Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Escrever sobre o Brasil neste momento não é só doloroso, é inútil.
Para dizer bem a verdade, não tenho mais nada de novo a escrever para vocês hoje.
Estamos sendo governados pelo piloto automático desgovernado deste trem fantasma chamado Brasil, rodando sem destino pelo sanatório.
Será que nada mais é capaz de nos causar espanto?
Já nem sei mais o que comentar sobre o presidente eleito.
Agora que vocês já o conhecem, depois de o eleger, entendam-se com ele.
Pensando bem, acho que nem sou mais daqui, não estou mais reconhecendo meu país.
Se tem um traço comum na cabine de comando desse trem fantasma é a mediocridade.
Há também claros sinais de insanidade patológica, mas é a total ausência de conhecimento mínimo sobre os reais problemas brasileiros o que mais me assusta no novo governo.
Até para pilotar um caminhão, exige-se exame psicotécnico. Para governar o país, não.
Perto de alguns dos ministros nomeados, Cabo Daciolo até que é um sujeito bem equilibrado, quase normal, como escreve Clóvis Rossi hoje na Folha.
A Era da Mediocridade está em marcha acelerada no Brasil, como se pode notar não só nas declarações dos novos governantes, mas também nos comentários dos seus milicianos nas redes sociais, cada vez mais convictos e celerados.
Parece que o Brasil sofreu uma lavagem cerebral coletiva.
Só isso pode explicar a indicação desse místico bolso-trumpiano como chanceler de um país de 208 milhões de habitantes.
Disposto a ressuscitar a Guerra Fria, já é motivo de chacota na mídia global, mas por aqui até acham tudo muito bonito, muito natural, até pitoresco.
Ernesto Araújo é o nome dele, guardem bem este nome. Vocês ainda ouvirão falar muito nele.
Foi o cara escolhido pela família Bolsonaro, no terceiro escalão do Itamaraty, para declarar guerra ao mundo, começando por Cuba, um dos símbolos da Guerra Fria, que acabou faz tempo no resto do mundo.
“Bolsonaro com amor e com coragem”, escreveu ele na nota em que comunicou aos colegas a sua indicação para chefiar o Itamaraty.
É preciso mesmo muita coragem para nomear alguém como o embaixador Araújo, que se fantasiou de bolsominion durante a campanha para fazer campanha pelo capitão.
São as suas credenciais, sem falar no inacreditável blog em que atribui a globalização ao marxismo cultural.
As primeiras vítimas não são os 8,5 mil profissionais de saúde cubanos, que o capitão reformado prometeu expulsar do país, mas os seus pacientes, que nunca tinham visto um médico na vida nas nossas periferias e grotões.
Leio na coluna de Monica Bergamo que até 50 mil pessoas podem morrer precocemente, antes dos 70 anos, com a eventual paralisação do programa Mais Médicos e o congelamento dos recursos para a saúde.
Não se trata de um genocídio anunciado? A Confederação Nacional dos Municípios já prevê que a saída dos cubanos pode provocar um “estado de calamidade pública” na saúde.
Quem se preocupa com isso? Como já completei 70 anos, poderia dizer, se eu tivesse votado no capitão, que estou no lucro, ainda tenho plano de saúde, e nunca fui atendido por um médico cubano.
Mas, para pelo menos 24 milhões de brasileiros, a saída abrupta dos médicos cubanos pode provocar um apagão na saúde pública.
Azar dos prejudicados: foi assim que pensaram milhões de alemães, quando um militar de baixa patente, esquisito e obscuro, de bigodinho e topete, foi eleito para governar o país, e logo se transformou no Führer que declarou guerra ao mundo.
“Não é problema meu”, diziam seus seguidores, antes que ele começasse a quebrar tudo no próprio país, durante a tristemente célebre “Noite dos Cristais”, a estréia oficial do nazismo, que acaba de completar 80 anos.
A Era da Mediocridade não deixa espaço para dúvidas, receios, argumentos em contrário, alertas.
Qualquer crítica à nova ordem é recebida como “mimimi” dos que perderam a eleição.
Para a metade do eleitorado brasileiro que elegeu o capitão reformado, a guerra não acabou; ao contrário, está só começando.
Semana passada, no Rio, um ex-ministro dos governos petistas tomou um baita susto ao caminhar pela orla da praia.
Distraído, viu um marombado atiçar seu pit-bull em cima dele, e sair dando gargalhadas.
Ele não sabe até agora se o dono do cachorro o reconheceu, ou se foi só por pura maldade contra um velhinho inofensivo
É assim que o horror se instala, aos poucos, sem muita sutileza.
Quando as pessoas se derem conta dos perigos que corremos, poderá ser tarde demais.
Anestesiada, a sociedade civil permanece em obsequioso silêncio só vendo o trem fantasma passar triunfante.
E assim começamos mais uma semana, na longa e angustiante espera da posse do presidente eleito.
Vida que segue.
Para dizer bem a verdade, não tenho mais nada de novo a escrever para vocês hoje.
Estamos sendo governados pelo piloto automático desgovernado deste trem fantasma chamado Brasil, rodando sem destino pelo sanatório.
