Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Não passa um dia sem que Bolsonaro e família façam algum ataque grosseiro ao ex-presidente Lula, encarcerado há 9 meses em Curitiba.
Preparados para a guerra, militares precisam sempre de um inimigo a ser abatido para justificar a própria existência.
Lula foi escolhido para ser esse inimigo.
Fora do Exército há 30 anos, o mesmo tempo em que virou político profissional do baixo clero, o capitão reformado quer herdar a popularidade de Lula como seu antagonista, combatendo-o mesmo depois da eleição.
Em suas manifestações nas redes sociais, declarações truncadas e camisetas usadas pela família no melhor estilo Collor, Bolsonaro sempre dá um jeito de alvejar Lula.
Mais de uma vez, o presidente eleito já ameaçou seus aliados com a volta do PT se não forem fiéis a ele.
Com a oposição em férias, respeitando obsequioso silêncio ao vencedor, esta é uma guerra, por enquanto, que tem um lado só.
Quando o governo começar e enfrentar seus primeiros problemas podem apostar que ele jogará toda a responsabilizado em Lula e no PT.
Afinal, ele se elegeu com os votos do antipetismo e até agora não conseguiu apresentar um programa de governo.
Com seu exótico ministério montado em feudos, em que os militares se destacam, durante o governo de transição ele se aproximou cada vez mais dos quartéis e dos templos evangélicos.
Com bobagens como escola sem partido, globalismo, goiabeiras, kit gay, vai distraindo a distinta plateia porque até agora não conseguiu dizer o que pretende fazer no governo, além de continuar batendo nos “vermelhos”, o genérico com que identifica seus inimigos.
Amigos de verdade, além de Trump e Bibi, são tipos como o motorista Queiroz, cevado no clientelismo dos gabinetes da família.
Essa dança do poder até aqui deprimente tem prazo de validade.
A mesma rede social das fake news que o levou ao poder pode se voltar contra ele, mais cedo do que imagina, quando o eleitorado se der conta de que votou numa grande farsa.
Enquanto Guedes quebra a cabeça para ver onde pode cortar e o que vender para fechar as contas, caberá a Moro mandar prender e arrebentar para ganhar as manchetes e esconder as investigações sobre a “movimentação atípica” da conta bancária de Queiroz.
É o que nos espera nos primeiros dias do novo governo.
Nada muito animador, a não ser para os mais fanáticos e cegos de ódio seguidores do “Mito”, que continuam em campanha nas redes do bolsonarismo.
Campanha para que?, pode-se perguntar.
Faltam agora só três dias.
Bom final de semana a todos.
Vida que segue.
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