Por Elaine Tavares, no site Jornalistas Livres:
Nicolás Maduro começa hoje seu segundo mandato na presidência na Venezuela, depois de vencer as eleições gerais em maio do ano passado com 70% dos votos. A mídia brasileira tem dado destaque ao discurso da oposição venezuelana, que alega não ser legítima essa posse. Ora, e por que não é legítima? Porque os Estados Unidos assim decidiram e os seus aliados dentro da Venezuela seguem a receita.
Desde a eleição de Hugo Chávez em 1998 a elite venezuelana, que sempre sugou as riquezas do país em benefício próprio, tem procurado recuperar sua posição de mando dentro do país. Tudo já foi tentado, inclusive um golpe midiático/militar no ano de 2002 que terminou em fracasso. Com a maioria do exército do seu lado e com a organização popular, Chávez foi reconduzido e seguiu atuando no sentido de garantir a soberania da Venezuela. Seus mandatos foram marcados por grandes processos eleitorais com massiva participação popular. A oposição, organizada e financiada pelos Estados Unidos tentou disputar. Perdeu. Depois decidiu não disputar, denunciando uma ditadura. Fracasso de novo. Que ditadura era aquela na qual a população – em sua maioria – determinava os destinos do país em sucessivas e democráticas consultas nacionais?
A saída foi garantir o desaparecimento de Chávez. Acreditavam que se ele sumisse tudo voltaria ao normal e o povo voltaria a obedecer. Assim, um câncer apareceu e em pouco tempo o presidente estava morto. Muitas são as teorias sobre essa morte, inclusive a de que o câncer foi plantado. Tudo é possível. Chávez tinha acabado de ganhar novas eleições, mas não assumiu. Nicolás Madura era seu vice e a oposição começou uma campanha para que o vice não assumisse. De novo, a chamada “democracia” burguesa foi quebrada, afinal em qualquer processo democrático, morto o presidente assume o vice. Na Venezuela não, chamavam de golpe.
Pois bem, fizeram-se novas eleições. Maduro disputou e venceu. Ainda assim, seguiram gritando: golpe, golpe. Porque na democracia burguesa é assim. Se a elite ganha, está muito bem, o processo foi democrático e há que aceitar. Mas, se perde, aí é golpe. E os papagaios da mídia internacional reproduzem à exaustão.
Derrotados nas urnas, os opositores venezuelanos, que nunca sofreram qualquer censura, voltaram à carga. Dessa vez organizaram as chamadas “guarimbas”, que são trancamentos violentos de rua. Os opositores botaram fogo em prédios públicos, como escolas e hospitais, e chegaram a queimar pessoas vivas nesses protestos, mas a mídia internacional, com a brasileira incluída, seguia dizendo que eles eram os bonzinhos e que Maduro usava a repressão contra os protestos “legítimos”. A pergunta é: um governo deve permitir que grupos paramilitares queimem vivos os seus cidadãos, ou que ameacem de maneira tão brutal crianças e doentes? Maduro reagiu como tinha de ser. E a maioria do povo apoiou.
Ainda assim a tentativa de desestabilização não deu certo. Os protestos foram rechaçados pela própria população organizada junto com as forças governamentais. E mesmo que a mídia insistisse com a velha mentira de que aquele governo era uma ditadura, os venezuelanos venceram a batalha e seguiram suas vidas.
A oposição iniciou então uma guerra econômica que consiste em esconder produtos para provocar o desabastecimento, criando uma crise generalizada, provocando a fome e a violência entre as pessoas. Esse processo começou no ano de 2015 e segue até hoje, com o governo encontrando caminhos para escapar de mais esse ataque que vem de dentro e de fora, eivado de financiamentos internacionais. Afinal, desde o governo Obama que a Venezuela é um ponto de honra para os Estados Unidos. Há que derrubar o governo e acabar com o bolivarianismo, porque ali manda o povo organizado e isso não é bom para o império.
E foi no meio de mais esse ataque movido pelos Estados Unidos, aliançado com a elite local que não se conforma em ter perdido seus privilégios, que o governo chamou uma eleição para uma nova Assembleia Nacional Constituinte. De novo o povo votou e decidiu. A oposição, já ciente da derrota, não participou, e preferiu manter sua tática de acusar de ditadura um governo que age conforme manda a Constituição.
No Brasil, a mídia comercial sempre esteve aliada ao discurso dos Estados Unidos, então não é novidade que volte à carga outra vez agora nesse momento de assunção de um novo mandato para Maduro. Ainda que tenha sido eleito com 70% dos votos, o governo é chamado de ditatorial. Dois pesos e duas medidas.
