Uma das definições de “ego” no dicionário Michaelis é a seguinte: Experiência que o indivíduo possui de si mesmo, ou concepção que faz de sua personalidade.
Muitas correntes e mestres espirituais da história da humanidade definiram o ego como o arquétipo da individualização, ou seja, um ente ou energia que permite que nos percebamos como seres individuais, separados dos outros seres e coisas.
O funcionamento do ego gera, contudo, uma espécie de efeito colateral. Para sustentar a concepção que o indivíduo faz da própria personalidade, o ego tem uma extrema dificuldade de admitir estar errado. Isso porque ele busca sempre sustentar a ideia que faz de si mesmo.
Não é por outro motivo que, numa discussão ou debate, é comum que as pessoas tentem defender seus pontos de vistas iniciais até o limite do possível – às vezes, do impossível. Da mesma forma, é raro alguém ouvir um argumento contrário, refletir sobre ele, perceber que estava errado e, mais raro ainda, admiti-lo.
Nas questões políticas esse aspecto do ego fica mais exacerbado ainda, uma vez que a nossa visão sobre como o mundo é – e como deveria ser – é formada desde os primeiros anos de vida, tornando-se profundamente enraizada em nosso ser.
O comportamento de muitos eleitores de Bolsonaro diante de dois importantíssimos acontecimentos recentes do processo eleitoral – a recusa do candidato a participar de debates e o escândalo das fake news – são exemplos muito bem acabados desse mecanismo do ego.
Bolsonaro construiu sua imagem sobre o arquétipo do machão. Sua persona é a do ex-capitão linha dura que vai acabar com a bandidagem na base da força. Era de se esperar que sua fuga dos debates manchasse a imagem de destemido construída com tanto esmero.
Não é o que se verifica entre muitos dos seus eleitores. O óbvio medo de debater com Haddad – Bolsonaro usou várias desculpas diferentes para não comparecer – não é visto por boa parte do seu eleitorado dessa forma.
A identidade de “eleitor do Bolsonaro, o destemido”, está de tal forma consolidada que não importa o que aconteça, o ego sempre vai dar um jeito de justificar e manter a imagem – tanto de Bolsonaro quanto do próprio eleitor – anteriormente construída.
No caso das fake news pelo Whatsapp, não mais que de repente bolsonaristas passaram a exigir provas documentais e cabais para dar crédito ao escândalo. As pesadas evidências de crime eleitoral não abalaram a convicção de voto de muita gente.
As fartas condenações automáticas de petistas com base em simples manchetes de jornais, muitas vezes noticiando reles delações sem prova alguma, de uma hora para outra deram lugar à exigência de provas materiais.
A lógica inconsciente é evidente: “Bolsonaro é o candidato anticorrupção e é por isso que eu vou votar nele; logo, qualquer coisa que indique que ele é corrupto deve ser mentira”. O mesmo processo se deu no episódio da Val, a funcionária fantasma de Bolsonaro que não abalou, para muita gente, sua imagem de homem público ilibado.
É claro que todos nós estamos sujeitos a este efeito colateral do ego – o de buscar manter a sua identidade a qualquer custo, não importando muito os desmentidos que a realidade oferece.
Entretanto, é perceptível que entre bolsonaristas, especialmente os movidos por um ódio descomunal e irracional ao PT, à esquerda, aos gays e a outros grupos minoritários, essa tendência do ego de ser “cabeça dura” é deveras exacerbada.
Tornar esse comportamento consciente é o primeiro passo para mudá-lo. Façamos todos nós esse exercício.
Mudar de ideia não é necessariamente feio, não. Muitas vezes, é admirável.
Muitas correntes e mestres espirituais da história da humanidade definiram o ego como o arquétipo da individualização, ou seja, um ente ou energia que permite que nos percebamos como seres individuais, separados dos outros seres e coisas.
O funcionamento do ego gera, contudo, uma espécie de efeito colateral. Para sustentar a concepção que o indivíduo faz da própria personalidade, o ego tem uma extrema dificuldade de admitir estar errado. Isso porque ele busca sempre sustentar a ideia que faz de si mesmo.
Não é por outro motivo que, numa discussão ou debate, é comum que as pessoas tentem defender seus pontos de vistas iniciais até o limite do possível – às vezes, do impossível. Da mesma forma, é raro alguém ouvir um argumento contrário, refletir sobre ele, perceber que estava errado e, mais raro ainda, admiti-lo.
Nas questões políticas esse aspecto do ego fica mais exacerbado ainda, uma vez que a nossa visão sobre como o mundo é – e como deveria ser – é formada desde os primeiros anos de vida, tornando-se profundamente enraizada em nosso ser.
O comportamento de muitos eleitores de Bolsonaro diante de dois importantíssimos acontecimentos recentes do processo eleitoral – a recusa do candidato a participar de debates e o escândalo das fake news – são exemplos muito bem acabados desse mecanismo do ego.
Bolsonaro construiu sua imagem sobre o arquétipo do machão. Sua persona é a do ex-capitão linha dura que vai acabar com a bandidagem na base da força. Era de se esperar que sua fuga dos debates manchasse a imagem de destemido construída com tanto esmero.
Não é o que se verifica entre muitos dos seus eleitores. O óbvio medo de debater com Haddad – Bolsonaro usou várias desculpas diferentes para não comparecer – não é visto por boa parte do seu eleitorado dessa forma.
A identidade de “eleitor do Bolsonaro, o destemido”, está de tal forma consolidada que não importa o que aconteça, o ego sempre vai dar um jeito de justificar e manter a imagem – tanto de Bolsonaro quanto do próprio eleitor – anteriormente construída.
No caso das fake news pelo Whatsapp, não mais que de repente bolsonaristas passaram a exigir provas documentais e cabais para dar crédito ao escândalo. As pesadas evidências de crime eleitoral não abalaram a convicção de voto de muita gente.
As fartas condenações automáticas de petistas com base em simples manchetes de jornais, muitas vezes noticiando reles delações sem prova alguma, de uma hora para outra deram lugar à exigência de provas materiais.
A lógica inconsciente é evidente: “Bolsonaro é o candidato anticorrupção e é por isso que eu vou votar nele; logo, qualquer coisa que indique que ele é corrupto deve ser mentira”. O mesmo processo se deu no episódio da Val, a funcionária fantasma de Bolsonaro que não abalou, para muita gente, sua imagem de homem público ilibado.
É claro que todos nós estamos sujeitos a este efeito colateral do ego – o de buscar manter a sua identidade a qualquer custo, não importando muito os desmentidos que a realidade oferece.
Entretanto, é perceptível que entre bolsonaristas, especialmente os movidos por um ódio descomunal e irracional ao PT, à esquerda, aos gays e a outros grupos minoritários, essa tendência do ego de ser “cabeça dura” é deveras exacerbada.
Tornar esse comportamento consciente é o primeiro passo para mudá-lo. Façamos todos nós esse exercício.
Mudar de ideia não é necessariamente feio, não. Muitas vezes, é admirável.
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