terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O carnaval dos generais e dos 'olavetes'

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

No grande picadeiro federal, os ministros olavetes endoidaram de vez.

Ficam batendo palmas para ver louco dançar, enquanto os generais do Planalto não se entendem sobre o que fazer com a Venezuela.

A porta-bandeira Dalmares e o mestre-sala colombiano evoluem com garbo pela avenida da insensatez, trocando o samba pelo Hino Nacional ao pé da goiabeira.

O chanceler aloprado quer guerra a qualquer preço e, sem saber o que fazer, o capitão sumiu até das redes sociais.

Tudo bem que é tempo de folia, os blocos tomam conta das ruas, a cerveja corre solta, mas esse ano parece que estão exagerando na dose.

Já não dá para separar o noticiário de Brasília da cobertura de Carnaval, a fantasia da realidade, as crasy news da ordem do dia do general porta-voz.

Virou tudo um pacote só, misturando Previdência do Guedes com Lava Jato do Moro e comissão de frente com laranjais de caixa dois.

Nunca se falou tanto de “Deus acima de todos!”, mas o Brasil está ficando é do jeito que o diabo gosta, com vaca estranhando bezerro e poste mijando em cachorro.

Stanislaw Ponte Preta e Nelson Rodrigues não sabem o que estão perdendo.

Só mesmo um Gabriel Garcia Marquez para descrever o que se passa neste verão brasileiro, que supera qualquer realismo mágico.

Apresentado pelo jornal como “precursor do humor jornalístico”, José Simão, o Macaco Simão da Folha, virou o melhor comentarista político da imprensa brasileira.

É tudo tão trágico que acaba virando comédia, mas ninguém deveria achar graça nas legiões de deserdados jogados nas calçadas das grandes cidades, atrapalhando o trânsito de pedestres.

A cada dia, um escândalo supera o outro, o festival de hipocrisia e cinismo se alastra, com dirigentes da Vale e do Flamengo mangando das vítimas.

“Vamos salvar a Previdência”, clama Nizan Guanaes, anunciando a salvação da lavoura: “Já se calcula que US$ 100 bilhões estão para serem investidos no Brasil, mas esperam a aprovação das mudanças”. De onde o amigo tirou isso?

Vão esperar sentados, se depender das grandes corporações do funcionalismo público civil e militar, que mandam no Brasil e já avisaram que não aceitam reforma nenhuma, como já aconteceu tantas outras vezes, desde o século passado.

Antes diziam que era só derrubar a Dilma e prender o Lula que tudo se resolveria, choveria dinheiro nos céus do Brasil, todos os nossos problemas estariam resolvidos, como anunciavam os tabajaras do Casseta & Planeta.

“Sou do Mato Grosso. Lá a gente lida com chantagista assim: é matar ou morrer”, reagiu o grande jurista Gilmar Mendes, ao saber que caiu na malha-fina da Receita Federal.

Como as armas agora estão sendo liberadas, e há muita gente graúda nesta malha, corremos o risco do Carnaval 2019 virar um grande bangue-bangue, que não vai respeitar nem mulher pelada.

Para não ficar fora da folia, o governador paulista João Doria já lançou a doidivanas Joice Hasselmann, uma bolsonarista de raiz, para candidata a prefeita de São Paulo em 2020, dando um chega para lá no tucano Bruno Covas, seu herdeiro político.

Já tinha feito o mesmo para trair seu padrinho Geraldo Alckmin para apoiar Bolsonaro na eleição passada.

Como nos velhos carnavais do lança-perfume e da serpentina, ninguém é de ninguém, acabaram-se os partidos e as lealdades. É o salve-se quem puder.

Agora, nos folguedos momescos desta cabulosa era da nova ordem, com os generais de pijama disputando espaço com os filhos do capitão, nem tudo vai acabar na Quarta-feira de Cinzas.

O pior é isso: pode estar só começando…

Vida que segue.

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