Por Jonatas Campos, no jornal Brasil de Fato:
Para um candidato que detém metade do tempo de propaganda eleitoral gratuita, mas que amarga índices de intenção de votos abaixo dos dois dígitos, o risco de apelar usando seu farto tempo de TV é grande. E é o que Geraldo Alckmin faz: usa o tema da “Venezuela” para assustar os eleitores.
Não é a primeira vez que o partido usa deste tipo de jogo baixo. Em 2002, a campanha de José Serra (PSDB) colocou na TV a atriz global Regina Duarte dizendo uma frase que se tornou célebre:
“Eu tenho medo”, disse a atriz global, sobre o temor de Lula realizar um governo radical.
Voltando às eleições de 2018. O programa da última quinta (20) veio com verdadeiras pitadas de psicopatia, misturando uma entrevista de Bolsonaro de 1999 elogiando o ex-presidente do país caribenho, Hugo Chávez, com uma declaração de Lula de 2012, em apoio à sua reeleição. A ligação entre os dois casos é anacrônica e sem sentido.
Bolsonaro, por exemplo, desprovido de limites verbais, viu em Chávez um novo Pinochet, o que não se concretizou. Já Lula apoiava a reeleição de um líder da América Latina que estava no auge de sua carreira, com projeção internacional e dando lições de democracia em seu país, comprovadas por organismos internacionais.
Mas na guerra eleitoral, a verdade é a primeira vítima. Se tivesse ouvido o sociólogo de seu partido, Fernando Henrique Cardoso, que conheceu a perversa história do "desenvolvimento" venezuelano, talvez mudasse de ideia ao afirmar que o país era quase um paraíso na terra antes de Chávez.
FHC teria lembrado aos marqueteiros de Alckmin das análises de um dos maiores intelectuais do Brasil, Celso Furtado. Para ele, a supermodernidade venezuelana sempre teve como contrapartida uma miséria extrema, com espectadores invejosos comendo as migalhas do dinheiro do petróleo. A diferença é que na era Chávez esses invejosos tiveram vez.
O país, detentor das maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo e que exporta esse "ouro negro" desde a década de 1920, sempre teve a imensa maioria do seu povo pobre à margem do desenvolvimento.
Mas marqueteiro não lê livro de história. Ao mesmo tempo em que veste a máscara do elitismo e do conservadorismo, o PSDB também se auto-denuncia em seu próprio guia eleitoral. Ao comparar uma Venezuela de 1998 com o Brasil de 2018, confirma que o impeachment, que teve apoio essencial dos tucanos, fez o Brasil regredir 20 anos.
Tecnicamente, é possível dizer que a pobreza, a violência e a corrupção diminuíram nos governos de Chávez. Não é que país virou um paraíso. Isso também não nega que a situação dos últimos quatro anos se deteriorou radicalmente, mas dados da ONU, do Instituto Carter e outras instituições internacionais comprovam que a fome e o analfabetismo foram combatidos como nunca no país e as eleições tornaram-se mais transparentes e seguras.
Por fim, atribui a Fernando Haddad, até chamado de "tranquilão", o extremismo de Bolsonaro. O que é um exagero. Claro que o programa eleitoral do PSDB fala do "PT" como um bicho-papão radical. No entanto, o candidato do PT é professor, com fala mansa e perfil completamente distinto do candidato do PSL.
Figurões do colunismo político, como Vera Magalhães e Merval Pereira, já repetem com insistência a tese de que o meio (Geraldo) é melhor que os extremos. Mas é difícil, em 15 dias, colar em Haddad a pecha de radical, para colocá-lo no outro pólo da insensatez de Bolsonaro.
Se o ódio de nossa elite do atraso e das parcelas golpistas do judiciário não conseguirem "destruir" o candidato do PT em 15 dias, ele estará no segundo turno para enfrentar Jair Bolsonaro. Na segunda rodada, as coisas ficarão mais claras.
Não é a primeira vez que o partido usa deste tipo de jogo baixo. Em 2002, a campanha de José Serra (PSDB) colocou na TV a atriz global Regina Duarte dizendo uma frase que se tornou célebre:
“Eu tenho medo”, disse a atriz global, sobre o temor de Lula realizar um governo radical.
Voltando às eleições de 2018. O programa da última quinta (20) veio com verdadeiras pitadas de psicopatia, misturando uma entrevista de Bolsonaro de 1999 elogiando o ex-presidente do país caribenho, Hugo Chávez, com uma declaração de Lula de 2012, em apoio à sua reeleição. A ligação entre os dois casos é anacrônica e sem sentido.
Bolsonaro, por exemplo, desprovido de limites verbais, viu em Chávez um novo Pinochet, o que não se concretizou. Já Lula apoiava a reeleição de um líder da América Latina que estava no auge de sua carreira, com projeção internacional e dando lições de democracia em seu país, comprovadas por organismos internacionais.
Mas na guerra eleitoral, a verdade é a primeira vítima. Se tivesse ouvido o sociólogo de seu partido, Fernando Henrique Cardoso, que conheceu a perversa história do "desenvolvimento" venezuelano, talvez mudasse de ideia ao afirmar que o país era quase um paraíso na terra antes de Chávez.
FHC teria lembrado aos marqueteiros de Alckmin das análises de um dos maiores intelectuais do Brasil, Celso Furtado. Para ele, a supermodernidade venezuelana sempre teve como contrapartida uma miséria extrema, com espectadores invejosos comendo as migalhas do dinheiro do petróleo. A diferença é que na era Chávez esses invejosos tiveram vez.
O país, detentor das maiores reservas de petróleo comprovadas do mundo e que exporta esse "ouro negro" desde a década de 1920, sempre teve a imensa maioria do seu povo pobre à margem do desenvolvimento.
Mas marqueteiro não lê livro de história. Ao mesmo tempo em que veste a máscara do elitismo e do conservadorismo, o PSDB também se auto-denuncia em seu próprio guia eleitoral. Ao comparar uma Venezuela de 1998 com o Brasil de 2018, confirma que o impeachment, que teve apoio essencial dos tucanos, fez o Brasil regredir 20 anos.
Tecnicamente, é possível dizer que a pobreza, a violência e a corrupção diminuíram nos governos de Chávez. Não é que país virou um paraíso. Isso também não nega que a situação dos últimos quatro anos se deteriorou radicalmente, mas dados da ONU, do Instituto Carter e outras instituições internacionais comprovam que a fome e o analfabetismo foram combatidos como nunca no país e as eleições tornaram-se mais transparentes e seguras.
Por fim, atribui a Fernando Haddad, até chamado de "tranquilão", o extremismo de Bolsonaro. O que é um exagero. Claro que o programa eleitoral do PSDB fala do "PT" como um bicho-papão radical. No entanto, o candidato do PT é professor, com fala mansa e perfil completamente distinto do candidato do PSL.
Figurões do colunismo político, como Vera Magalhães e Merval Pereira, já repetem com insistência a tese de que o meio (Geraldo) é melhor que os extremos. Mas é difícil, em 15 dias, colar em Haddad a pecha de radical, para colocá-lo no outro pólo da insensatez de Bolsonaro.
Se o ódio de nossa elite do atraso e das parcelas golpistas do judiciário não conseguirem "destruir" o candidato do PT em 15 dias, ele estará no segundo turno para enfrentar Jair Bolsonaro. Na segunda rodada, as coisas ficarão mais claras.
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