sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Globo rivaliza com TV Record no servilismo

Por Jeferson Miola, em seu blog: 

A Globo da famiglia Marinho trava com a TV Record do charlatão religioso Edir Macedo uma disputa renhida pelo posto de órgão oficial de comunicação do regime nazi-bolsonarista.

A Record fez a primeira aposta no 4 de outubro, cedendo a Bolsonaro uma generosa entrevista em simultâneo ao debate entre os candidatos que acontecia na mesma noite e no mesmo horário na Globo – tudo com a complacência do TSE.

Hoje chegou a vez da Globo mostrar seu cacife, e a emissora não desperdiçou oportunidade de demonstrar seu profissionalismo e sofisticação semiótica.

O grande acontecimento da eleição brasileira no dia de hoje, que inclusive ocupou o topo mundial de citações no twitter, foi a revelação, pela Folha de SP, do esquema criminoso do Bolsonaro, de manipulação do whatsapp financiado por empresários corruptos com dinheiro de caixa 2.

O sumiço do assunto nos veículos da Globo é um escândalo de tal magnitude que só é eclipsado pelo próprio escândalo do crime eleitoral cometido pelo Bolsonaro, que seria suficiente para cassar a candidatura dele.

A Globo, porém, cumpriu ortodoxamente seu manual de jornalismo fascista: o que não é mostrado pela emissora, simplesmente não existe.

Na não-cobertura do escândalo, a Globo salvaguardou todos os interesses do nazi-bolsonarismo, e em todos seus veículos:

- no jornal Hoje, das 13 horas, o fato sequer existiu;

- nos sites on line dos veículos do monopólio familiar – G1, Globo.com e Oglobo.com – o assunto foi tratado marginalmente;

- na programação noticiosa da GloboNews no turno da tarde, na edição das 18h e no Jornal das Dez, o expectador se sentiria como se vivesse em outro país; e

- no Jornal Nacional [JN], não teve nenhuma [repito: nenhuma] reportagem sobre o esquema criminoso do Bolsonaro. O JN apenas editou pequeno trecho de citação do Haddad sobre o assunto em discurso de atividade de campanha e, na sequência, leu na voz editorial do apresentador W. Bonner as declarações do presidente do PSL, poupando o candidato Bolsonaro de prestar esclarecimentos sobre os crimes revelados pela Folha.

Hoje a Globo hoje deu ao nazi-bolsonarismo uma demonstração importante do seu poderio e da sua serventia para o aprofundamento, no futuro imediato, da estabilidade de dominação do regime totalitário que se instaurará.

O que não falta à Globo é experiência e conhecimento em regimes que castram a democracia, as liberdades, a pluralidade, os direitos, como aquele regime que ela conspirou para instalar e que apoiou desde o primeiro minuto a partir de 1º de abril de 1964.

O não-acontecimento, na Globo, do escândalo que causaria a cassação do Bolsonaro, é sinal grave de aprofundamento do componente militar e totalitário do golpe.

O grande acordo, “com o supremo, com tudo”, está bem encaminhado. Em gíria coloquial: “tá tudo dominado”.

Aliás, Merval Pereira deliberadamente deixou escapar, no Jornal das Dez da Globo News deste inesquecível 18 de outubro, um registro lapidar: “almocei hoje com o Bebbiano”. Para quem não sabe, Bebbiano é o presidente nacional do PSL, do candidato Bolsonaro.

[Com essa análise, busco ajustar a perspectiva de análise enfatizada no artigo “O bolsonarismo e a guerra da Globo com a Record”].

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