Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Vamos a um pequeno balanço das primeiras medidas econômicas anunciadas pela equipe de Bolsonaro. Não devem ser interpretadas como definitivas, dado o grau de confusão inicial. Haverá ainda trombadas até que consolidem cargos, responsabilidades e decisões.
A junção de Agricultura e Meio Ambiente
Um desastre já alertado pelo próprio agronegócio. Qualquer evidência de desrespeito ao meio ambiente fechará os mercados europeus aos grãos brasileiros.
O superministério da Fazenda
Gestores experientes controlam estruturas gigantes descentralizando a gestão e reforçando a coordenação através de conselhos e follow up.
Gestores novatos pensam como burocratas de governo, que julgam que o tamanho de sua influência deve ser medido pela quantidade de setores que controlam diretamente.
Esperava-se que depois da revolução da Toyota, nos anos 90, a gestão pública brasileira tivesse se vacinado contra essas megalomanias.
Delfim Neto tinha controle absoluto sobre todas as áreas econômicas do governo Médici, sem precisar comandar cada Ministério. Fernando Collor montou dois Superministérios com esse mesmo desenho, entregando-os a pessoas totalmente despreparadas – a Ministra da Economia Zélia Cardoso de Melo e João Santana, sem nenhuma experiência nem de governo nem de gestão.
A lógica de Paulo Guedes
Duas observações preliminares:
1- Uma boa gestão econômica depende não apenas de bons diagnósticos, mas da capacidade política e administrativa de gestão. Paulo Guedes não é Zélia. É muito mais preparado e muito mais temerário.
2- A estratégia que está desenhando, pelas primeiras afirmações que fez, rompe com o tal tripé econômico – que vem amarrando a economia brasileira desde a gestão Marcílio Marques Moreira, no governo Collor, passando por FHC, Lula e Dilma. O tripé consiste em juros altos, câmbio baixo e aperto fiscal, uma fórmula que ajudou na desindustrialização precoce da economia brasileira.
Guedes propõe uma revolução:
1- Tira do Banco Central a responsabilidade única de combate à inflação. Com isso, reduz a influência das metas inflacionárias – o mais potente instrumento criado para sustentar taxas de juros estratosféricas. O único efeito inflacionário das metas fiscais consistia em atrair muitos dólares de fora, o que levava a uma apreciação do câmbio que segurava a inflação e matava a competitividade da economia.
2- Além de tirar das metas inflacionárias a responsabilidade de único instrumento contra a inflação, Guedes acena com a volta da banca cambial suja – ou seja, com definição de tetos e pisos. Pelas primeiras declarações, aposta em um real desvalorizado, com o dólar bem acima dos R$ 4,00. O primeiro efeito do câmbio desvalorizado será devolver a competitividade à produção interna. Se houver uma boa resposta da economia, Guedes acena com a possibilidade de redução tributária nas empresas.
3- O segundo efeito será valorizar as reservas em dólares do Banco Central, permitindo vender parte deles e reduzir a dívida bruta.
4- A maneira de atuar seria conceder independência funcional ao Banco Central, mas a responsabilidade de cumprir as determinações emanadas da Fazenda em relação à banda cambial e à política monetária. Pode criar uma situação oposta à de hoje, na qual se tem um Banco Central juridicamente dependente, mas atuando como dono absoluto das políticas monetária e cambial.
Por aí se entende sua afirmação de pretender “salvar a indústria apesar dos industriais”.
São ideias iniciais, sujeitas a chuvas e trovoadas.
Mas tem lógica.
Vamos a um pequeno balanço das primeiras medidas econômicas anunciadas pela equipe de Bolsonaro. Não devem ser interpretadas como definitivas, dado o grau de confusão inicial. Haverá ainda trombadas até que consolidem cargos, responsabilidades e decisões.
A junção de Agricultura e Meio Ambiente
Um desastre já alertado pelo próprio agronegócio. Qualquer evidência de desrespeito ao meio ambiente fechará os mercados europeus aos grãos brasileiros.
O superministério da Fazenda
Gestores experientes controlam estruturas gigantes descentralizando a gestão e reforçando a coordenação através de conselhos e follow up.
Gestores novatos pensam como burocratas de governo, que julgam que o tamanho de sua influência deve ser medido pela quantidade de setores que controlam diretamente.
Esperava-se que depois da revolução da Toyota, nos anos 90, a gestão pública brasileira tivesse se vacinado contra essas megalomanias.
Delfim Neto tinha controle absoluto sobre todas as áreas econômicas do governo Médici, sem precisar comandar cada Ministério. Fernando Collor montou dois Superministérios com esse mesmo desenho, entregando-os a pessoas totalmente despreparadas – a Ministra da Economia Zélia Cardoso de Melo e João Santana, sem nenhuma experiência nem de governo nem de gestão.
A lógica de Paulo Guedes
Duas observações preliminares:
1- Uma boa gestão econômica depende não apenas de bons diagnósticos, mas da capacidade política e administrativa de gestão. Paulo Guedes não é Zélia. É muito mais preparado e muito mais temerário.
2- A estratégia que está desenhando, pelas primeiras afirmações que fez, rompe com o tal tripé econômico – que vem amarrando a economia brasileira desde a gestão Marcílio Marques Moreira, no governo Collor, passando por FHC, Lula e Dilma. O tripé consiste em juros altos, câmbio baixo e aperto fiscal, uma fórmula que ajudou na desindustrialização precoce da economia brasileira.
Guedes propõe uma revolução:
1- Tira do Banco Central a responsabilidade única de combate à inflação. Com isso, reduz a influência das metas inflacionárias – o mais potente instrumento criado para sustentar taxas de juros estratosféricas. O único efeito inflacionário das metas fiscais consistia em atrair muitos dólares de fora, o que levava a uma apreciação do câmbio que segurava a inflação e matava a competitividade da economia.
2- Além de tirar das metas inflacionárias a responsabilidade de único instrumento contra a inflação, Guedes acena com a volta da banca cambial suja – ou seja, com definição de tetos e pisos. Pelas primeiras declarações, aposta em um real desvalorizado, com o dólar bem acima dos R$ 4,00. O primeiro efeito do câmbio desvalorizado será devolver a competitividade à produção interna. Se houver uma boa resposta da economia, Guedes acena com a possibilidade de redução tributária nas empresas.
3- O segundo efeito será valorizar as reservas em dólares do Banco Central, permitindo vender parte deles e reduzir a dívida bruta.
4- A maneira de atuar seria conceder independência funcional ao Banco Central, mas a responsabilidade de cumprir as determinações emanadas da Fazenda em relação à banda cambial e à política monetária. Pode criar uma situação oposta à de hoje, na qual se tem um Banco Central juridicamente dependente, mas atuando como dono absoluto das políticas monetária e cambial.
Por aí se entende sua afirmação de pretender “salvar a indústria apesar dos industriais”.
São ideias iniciais, sujeitas a chuvas e trovoadas.
Mas tem lógica.
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