sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Frente ampla e o exemplo Hillary Clinton

Por Gilberto Maringoni

Fernando Haddad e dirigentes de sua campanha estão buscando formar uma frente ampla contra o fascismo. É algo que já deveria ter sido feito desde o primeiro turno.

Tudo indica que o PT subestimou a ameaça fascista, vendo Bolsonaro como mais um adversário eleitoral e não como síntese de um sólido e profundo processo político que altera as relações entre as classes sociais e que foi potencializado pela hecatombe econômica, iniciada em 2015.

É preciso ter cuidado, para que uma boa ideia não se converta em seu contrário.

O candidato petista procurou nesta semana Fernando Henrique Cardoso, José Gregori e Joaquim Barbosa.

Não sei quantos votos cada um agrega à campanha.

FHC tenho certeza que tira, uma vez que nem mesmo postulantes tucanos usaram sua imagem nos últimos meses.

A busca por apoios sem metas claras pode ser um tiro pela culatra.

Não nos esqueçamos de Hillary Clinton em seu embate com Donald Trump, em 2016.

A ex-Secretária de Estado tinha a seu lado o grand monde da Cultura - artistas, cineastas e intelectuais em geral - e a maior parte do sistema financeiro.

Foi o que bastou para o republicano acusá-la de ser a candidata de Wall Street e do "sistema". Esse foi um dos fortes motivos de sua derrota.

O fascista brasileiro conseguiu, espertamente, se colocar como candidato "antisistema", atacando praticamente todo o mundo partidário e a grande mídia, valendo-se de um linguajar chulo e agressivo.

A coordenação da campanha de Haddad precisa avaliar bem essas questões e verificar se a frente a ser formada não deve ter um caráter mais popular e de combate e não ser marcada por figuras que podem trazer sérios prejuízos à corrida eleitoral.

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