No Brasil, em 2016, quando um Congresso corrupto tirou do governo uma presidenta legitimamente eleita, foi aclamado como “limpeza contra a corrupção”. O golpe foi legitimado. E, mesmo com quase 300 dos 500 deputados envolvidos em corrupção, ninguém na mídia comercial ousou chamar de “golpe”. Era a democracia se expressando. Mas, na Venezuela, a verdadeira democracia participativa é chamada de “ditadura”. Um samba descompassado que só entende quem consegue fazer as ligações.
Nas redes sociais, alimentadas por uma centena de postagens mentirosas e manipuladas, as pessoas reproduzem os absurdos contra a Venezuela e pedem que o governo brasileiro ajude o “pobre” dos Estados Unidos a restabelecer a democracia no país vizinho. Uma nova versão do que foi a primavera árabe que, também com mentiras e manipulações, tirou do governo vários líderes nacionalistas, que buscavam saídas locais para suas realidades, sem alinhamento com os Estados Unidos.
Parte da chamada esquerda brasileira também faz coro com a mentira estadunidense e ajuda a aprofundar o drama da Venezuela. Com discursos melodramáticos em nome do “povo que passa fome” lideranças do PSTU, do PSOL e até do PT pedem por democracia na Venezuela aliando-se ao império.
É fato que o governo de Nicolás Maduro tem muitos problemas, como todo governo tem, e a crítica é legitima. Mas, essa crítica deve ser feita desde a esquerda, no sentido de melhorar o que ainda não está bom, fortalecendo as conquistas que foram garantidas com o bolivarianismo. Embarcar na mentira estadunidense é respaldar o massacre da população que virá caso haja uma guerra ou voltem os mesmos que durante séculos sugaram as riquezas do país.
Nicolás Maduro toma posse como presidente, porque foi eleito pela maioria e tem o respaldo da sociedade organizada. Todo o processo foi democrático, dentro dos cânones da democracia participativa que é a que comanda a vida na Venezuela, respaldada pela sua Constituição. Se a oposição quer Maduro fora do poder que se organize e dispute o governo no seio da população. Mas dispute com honra e não com terrorismo, como tem feito desde 1998. Sabe-se que esse não é o modo de agir da direita internacional, capacho dos Estados Unidos. Sua linha de ação é o terror, a mentira e a manipulação.
Com isso é impossível compactuar. Sendo assim, reproduzir o discurso da elite venezuelana é aliar-se ao terror e negar a autodeterminação dos povos. Se a Venezuela tem problemas, que resolva internamente. Ninguém tem o direito de intervir na soberania do país.
Desde a eleição de Hugo Chávez em 1998 a elite venezuelana, que sempre sugou as riquezas do país em benefício próprio, tem procurado recuperar sua posição de mando dentro do país. Tudo já foi tentado, inclusive um golpe midiático/militar no ano de 2002 que terminou em fracasso. Com a maioria do exército do seu lado e com a organização popular, Chávez foi reconduzido e seguiu atuando no sentido de garantir a soberania da Venezuela. Seus mandatos foram marcados por grandes processos eleitorais com massiva participação popular. A oposição, organizada e financiada pelos Estados Unidos tentou disputar. Perdeu. Depois decidiu não disputar, denunciando uma ditadura. Fracasso de novo. Que ditadura era aquela na qual a população – em sua maioria – determinava os destinos do país em sucessivas e democráticas consultas nacionais?
A saída foi garantir o desaparecimento de Chávez. Acreditavam que se ele sumisse tudo voltaria ao normal e o povo voltaria a obedecer. Assim, um câncer apareceu e em pouco tempo o presidente estava morto. Muitas são as teorias sobre essa morte, inclusive a de que o câncer foi plantado. Tudo é possível. Chávez tinha acabado de ganhar novas eleições, mas não assumiu. Nicolás Madura era seu vice e a oposição começou uma campanha para que o vice não assumisse. De novo, a chamada “democracia” burguesa foi quebrada, afinal em qualquer processo democrático, morto o presidente assume o vice. Na Venezuela não, chamavam de golpe.
Pois bem, fizeram-se novas eleições. Maduro disputou e venceu. Ainda assim, seguiram gritando: golpe, golpe. Porque na democracia burguesa é assim. Se a elite ganha, está muito bem, o processo foi democrático e há que aceitar. Mas, se perde, aí é golpe. E os papagaios da mídia internacional reproduzem à exaustão.
