segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Quem pode ganhar as eleições é Steve Bannon

Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon/El País
Por Armando Coelho Neto, no Jornal GGN:

Fraude em urnas é possível? Quem seriam os sete monges acima do bem e do mal, fiel à Democracia e acima de sentimentos mortais? Nunca imaginei que quem tomou o país no golpe fosse devolver no voto. Como a luta está ai, estamos nela. Hoje, minha desconfiança aumenta com uma nota que recebi: Quem está ganhando as eleições no Brasil é um norte-americano, da extrema direita nacionalista, chamado Steve Bannon.

Bannon tem o diabólico dom de despertar o ódio latente nas pessoas, por meio do medo. Joseph Goebbels, ministro de propaganda de Adolf Hitler, teria dito que “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Nesse sentido, a usina de mentiras produzidas por Steve Bannon vem tocando forte a precária inteligência de grande parte dos eleitores brasileiros, promovendo a ascensão do fascismo, que refloresce no mundo.

As eleições presidenciais no Brasil se afiguram uma espécie de matrioska - aquela bonequinha russa que quando aberta tem dentro outra oculta, mais outra e tantas mais quantas conseguir embutir/guardar. O golpe de 2016 derivou de uma farsa que embute várias farsas com o supremo e “tudo”, ainda que o “tudo” permaneça como grande incógnita até os dias de hoje. Enquanto as Forças Armadas batiam/batem continência para um presidente desqualificado em todos os sentidos, o golpe tentou se legitimar por meio do desmoralizado poder judiciário. Tão execrável que o filho do candidato BolsoCoiso disse que precisa apenas de um soldado e um cabo para fechar o STF. “São eles contra nós”, disse o sub-Coiso.

Querem legitimar o golpe por meio das urnas vai ter eleições. Num jogo de cartas marcadas agendado lá atrás, o candidato BolsoCoiso vem liderando pesquisas, envolvido em aparente crime eleitoral que o Superior Tribunal Eleitoral não quer admitir. O mesmo TSE que defenestrou Lula com base numa alquimia/gambiarra jurídica que atropelou a legislação eleitoral, a qual garante que o candidato sub judice efetue todos os atos de campanha, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica (Lei nº 9.504/97 e alterações da Lei 12.034/2009). Achando pouco, o TSE ignorou o posicionamento da Organização das Nações Unidas sobre o tema.

Naquele julgamento, foi célebre o voto do ministro Luís Roberto Barroso, que destacou não ter “qualquer interesse ou preferência nessa vida que não seja o bem do Brasil... defesa das instituições ... da Constituição e da democracia”. No mesmo voto, o tal juiz disse ser preciso agir com “celeridade, transparência e colegiadamente”... (lindo!) Avançando, asseverou: “Não há qualquer razão para o Tribunal Superior Eleitoral contribuir para a indefinição e para a insegurança jurídica e política” (mais lindo ainda). Além disso, fez apologia a fatos notórios - os quais dispensam provas.

Em que pese tal posicionamento endossado pelo STE, volto ao tema central dessa fala de hoje: Steve Bannon está prestes a ganhar as eleições no Brasil. Mas, os fatos público e notórios, encontráveis nos WhatsApp, FaceBook, Google que todos tiveram aceso, inclusive (por presunção) os próprios ministros do TSE/STF precisam de provas. Só pra lembrar notícia de jornal não é prova, embora tenha sido usada pra condenar Lula. No caso não é mera notícia: são fatos encontráveis em áudios, vídeos, imagens, etc.

Em 2016, a campanha de Donald Trump foi acusada de manipular a opinião pública dos EUA por meio de fake news. Dados pessoais foram coletados via métodos espúrios pela empresa Cambridge Analytica. Christopher Wylie*, ex-engenheiro da empresa, denunciou tudo para o jornal britânico The Guardian. Dados de 50 milhões de usuários foram surrupiados para criar perfis comportamentais e psicológicos de usuários, de forma a saber quais tipos de mensagens eles estariam suscetíveis, como chegar até eles e o que seria necessário para mudar a forma delas pensarem. Leia-se, uma manipulação diabólica.

A imprensa veiculou uma confissão de Mark Turnbull, Diretor de Operações da Cambridge Analytica: “Nós usamos nos Estados Unidos, usamos na África... Já fizemos no México, na Malásia. E agora estamos indo para o Brasil”. Ao que tudo indica, de posse de dados e utilizando algoritmos, a empresa conseguiu traçar perfis psicológicos e pode ter alcançado mentes desprotegidas no Brasil. Aliás, o filho do BolsoCoiso publicou numa rede social, uma foto com Steve Bannon, e escreveu: "Tivemos uma excelente conversa e compartilhamos da mesma visão de mundo. Sr. Bannon afirmou ser um entusiasta da campanha e certamente estamos em contato para somar forças”. Sobre o assunto, a revista época deu chamada confirmando que o marqueteiro de Trump iria ajudar o Coiso.

Interessante essa mesma visão de mundo entre o filho do Coiso e Bannon (é de extrema direita nacionalista, teve/tinha um site cheio de ideias machistas e que sugerem homofobia e xenofobia). Bannon trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump e sua empresa, via fakenews, ajudou também a vitória do referendo do Brexit na Inglaterra. É considerado o ser mais perigoso da política americana. Bela aliança!

A diabólica engenharia manipuladora de corações e mentes foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, na edição de 18/10/18, ao mostrar que empresários teriam bancado a compra de distribuição de mensagens contra o PT por Whatsapp. Noutras palavras, um pacote de disparos em massa de mensagens seria disparado antes do segundo turno. Como não existe capitalismo samaritano e Steve Bannon não se apresenta como voluntario de nada, é de se supor que a verba a isso destinada deva constar na prestação de contas junto ao STE. Afinal, até Sejumoro disse que Caixa 2 é fato grave, a menos que não queira mais “manter isso” e esse assunto “não venha mais ao caso”.

Nesse sentido, retomo o voto de Barroso na parte onde ele disse: “Não há qualquer razão para o Tribunal Superior Eleitoral contribuir para a indefinição e ... insegurança jurídica e política... Em respeito à soberania popular, ao regime democrático, à moralidade para o exercício do mandato eletivo e à própria segurança jurídica, é preciso definir, com a maior brevidade possível, quais candidatos preenchem os requisitos constitucionais e legais para que possam legitimamente disputar as eleições”. Barroso, para negar a candidatura de Lula, disse temer “uma situação consumada, de difícil ou traumática reversão”, ou seja caso Lula fosse eleito. E se o Coiso for eleito e restar provado o Caixa 2, não seria um caso de “difícil e traumática reversão”?

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