Será que nada mais é capaz de nos causar espanto?
Já nem sei mais o que comentar sobre o presidente eleito.
Agora que vocês já o conhecem, depois de o eleger, entendam-se com ele.
Pensando bem, acho que nem sou mais daqui, não estou mais reconhecendo meu país.
Se tem um traço comum na cabine de comando desse trem fantasma é a mediocridade.
Há também claros sinais de insanidade patológica, mas é a total ausência de conhecimento mínimo sobre os reais problemas brasileiros o que mais me assusta no novo governo.
Até para pilotar um caminhão, exige-se exame psicotécnico. Para governar o país, não.
Perto de alguns dos ministros nomeados, Cabo Daciolo até que é um sujeito bem equilibrado, quase normal, como escreve Clóvis Rossi hoje na Folha.
A Era da Mediocridade está em marcha acelerada no Brasil, como se pode notar não só nas declarações dos novos governantes, mas também nos comentários dos seus milicianos nas redes sociais, cada vez mais convictos e celerados.
Parece que o Brasil sofreu uma lavagem cerebral coletiva.
Só isso pode explicar a indicação desse místico bolso-trumpiano como chanceler de um país de 208 milhões de habitantes.
Disposto a ressuscitar a Guerra Fria, já é motivo de chacota na mídia global, mas por aqui até acham tudo muito bonito, muito natural, até pitoresco.
Ernesto Araújo é o nome dele, guardem bem este nome. Vocês ainda ouvirão falar muito nele.
Foi o cara escolhido pela família Bolsonaro, no terceiro escalão do Itamaraty, para declarar guerra ao mundo, começando por Cuba, um dos símbolos da Guerra Fria, que acabou faz tempo no resto do mundo.
“Bolsonaro com amor e com coragem”, escreveu ele na nota em que comunicou aos colegas a sua indicação para chefiar o Itamaraty.
É preciso mesmo muita coragem para nomear alguém como o embaixador Araújo, que se fantasiou de bolsominion durante a campanha para fazer campanha pelo capitão.
São as suas credenciais, sem falar no inacreditável blog em que atribui a globalização ao marxismo cultural.
As primeiras vítimas não são os 8,5 mil profissionais de saúde cubanos, que o capitão reformado prometeu expulsar do país, mas os seus pacientes, que nunca tinham visto um médico na vida nas nossas periferias e grotões.
Leio na coluna de Monica Bergamo que até 50 mil pessoas podem morrer precocemente, antes dos 70 anos, com a eventual paralisação do programa Mais Médicos e o congelamento dos recursos para a saúde.
Não se trata de um genocídio anunciado? A Confederação Nacional dos Municípios já prevê que a saída dos cubanos pode provocar um “estado de calamidade pública” na saúde.
Quem se preocupa com isso? Como já completei 70 anos, poderia dizer, se eu tivesse votado no capitão, que estou no lucro, ainda tenho plano de saúde, e nunca fui atendido por um médico cubano.
Mas, para pelo menos 24 milhões de brasileiros, a saída abrupta dos médicos cubanos pode provocar um apagão na saúde pública.
Azar dos prejudicados: foi assim que pensaram milhões de alemães, quando um militar de baixa patente, esquisito e obscuro, de bigodinho e topete, foi eleito para governar o país, e logo se transformou no Führer que declarou guerra ao mundo.
“Não é problema meu”, diziam seus seguidores, antes que ele começasse a quebrar tudo no próprio país, durante a tristemente célebre “Noite dos Cristais”, a estréia oficial do nazismo, que acaba de completar 80 anos.
A Era da Mediocridade não deixa espaço para dúvidas, receios, argumentos em contrário, alertas.
Qualquer crítica à nova ordem é recebida como “mimimi” dos que perderam a eleição.
Para a metade do eleitorado brasileiro que elegeu o capitão reformado, a guerra não acabou; ao contrário, está só começando.
Semana passada, no Rio, um ex-ministro dos governos petistas tomou um baita susto ao caminhar pela orla da praia.
Distraído, viu um marombado atiçar seu pit-bull em cima dele, e sair dando gargalhadas.
Ele não sabe até agora se o dono do cachorro o reconheceu, ou se foi só por pura maldade contra um velhinho inofensivo
É assim que o horror se instala, aos poucos, sem muita sutileza.
Quando as pessoas se derem conta dos perigos que corremos, poderá ser tarde demais.
Anestesiada, a sociedade civil permanece em obsequioso silêncio só vendo o trem fantasma passar triunfante.
E assim começamos mais uma semana, na longa e angustiante espera da posse do presidente eleito.
Vida que segue.
O problema meu caro é que os lobotomizados que elegerem o COISONARO, estão totalmente por fora das desgraças que que já estamos sofrendo e o COISO nem tomou posse..
ResponderExcluirNa realidade não foi metade do eleitorado. Foram 39%. Dilma foi eleita com 38,1. Menos de 1% de diferença. Logo, logo vem crise por aí dos 61% que não votaram no coiso. É melhor ele já ir se acostumando que vai haver greves e confusão em 2019.
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