projetar futuro, que não oferecem esperanças concretas de melhoria, têm poucas chances de serem exitosas.
A ascensão de Hitler na República Weimar também esteve baseada na exploração da insegurança, do ressentimento e do ódio, numa Alemanha profundamente humilhada e em crise.
Não obstante, Hitler conseguiu oferecer ao alemães um programa e a visão de uma futura Alemanha grandiosa, embora falsa.
Bolsonaro e Mourão, o Ariano, não conseguem sequer fazer isso.
Apenas vomitam seu ódio e preconceito. É muito pouco. Um vácuo pleno de ódio continua sendo um vácuo.
Já a candidatura Haddad/Lula se baseia também em sentimentos básicos como tolerância, solidariedade, esperança e felicidade, emoções opostas às ofertadas pela candidatura do hitlerzinho tropical.
A diferença maior, contudo, refere-se ao fato de que a candidatura Haddad/Lula tem um sólido programa de governo e, por consequência, a capacidade de projetar uma "memória do futuro", como diria Damásio.
Um futuro melhor para todas e todos.
Nessa candidatura, não há dissociação entre razão e emoção, uma patologia mental e política. Elas estão casadas em propostas racionais consistentes e em escolhas motivadas por sentimentos claros e positivos.
Trata-se, portanto, de uma candidatura que projeta a visão e a possibilidade concreta, factível, de um Brasil feliz, integrado, justo e tolerante, no qual haja espaço para as cidadãs e os cidadãos de todos segmentos sociais.
Nela, não há inimigos internos a serem aniquilados.
Há brasileiras e brasileiros que precisam ser incluídos, sem distinção, no desenvolvimento econômico, social e político.
Ao contrário da candidatura Bolsonaro/Mourão, a candidatura Haddad/Manuela/Lula não pretende destruir nada ou eliminar ninguém.
Não é a antípoda extremada dos fascistas, é a moderação e a conciliação que podem anular o ódio destrutivo e divisor. É o verdadeiro centro democrático do país.
Entretanto, a patologia mental e democrática da candidatura Bolsonaro ameaça se estender ao mal denominado "centro político".
Ante a perspectiva muito provável de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, entre democracia e barbárie, parte desse "centro" já ameaça aderir à barbárie.
Explica-se: esse "centro", ou parte dele, é, na verdade, a origem e o epicentro do golpismo que destruiu o pacto democrático brasileiro e fez surgir o fascismo tupiniquim.
Bolsonaro, um obscuro e medíocre parlamentar, jamais teria sido alçado ao estrelato político sem a ação golpista e antidemocrática do PSDB, PMDB e de outros partidos autodefinidos como de "centro".
Bolsonaro é cria bastarda de Temer, Cunha, FHC, Aécio, Alckmin. Marina et caterva.
Assim, parte significativa desse "centro" é, há muito, uma direita extremada, que jogou na lata de lixo da história seus compromissos democráticos e civilizatórios.
Jogou na lata de lixo até mesmo seus compromissos internacionais com os direitos humanos, como comprovado no vergonhoso caso da decisão do Comitê dos Direitos Humanos da ONU, em relação a Lula.
Essa direita extremada, embora se veja como elite moderna, ponderada e cosmopolita, que pontifica sobre o Brasil desde a Avenue Foch, é, na realidade, uma oligarquia brucutu, tosca, que não hesita, quando necessário, em dar golpes de Estado, desestabilizar governos populares e aniquilar direitos políticos e sociais.
Ela tem em seu DNA a escravidão, a ditadura, o autoritarismo e a exclusão.
Portanto, o nosso autodenominado "centro" é, a bem da verdade, uma espécie de Bolsonaro envergonhado, um Mourão envernizado com discurso pretensamente sofisticado e técnico.
O perigo maior à democracia brasileira mora ali, nesse pretenso "centro" "sofisticado e técnico". O perigo mora no Judiciário e no ministério público partidarizados, que se desfizeram do republicanismo e dos seus compromissos maiores com os direitos garantias individuais assegurados na Constituição e nos tratados de direitos humanos.
O perigo maior mora na mídia oligárquica, principal responsável pelo ódio antipetista e antiesquerdista. que cevou os movimentos protofascistas do país e instaurou o Estado de exceção
O perigo maior mora num setor empresarial rentista e atrelado a interesses externos, que não dá a mínima para o bem-estar da maioria do povo, para a democracia e para a soberania nacional.
Bolsonaro, Mourão e a legião de acéfalos que os seguem, embora perigosos em si mesmos, são vistos como massa de manobra por algo mais sutilmente perverso.
Não obstante, o problema de uma junção de parte dessa direita com o fascismo bolsonarista reside na irracionalidade política desse último. O fascismo, exatamente por ser fascismo, saiu do controle.
A massa de manobra não é mais manobrável. Nem mesmo Bolsonaro e Mourão a controlam.
Na Alemanha, setores da burguesia se aliaram a Hitler na esperança de controlá-lo e, ao mesmo tempo, destruir os comunistas. Fracassaram. Hitler e seus seguidores fanáticos e violentos os engoliram.
Resta ver se esse "centro" se desfazerá de seu ridículo e injustificado ódio antipetista, que afeta até mesmo candidatos supostamente progressistas, e aderirá a algum grau de racionalidade política, ou se vai mergulhar na aventura irracional fascista, destruindo de vez a democracia brasileira, como parece ser o caso de alguns de seus expoentes.
O perigo maior está no "centro" escolher o ódio ao PT, em vez do amor ao Brasil.
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