Derrotados nas urnas, os opositores venezuelanos, que nunca sofreram qualquer censura, voltaram à carga. Dessa vez organizaram as chamadas “guarimbas”, que são trancamentos violentos de rua. Os opositores botaram fogo em prédios públicos, como escolas e hospitais, e chegaram a queimar pessoas vivas nesses protestos, mas a mídia internacional, com a brasileira incluída, seguia dizendo que eles eram os bonzinhos e que Maduro usava a repressão contra os protestos “legítimos”. A pergunta é: um governo deve permitir que grupos paramilitares queimem vivos os seus cidadãos, ou que ameacem de maneira tão brutal crianças e doentes? Maduro reagiu como tinha de ser. E a maioria do povo apoiou.
Ainda assim a tentativa de desestabilização não deu certo. Os protestos foram rechaçados pela própria população organizada junto com as forças governamentais. E mesmo que a mídia insistisse com a velha mentira de que aquele governo era uma ditadura, os venezuelanos venceram a batalha e seguiram suas vidas.
A oposição iniciou então uma guerra econômica que consiste em esconder produtos para provocar o desabastecimento, criando uma crise generalizada, provocando a fome e a violência entre as pessoas. Esse processo começou no ano de 2015 e segue até hoje, com o governo encontrando caminhos para escapar de mais esse ataque que vem de dentro e de fora, eivado de financiamentos internacionais. Afinal, desde o governo Obama que a Venezuela é um ponto de honra para os Estados Unidos. Há que derrubar o governo e acabar com o bolivarianismo, porque ali manda o povo organizado e isso não é bom para o império.
E foi no meio de mais esse ataque movido pelos Estados Unidos, aliançado com a elite local que não se conforma em ter perdido seus privilégios, que o governo chamou uma eleição para uma nova Assembleia Nacional Constituinte. De novo o povo votou e decidiu. A oposição, já ciente da derrota, não participou, e preferiu manter sua tática de acusar de ditadura um governo que age conforme manda a Constituição.
No Brasil, a mídia comercial sempre esteve aliada ao discurso dos Estados Unidos, então não é novidade que volte à carga outra vez agora nesse momento de assunção de um novo mandato para Maduro. Ainda que tenha sido eleito com 70% dos votos, o governo é chamado de ditatorial. Dois pesos e duas medidas.
No Brasil, em 2016, quando um Congresso corrupto tirou do governo uma presidenta legitimamente eleita, foi aclamado como “limpeza contra a corrupção”. O golpe foi legitimado. E, mesmo com quase 300 dos 500 deputados envolvidos em corrupção, ninguém na mídia comercial ousou chamar de “golpe”. Era a democracia se expressando. Mas, na Venezuela, a verdadeira democracia participativa é chamada de “ditadura”. Um samba descompassado que só entende quem consegue fazer as ligações.
Nas redes sociais, alimentadas por uma centena de postagens mentirosas e manipuladas, as pessoas reproduzem os absurdos contra a Venezuela e pedem que o governo brasileiro ajude o “pobre” dos Estados Unidos a restabelecer a democracia no país vizinho. Uma nova versão do que foi a primavera árabe que, também com mentiras e manipulações, tirou do governo vários líderes nacionalistas, que buscavam saídas locais para suas realidades, sem alinhamento com os Estados Unidos.
Parte da chamada esquerda brasileira também faz coro com a mentira estadunidense e ajuda a aprofundar o drama da Venezuela. Com discursos melodramáticos em nome do “povo que passa fome” lideranças do PSTU, do PSOL e até do PT pedem por democracia na Venezuela aliando-se ao império.
É fato que o governo de Nicolás Maduro tem muitos problemas, como todo governo tem, e a crítica é legitima. Mas, essa crítica deve ser feita desde a esquerda, no sentido de melhorar o que ainda não está bom, fortalecendo as conquistas que foram garantidas com o bolivarianismo. Embarcar na mentira estadunidense é respaldar o massacre da população que virá caso haja uma guerra ou voltem os mesmos que durante séculos sugaram as riquezas do país.
Nicolás Maduro toma posse como presidente, porque foi eleito pela maioria e tem o respaldo da sociedade organizada. Todo o processo foi democrático, dentro dos cânones da democracia participativa que é a que comanda a vida na Venezuela, respaldada pela sua Constituição. Se a oposição quer Maduro fora do poder que se organize e dispute o governo no seio da população. Mas dispute com honra e não com terrorismo, como tem feito desde 1998. Sabe-se que esse não é o modo de agir da direita internacional, capacho dos Estados Unidos. Sua linha de ação é o terror, a mentira e a manipulação.
Com isso é impossível compactuar. Sendo assim, reproduzir o discurso da elite venezuelana é aliar-se ao terror e negar a autodeterminação dos povos. Se a Venezuela tem problemas, que resolva internamente. Ninguém tem o direito de intervir na soberania do país.
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