Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
A decisão do ministro Dias Toffoli pode ser vista como uma página de realismo fantástico. Ele autorizou Lula a ir ao velório do irmão, desde que o corpo fosse levado a uma unidade militar. Poderíamos imaginar algum sargento exigindo a identificação do cadáver pra autorizar a entrada do caixão…
A decisão, no entanto, saiu quando o corpo já fora baixado à sepultura no ABC paulista. Podemos imaginar então um tenente do bravo Exército nacional exigindo que o corpo de Vavá fosse desenterrado e levado até o quartel. Cumpra-se! Selva! Brasil acima de todos os corpos e caixões!
O episódio ajudará a contar, em futuro próximo, a história abjeta de perseguição ao ex-presidente. Lula estará nos livros como grande líder popular. Seus algozes serão nota de rodapé.
Atentemos, no entanto, para um detalhe (minúsculo, diante de tantas derrotas para os que defendem Lula): a decisão de Toffoli crava na testa da juíza carcereira de Curitiba e da PF (lembremos que os lavajateiros, perversos, haviam negado autorização para Lula ir ao enterro) que eles agem em desacordo com a Constituição e perseguem Lula.
Fica esse carimbo: abuso de autoridade e perseguição… sob comando do Moro.
Claro que, ao remeter para a PF opinar sobre a autorização, numa atitude inusual e abjeta, a juíza carcereira de Curitiba sabia que na verdade era Moro – chefe da PF – quem opinaria. Moro é o algoz e carcereiro indireto.
Toffoli cravou esse carimbo na testa dos lavajateiros: abusaram de autoridade. Usaram togas e prerrogativas policiais para fazer política.
Toffoli procurou se diferenciar dos carcereiros, decidindo de forma caricata por um velório em quartel militar. Seria simbólico!
E há outro ponto a ressaltar: Mourão, um vice com apetite de poder, já havia dito que Lula teria direito sim de ir ao enterro. Toffoli, parece claro, agiu em acordo com a facção militar do governo.
Há, portanto, nuances entre o regime Moro/Bolsonaro e a facção militar. Essa última parece menos propensa a aventuras que gerem um quadro de completa anarquia institucional.
O regime Moro/Bolsonaro é um capitulo do avanço conservador. Pode ser descartado em breve pela facção militar. Essa disputa já se trava. E Lula é um troféu em disputa.
Toffoli, amparado por Mourão e os militares, passa aos lavajateiros e Moro o recado: “não avancem tantos sinais, nisso não estaremos juntos”.
E, mais que isso, Toffoli oferece ao mundo (e aos simpatizantes de Bolsonaro menos tresloucados) uma decisão didática a demonstrar o grau de perseguição a que Lula esta submetido.
É uma pequena vitoria em meio a tantas derrotas para o campo lulista.
A decisão do ministro Dias Toffoli pode ser vista como uma página de realismo fantástico. Ele autorizou Lula a ir ao velório do irmão, desde que o corpo fosse levado a uma unidade militar. Poderíamos imaginar algum sargento exigindo a identificação do cadáver pra autorizar a entrada do caixão…
A decisão, no entanto, saiu quando o corpo já fora baixado à sepultura no ABC paulista. Podemos imaginar então um tenente do bravo Exército nacional exigindo que o corpo de Vavá fosse desenterrado e levado até o quartel. Cumpra-se! Selva! Brasil acima de todos os corpos e caixões!
O episódio ajudará a contar, em futuro próximo, a história abjeta de perseguição ao ex-presidente. Lula estará nos livros como grande líder popular. Seus algozes serão nota de rodapé.
Atentemos, no entanto, para um detalhe (minúsculo, diante de tantas derrotas para os que defendem Lula): a decisão de Toffoli crava na testa da juíza carcereira de Curitiba e da PF (lembremos que os lavajateiros, perversos, haviam negado autorização para Lula ir ao enterro) que eles agem em desacordo com a Constituição e perseguem Lula.
Fica esse carimbo: abuso de autoridade e perseguição… sob comando do Moro.
Claro que, ao remeter para a PF opinar sobre a autorização, numa atitude inusual e abjeta, a juíza carcereira de Curitiba sabia que na verdade era Moro – chefe da PF – quem opinaria. Moro é o algoz e carcereiro indireto.
Toffoli cravou esse carimbo na testa dos lavajateiros: abusaram de autoridade. Usaram togas e prerrogativas policiais para fazer política.
Toffoli procurou se diferenciar dos carcereiros, decidindo de forma caricata por um velório em quartel militar. Seria simbólico!
E há outro ponto a ressaltar: Mourão, um vice com apetite de poder, já havia dito que Lula teria direito sim de ir ao enterro. Toffoli, parece claro, agiu em acordo com a facção militar do governo.
Há, portanto, nuances entre o regime Moro/Bolsonaro e a facção militar. Essa última parece menos propensa a aventuras que gerem um quadro de completa anarquia institucional.
O regime Moro/Bolsonaro é um capitulo do avanço conservador. Pode ser descartado em breve pela facção militar. Essa disputa já se trava. E Lula é um troféu em disputa.
Toffoli, amparado por Mourão e os militares, passa aos lavajateiros e Moro o recado: “não avancem tantos sinais, nisso não estaremos juntos”.
E, mais que isso, Toffoli oferece ao mundo (e aos simpatizantes de Bolsonaro menos tresloucados) uma decisão didática a demonstrar o grau de perseguição a que Lula esta submetido.
É uma pequena vitoria em meio a tantas derrotas para o campo lulista.
A notícia de que o cadáver de Vavá teria que ser levado a um quartel, por decisão do STF, é algo monstruoso, além de cômica. O mais interessante é se a ordem também prevê ou poderia ser interpretado como prevendo, que o caixão fosse desenterrado e levado, sob proteção do glorioso exército de Caxias, até ao quarte. Os familiares e Lula se congraçariam e chorariam diante do corpo, sob a guarda do glorioso exército nacional, que somaria mais esse feito histórico à sua história. E o Lula, proibido de se manifestar, receberia ordens de um cabo ou sargento para se calar, se falasse um pouco mais alto. E o comandante do quartel decidiria que Lula não poderia se manifestar e que a dor da perda do irmão poderia ser uma manifestação política de desagrado ou revolta ou inconformismo diante da impecável sentença do Moro, confirmada em segunda instância por três desembargadores impolutos.
ResponderExcluirIsso é um país ou um hospício?