Charge: Rocha |
A imprensa estrangeira ironiza Moro virar ministro após prender Lula, o único que poderia derrotar Bolsonaro na eleição de 2018. No exterior, parece que não entendemos isso. O francês ‘Le Monde’, por exemplo, ironiza um governo de extrema-direita eleito pelos brasileiros apesar de ter prometido lhes tirar direitos trabalhistas e sociais. O Brasil virou piada.
O mais hilariante na eleição de Jair Bolsonaro reside no fato de que seu eleitorado é, em grande, em esmagadora maioria composto de pessoas que, apesar de ganharem mais do que aquelas que votaram em Fernando Haddad, também são assalariadas e que, portanto, precisam trabalhar para viver e precisam, inclusive, se aposentar.
Onde está a graça? Em vários pontos, mas, sobretudo, em dois.
1º – No fato de que Bolsonaro passou a campanha eleitoral INTEIRINHA prometendo prejudicar quem precisa trabalhar para viver
2º – No fato de que Bolsonaro se elegeu prometendo uma “reforma” na Previdência que 7 entre 10 brasileiros rejeitam vigorosamente.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada em maio deste ano, a proposta de reforma da Previdência é rejeitada por sete em cada dez brasileiros (71%). Já 23% são a favor (entre os mais ricos o índice sobe para 29%), 1% é indiferente e 5% não opinaram. Na análise das variáveis sociodemográficas, observa-se que a rejeição à reforma é majoritária em todos os segmentos e que a rejeição é mais alta entre os que têm conhecimento sobre o tema do que entre os que o desconhecem (78% a 57%).
Ou seja: quem estuda o assunto, fica contra. Quem apoia é quem não sabe do que está falando…
Não é por outra razão que a imprensa internacional está ironizando o Brasil, após o primeiro choque de perplexidade – outros virão.
Só para ficar em um órgão de imprensa insuspeito de ser petista, a revista Veja publica matéria em que informa que “Os principais jornais do mundo estamparam (…) a opção pelo juiz que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cadeia e que, com isso, abriu caminho para a vitória eleitoral do candidato do PSL”.
O jornal El País, da Espanha, estampou a manchete: “O juiz que encarcerou Lula da Silva aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro”. A reportagem chama o futuro ministro de “herói do antipetismo”
O jornal britânico The Times viralizou na internet a manchete “Jair Bolsonaro promete alto cargo a juiz que aprisionou seu rival”. Como nas demais publicações, o texto referiu-se a Lula como o adversário real do candidato do PSL à eleição presidencial, e não Fernando Haddad, que assumiu a chapa petista apenas depois de 11 de setembro.
O francês Le Monde apontou as “ambiguidades” do juiz, além de lançar uma incômoda pergunta: “Foi por ter aprisionado o líder da esquerda brasileira que o magistrado será recompensado pelo futuro chefe de Estado de extrema-direita, Jair Bolsonaro?”.
Nos Estados Unidos, o The New York Times também ironiza a nomeação de Moro: “Juiz brasileiro que condenou Lula aceita cargo no gabinete de Bolsonaro”. Para o diário norte-americano, a decisão de Moro de assumir o comando do Ministério da Justiça “foi recebida com indignação
Mas não é só a (má) fama de Bolsonaro e a escandalosa premiação que deu ao juiz que tirou da eleição o único que poderia derrotá-lo que está expondo o Brasil ao ridículo diante do mundo. A adesão inconsequente de Bolsonaro à atitude anti diplomática do presidente da maior superpotência do mundo, Donald Trump, de afrontar o mundo árabe com a mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém está sendo ridicularizada porque o Brasil não é rico como os EUA e pode perder muito dinheiro com essa estupidez.
De acordo com a Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil), 45% da carne de frango e 40% da bovina que o país exporta hoje levam o selo halal – ou seja, pode ser consumida segundo preceitos islâmicos. Se houver ruptura com os países islâmicos – e todos apoiam a questão palestina contra Israel, que compra pouquíssimo do Brasil, são contra a proposta de Bolsonaro -, o Brasil perderá bilhões e bilhões de dólares.
E a prova de que o Brasil será retaliado por todos os países muçulmanos foi noticiada também pela Veja.
Às vésperas de o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, desembarcar no Cairo para visita oficial, o governo do Egito cancelou o compromisso por causa da decisão do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.
E quando a imprensa pergunta a Bolsonaro sobre essa burrada diplomática, o que é que ele faz? Abandona a entrevista, zangado por sua declaração irresponsável sobre mudar a embaixada em Israel para território que não pertence a Israel ter causado problemas diplomáticos sérios ao Brasil.
Diante de tudo isso, fica fácil perceber quanto tempo irá demorar para que a maioria dos brasileiros que elegeu esse sujeito descubra a besteira que fez. Claro que vai demorar um pouco para essa gente teimosa dar o braço a torcer, mas nada como piorar de vida para instilar humildade em cabeças-duras…
Confira a reportagem em vídeo [aqui].
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