Não há como negar que as ações de campanha da extrema direita, pautadas por ilegalidades, violências e coações abusivas, afrontam os mais elementares princípios democráticos. A revelação, pela Folha de S. Paulo, de um esquema criminoso contratado por empresários que apoiam Jair Bolsonaro para atacar a chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila é apenas a ponta de um enorme iceberg, que precisa ser revelado na sua inteireza. Especialistas afirmaram que a fraude bolsonarista das notícias falsas nas redes sociais impacta o resultado das pesquisas eleitorais e, decisivamente, o resultado das votações.
Ao se passar esse processo a limpo com rigor, certamente emergirá que desde o primeiro turno a campanha de Bolsonaro contaminou a disputa com fraudes e ações que pisoteiam as leis. A votação obtida pelo candidato do PSL, portanto, está contaminada por ilícitos. E tem mais. A citada reportagem denunciou que há uma grande operação criminosa de disseminação de fakes para a última semana da campanha. Essa prática de gangsterismo eleitoral, é bom que se diga, se coaduna com a verborragia protofascista dos candidatos da chapa da extrema direita, Bolsonaro e Mourão, que nada têm a oferecer ao país senão desesperança, miséria, rapinagem por grandes grupos econômicos e violência contra o povo.
É evidente que esses métodos ilegais influenciaram a preferência de grande parcela do eleitorado. Ninguém minimamente informado embarcaria nessa canoa furada, cujo destino é tão previsível quanto um dia depois do outro. Além do crime propriamente dito, Bolsonaro e seus apaniguados incorrem em outro delito eleitoral ao promover, cinicamente, o que não vão entregar, com a grave consequência de que, com esses dois métodos de charlatanismo, eles pretendem praticar um dos maiores assaltos da história ao país e ao povo.
Esse submundo da campanha de Bolsonaro que começa a emergir tem provocado grande sentimento de indignação em todos os segmentos democráticos e progressistas, e merece, além de ser denunciado por todos os meios possíveis para que seja punido com os rigores da lei, ser enfrentado com uma campanha de massas nessa reta de chegada da campanha eleitoral. Esse dado agora revelado pode ser mais uma importante ferramenta para que a militância democrática e progressista fure a barreira das fake news bolsonaristas e diga ao povo, com dados e fatos, quais são as reais intenções desses candidatos neofascistas.
O Brasil tem experiência com esse tipo de gangsterismo político. Na história da República, pode ser lembrado, entre outros, o caso do “Plano Cohen”, um documento forjado pelo capitão integralista (fascista) Olímpio Mourão Filho, simulando a iminência de uma “revolução comunista”, pretexto para o golpe do Estado Novo em 1937. O mesmo expediente, com novas formas, se repetiu em 1964, quando foi instaurada a ditadura militar. Em 1982, tentaram impedir a eleição do histórico líder trabalhista Leonel Brizola no que ficou conhecido como Escândalo da Proconsult. Outros episódios da história, marcados pela embuste e a fraude, também serviram de instrumento para afrontar a democracia e a soberania popular, como ocorreu com o golpe de 2016.
Esses métodos da chapa da extrema direita, agora expostos como esgoto a céu aberto, são, sem dúvida, um dos mais graves dessa galeria histórica de crimes políticos e revelam prática de corrupção através de “caixa 2” com a evidente intenção de fraudar a eleição. A campanha Bolsonaro, simulando atuar nos marcos da democracia constitucional, na verdade trama para pôr abaixo o que resta de Estado Democrático de Direito e assim abrir as portas da nação para a rapinagem e a exploração dos trabalhadores pelos monopólios econômicos internacionais, domados pelos interesses do parasitismo financeiro, que estão por trás dessas candidaturas.
Diante desse fato novo de grande significado, a conclamação às manifestações do dia 20 pelo movimento #TodospeloBrasil redobra a sua importância.
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