Bolsonaristas querem uma Noite dos Cristais

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Nas ruas do Rio vê-se cada vez menos gente com adesivos contendo mensagens políticas e eleitorais colados em roupas, bolsas e mochilas. Os adesivos sumiram por causa do medo sentido por quem os exibia até a votação do primeiro turno. Medo da violência contra quem pensa diferente. Além do medo político e do medo existencial, alastra-se o medo físico.

Não é paranoia dos que se recolheram à discrição. A onda de violência não aguardou, para rebentar, o sol da manhã seguinte ao tsunami eleitoral bolsonarista. Na madrugada de 8 de outubro, o mestre capoeirista, compositor, fundador do Afoxé Badauê e militante negro Moa do Katendê foi morto a sangue frio em Salvador. O barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana desferiu-lhe 12 facadas. Moa tinha 63 anos. Paulo Sérgio tem 36.

As consequências econômicas de Bolsonaro

Por Douglas Alencar, no site Brasil Debate:

O plano econômico de Bolsonaro apresenta três pilares, que não são explicados em sua exaustão no plano de governo do candidato, mas indicam o caminho para a economia brasileira sob a sua gestão. Os três pilares são i) a privatização sem limites; ii) a redução dos direitos do trabalhador (a Carteira Amarela), e iii) a independência do Banco Central do Brasil. O conjunto dessas políticas irão agravar a crise econômica brasileira, que levará ao caos as grandes cidades, e irá impactar negativamente a vida da população mais vulnerável.

Por que lutar até o fim para virar o jogo

Por Bepe Damasco, em seu blog:

1- Em primeiro lugar, por um imperativo de ordem moral: a história cobrará de todos e todas em que trincheira se encontravam em 2018, encruzilhada dramática da história do país.

2- Uma eleição atípica como a atual não pode ser considerada resolvida porque, faltando pouco mais de dez dias para a votação, um dos candidatos abriu boa diferença, de acordo com as pesquisas. Escrevo na tarde de terça-feira, 16 de outubro, e até agora todos os levantamentos de segundo turno foram a campo sábado e domingo passados. Como a propaganda eleitoral de rádio e TV foi retomada na última sexta-feira, seus efeitos pouco se refletiram nessas pesquisas.

Na reta final, lutar e vencer

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Alguém em sã consciência e honestidade de propósitos duvida de que foi uma vitória Fernando Haddad se qualificar para o segundo turno com 31.342.005 votos, no quadro de uma luta desigual?

Desde 2013, o Brasil vive uma vertiginosa onda de direita, que se tem acentuado e avolumado com uma sucessão de fatos que em seu conjunto podem ser qualificados como uma espécie de contrarrevolução. Dentre esses acontecimentos funestos se destacam a destituição da presidenta Dilma Rousseff e a prisão do presidente Lula.

A guerra cibernética contra Haddad-Manuela

Por Jeferson Miola, em seu blog: 

Os surpreendentes resultados da eleição deste ano não encontram suficientes explicações nos marcos da sociologia, da antropologia, da ciência política ou nas falhas metodológicas das pesquisas de opinião.

Além de completos desconhecidos eleitos para o Congresso e de outros candidatos exóticos liderando o segundo turno para governos estaduais, elegeu-se deputado federal até um candidato youtuber que reside há 4 anos em Miami/EUA!

Esse fenômeno, que decididamente está longe de representar um processo democrático e soberano de deliberação pública para a representação política, está atrelado à onda nazi-bolsonarista que ocupou a cena nacional.

O primeiro turno em três tempos

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Três eventos marcaram a primeira fase da campanha presidencial. Na sequência, avalio cada um:

1. A facada

Em 6 de setembro, Jair Bolsonaro sofreu a facada durante evento de campanha e saiu gravemente ferido, ao que parece. A primeira reação de seu staff foi demonstrar receio de que o ferimento prejudicasse a imagem de força física cultivada pelo candidato.

Correram para afirmar que não havia sido nada, que o candidato era “forte como um cavalo”, nas palavras de um dos filhos.

"Bolsonaro já ganhou" é fake news

Editorial do site Vermelho:

O campo democrático e popular tem que repelir o clima derrotista que a mídia tenta impor à militância e aos simpatizantes da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila, como base nas pesquisa de intenção de voto. Quer, com isso, passar a mensagem de que restaria ao campo progressista somente esperar por um acontecimento fortuito, de grande peso, algo que abalroasse a campanha de Bolsonaro. Por esse raciocínio, só um raio – ou coisa que o valha –, que acertasse em cheio a candidatura da extrema-direita, poderia tirar-lhe a vitória. Esse consórcio mídia-Bolsonaro visivelmente proclama sua vitória antes da hora, com o nítido objetivo de paralisar a militância e os apoiadores da chapa democrática e progressista.


O que aprender de um primeiro turno atípico

Por Róber Iturriet Avila, no site Outras Palavras:

- A extrema-direita teve uma evidente vitória. Deputados, senadores e talvez governadores. Mesmo que leve a virada, Bolsonaro afirma-se como líder e conquista grande espaço. Encampa o desejo de mudança contra o sistema.

- A última semana trouxe uma onda bolsonarista. Aparentemente, as igrejas evangélicas tiveram influência.

- Temos um novo partido com mistos de autoritarismo (político) neoliberalismo (econômico) e protofascismo (político e cultural). Houve força fascista no passado brasileiro, mas não com tamanho enraizamento e representatividade eleitoral. Outros países têm também partidos e mesmo governos fascistas.

Bolsonaro e a ascensão do fascismo

Por Jessé Souza, no Jornal GGN:

Todo fascismo é reflexo de uma luta de classes truncada, percebida de modo distorcido e por conta disso violento e irracional no seu cerne. A elite e a alta classe média haviam, com sucesso, legitimado a opressão das classes populares pelo moralismo seletivo da corrupção apenas do Estado e da política como forma de criminalizar a soberania popular. Os “belgas”, que se vem como estrangeiros na própria terra, oprimiram o “Congo”, ou seja, o próprio povo, e o reduziram á pobreza e á ignorância. O ódio ao escravo se transformou simplesmente em ódio ao pobre. O escravo negro é eternizado nas massas majoritariamente mestiças com escolaridade precária condenadas ao trabalho desqualificado e semiqualificado. Esta é a base primeira de todo o ódio e ressentimento reprimido e recalcado que é o núcleo da sociedade brasileira. O fascismo implícito sempre foi o DNA da opressão de classes entre nós. O que tem que ser explicado, portanto, é como ele contaminou as próprias classes populares.

Um canalha à porta do Planalto

Por Francisco Assis, no site Jornalistas Livres:

1. Carlos Alberto Brilhante Ustra foi um dos maiores, senão mesmo o maior torcionário [torturador], no tempo da ditadura militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Em 2008 foi o primeiro oficial condenado por sequestro e tortura. Comprovadamente, maltratou física e psicologicamente centenas de pessoas e chegou ao limite de obrigar crianças a presenciarem o dilacerante espetáculo do espancamento dos respectivos progenitores. Nunca reconheceu os seus crimes nem manifestou o mais leve arrependimento pelos seus atos desumanos. Era um canalha. Morreu em 2015, em Brasília, na cama de um hospital.