Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Ao cancelar o tradicional debate entre candidatos realizado 48 horas antes da eleição, a TV Globo faz uma gentileza sem preço com a candidatura de Jair Bolsonaro e confirma uma reputação de parcialidade histórica - contra os interesses da maioria da população e contra as liberdades democráticas.
Os dados são claros. Há uma semana, em pesquisa do Datafolha, uma maioria de 67% dos eleitores disseram que queriam assistir debates entre candidatos a presidente. Informados de que Bolsonaro ameaçava fugir, um total de 73% disseram que queriam a presença dele num confronto com Fernando Haddad. Ou seja. Não há dúvida que um debate atende ao interesse público. Também é exibido pelo público.
É compreensível. Num país que necessita, mais do que nunca, debater propostas para enfrentar uma das mais graves crises de sua história, um debate presidencial constitui um momento único para auxiliar 147 milhões de eleitores a tomar uma decisão bem informada em 28 de outubro. Permite comparar propostas para o país, examinar os traços de comportamento dos candidatos e ainda sua capacidade para dar respostas adequadas para perguntas inesperadas - informações sempre úteis para quem irá escolher o novo presidente da República.
Basta recordar a distância que separa as visões de mundo e os projetos específicos de cada candidato na reta final da campanha para compreender a importância de um encontro dessa natureza no Brasil de 2018.
Ainda que possam ser de extrema serventia para o eleitorado, em particular nos últimos dias de campanha, os debates são motivo de desconfiança e temor por parte dos candidatos com menor preparo e menor conhecimento dos assuntos do país. Costumam fugir dele sempre que possível.
Sem nenhuma razão médica para deixar de comparecer ao último debate da campanha, Bolsonaro tinha todos os motivos para evitar um confronto direto com Fernando Haddad.
Basta assistir às entrevistas e depoimentos de cada um, em vários momentos da história, para chegar a uma conclusão elementar. Para Haddad, o debate era uma oportunidade de defender ideias e expor seu conhecimento sobre os problemas do país. Uma chance rara, neste país onde a mídia é um pensamento único e ideias progressistas costumam ter pouco espaço.
Para o candidato do PSL, cujo discurso é uma coleção de preconceitos de todo tipo, o debate era uma ameaça do primeiro ao ultimo minuto.
Embora Haddad seja um debatedor com estilo de pugilista técnico, com golpes mais bem encaixados do que violentos, o risco de Bolsonaro enfrentar uma derrota por nocaute era óbvio.
Se insistisse em simplesmente fugir da disputa, deixando de comparecer, como fez ontem no Roda Viva, da TV Cultura, seria vencido por WO - vexame ainda maior, considerando a audiência da Globo.
Foi esse o serviço que a Globo prestou a Bolsonaro, nos momentos finais de uma campanha que já foi manchado pela onda vergonhosa de fake news e da violência contra eleitores de Haddad.
Para proteger o lutador de sua preferencia, a emissora simplesmente cancelou o combate.
Um prêmio para o gesto covarde de Bolsonaro, um investimento para a Globo, uma derrota para a democracia.
Alguma dúvida?
Os dados são claros. Há uma semana, em pesquisa do Datafolha, uma maioria de 67% dos eleitores disseram que queriam assistir debates entre candidatos a presidente. Informados de que Bolsonaro ameaçava fugir, um total de 73% disseram que queriam a presença dele num confronto com Fernando Haddad. Ou seja. Não há dúvida que um debate atende ao interesse público. Também é exibido pelo público.
É compreensível. Num país que necessita, mais do que nunca, debater propostas para enfrentar uma das mais graves crises de sua história, um debate presidencial constitui um momento único para auxiliar 147 milhões de eleitores a tomar uma decisão bem informada em 28 de outubro. Permite comparar propostas para o país, examinar os traços de comportamento dos candidatos e ainda sua capacidade para dar respostas adequadas para perguntas inesperadas - informações sempre úteis para quem irá escolher o novo presidente da República.
Basta recordar a distância que separa as visões de mundo e os projetos específicos de cada candidato na reta final da campanha para compreender a importância de um encontro dessa natureza no Brasil de 2018.
Ainda que possam ser de extrema serventia para o eleitorado, em particular nos últimos dias de campanha, os debates são motivo de desconfiança e temor por parte dos candidatos com menor preparo e menor conhecimento dos assuntos do país. Costumam fugir dele sempre que possível.
Sem nenhuma razão médica para deixar de comparecer ao último debate da campanha, Bolsonaro tinha todos os motivos para evitar um confronto direto com Fernando Haddad.
Basta assistir às entrevistas e depoimentos de cada um, em vários momentos da história, para chegar a uma conclusão elementar. Para Haddad, o debate era uma oportunidade de defender ideias e expor seu conhecimento sobre os problemas do país. Uma chance rara, neste país onde a mídia é um pensamento único e ideias progressistas costumam ter pouco espaço.
Para o candidato do PSL, cujo discurso é uma coleção de preconceitos de todo tipo, o debate era uma ameaça do primeiro ao ultimo minuto.
Embora Haddad seja um debatedor com estilo de pugilista técnico, com golpes mais bem encaixados do que violentos, o risco de Bolsonaro enfrentar uma derrota por nocaute era óbvio.
Se insistisse em simplesmente fugir da disputa, deixando de comparecer, como fez ontem no Roda Viva, da TV Cultura, seria vencido por WO - vexame ainda maior, considerando a audiência da Globo.
Foi esse o serviço que a Globo prestou a Bolsonaro, nos momentos finais de uma campanha que já foi manchado pela onda vergonhosa de fake news e da violência contra eleitores de Haddad.
Para proteger o lutador de sua preferencia, a emissora simplesmente cancelou o combate.
Um prêmio para o gesto covarde de Bolsonaro, um investimento para a Globo, uma derrota para a democracia.
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