segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Todos juntos, atentos e fortes

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Se eu fosse mulher, negro ou gay, eu estaria com medo. Eu não sou nem mulher, nem negro, nem gay, mas estou com medo. Com medo, mas com coragem – com a coragem que afasta o medo e nos leva a resistir.

Eu estou com vergonha da classe média e das elites brasileiras, às quais eu pertenço.

Elas foram responsáveis pelo golpe parlamentar que foi o impeachment, e agora apoiaram um candidato neofascista que age abertamente contra os direitos humanos e a democracia.

Estou com vergonha das elites paulistas que elegeram um governador tão mau quanto é o presidente.

Minha principal preocupação é com o cidadão comum. Seu tempo é sempre difícil.

Ele está sendo sempre desrespeitado; seu valor não é reconhecido pelas elites.

Mas agora as perspectivas que enfrenta são piores, porque é o próprio presidente eleito que se junta às elites no desprezo por homens e mulheres que são iguais em direitos.

Em 1985 foi afinal assegurado o sufrágio universal aos brasileiros.

A partir dessa data eles contaram com um certo apoio dos políticos, porque estes sabiam que sua reeleição dependia de agirem como intermediários entre as elites e o povo.

Agora, com uma vitória de 11 pontos porcentuais sobre o candidato democrático, os políticos se veem liberados para agir apenas em favor dos poderosos.

Agora não importa que essa vitória tenha se baseado na fraude eleitoral praticada com a remessa de whatsapp em massa com mensagens deliberadamente mentirosas.

Em relação a este problema, temos que esperar o pronunciamento da Justiça.

Agora o que é importante é que nos mantenhamos juntos, atentos e fortes. Vamos deixá-lo governar, mas precisamos estar juntos para impedir que ele leve adiante sua mensagem de violência.

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