Por Wevergton Brito Lima, no site Pega na Geral:
Um dos métodos mais antigos e eficazes que o jornal O Globo usa para manipular informações tem como base a constatação de que grande parte dos leitores só lê a manchete de uma matéria, ou o seu primeiro parágrafo, chamado, no jargão jornalístico, de “lead” ou lide.
Na edição desta sexta-feira (22), em uma leitura rápida, já encontramos dois exemplos deste método. A proposta da reforma da previdência, enviada pelo Governo ao Congresso, pode ser resumida da seguinte forma: iremos nos aposentar muito perto de morrer, ganhando um salário miserável, o que, aliás, apressará nossa morte. Um plano morbidamente bem bolado. Parece até feito por milicianos.
No entanto, O Globo apoia entusiasticamente a reforma da previdência do Governo Bolsonaro. Talvez, se o leitor soubesse que o Grupo Globo é proprietário da maior empresa de previdência privada do Brasil: A Mapfre Seguradora Vera Cruz S/A (veja documentos ao final) ele pudesse compreender melhor o que está por trás de tal visão. Mas, em geral, o leitor não sabe disso e é soterrado por uma enxurrada de matérias e de textos escritos por colunistas amestrados dizendo que o Brasil resolverá seus problemas de fome e miséria condenando boa parte dos nossos idosos à fome e à miséria.
Daí que na capa de O Globo de hoje, uma das manchetes diz: “Elite de Servidores perde mais no cálculo de benefício”.
Um dos métodos mais antigos e eficazes que o jornal O Globo usa para manipular informações tem como base a constatação de que grande parte dos leitores só lê a manchete de uma matéria, ou o seu primeiro parágrafo, chamado, no jargão jornalístico, de “lead” ou lide.
Na edição desta sexta-feira (22), em uma leitura rápida, já encontramos dois exemplos deste método. A proposta da reforma da previdência, enviada pelo Governo ao Congresso, pode ser resumida da seguinte forma: iremos nos aposentar muito perto de morrer, ganhando um salário miserável, o que, aliás, apressará nossa morte. Um plano morbidamente bem bolado. Parece até feito por milicianos.
No entanto, O Globo apoia entusiasticamente a reforma da previdência do Governo Bolsonaro. Talvez, se o leitor soubesse que o Grupo Globo é proprietário da maior empresa de previdência privada do Brasil: A Mapfre Seguradora Vera Cruz S/A (veja documentos ao final) ele pudesse compreender melhor o que está por trás de tal visão. Mas, em geral, o leitor não sabe disso e é soterrado por uma enxurrada de matérias e de textos escritos por colunistas amestrados dizendo que o Brasil resolverá seus problemas de fome e miséria condenando boa parte dos nossos idosos à fome e à miséria.
Daí que na capa de O Globo de hoje, uma das manchetes diz: “Elite de Servidores perde mais no cálculo de benefício”.
Então, Dona Maria, doméstica, ou seu João, servente de pedreiro, não se preocupem. Vocês irão trabalhar duro mais uns dez anos, ganhando mal, para se aposentarem ganhando pior (nem dois salários mínimos), sem dinheiro para comprar remédios e dando seu jeito para se alimentar e conseguir um lugar para dormir, mas como vocês não são “da elite de servidores”, vocês se deram bem!! Eles, que fazem parte da “elite de servidores” (geralmente Desembargadores e Juízes, pois para os generais não muda nada), vão ter que trabalhar alguns anos a mais, cercados pela mordomia costumeira, e ao invés de receber 50 mil por mês de aposentadoria, irão receber apenas 40 mil. Estes sim, estão mal.
No futebol, sabemos da ligação incontestável entre o clã Marinho e o Flamengo. Atualmente, o Clube da Gávea sofre sérios danos a sua imagem devido à condução desumana que o Flamengo vem dando às tratativas com os familiares dos jovens que morreram no incêndio do CT Ninho do Urubu.
Nesta quinta-feira (22) pais dos atletas mortos, revoltados, deram declarações dramáticas ao saírem de uma reunião com representantes do Flamengo. Assisti ao vivo no Sportv. Um deles chamou minha atenção: sua face revelava claramente a mistura de dor e revolta. Ele perguntou aos repórteres qual era a palavra usada para definir pais que perdem os filhos: “Para filhos que perdem os pais existe a palavra órfão, mas qual a palavra que nos define?”. Silêncio. E prosseguiu, visivelmente se controlando para não chorar de raiva: “eles (os dirigentes do Flamengo) abriram a reunião dizendo que nossos filhos não tinham grande valor. Peço que a torcida do Flamengo, que tanto tem nos apoiado, reflita sobre o clube para o qual estão torcendo”.
Senti – eu que não tenho filhos – como que uma pancada no peito, principalmente pela parte em que os pais reclamaram que os dirigentes do Flamengo abriram a reunião falando do “pouco valor” dos jovens mortos. Tal falta de sensibilidade chega a ser inacreditável. Porém, na edição desta sexta-feira, um dos colunistas esportivos de O Globo abre sua coluna da seguinte forma:
“A história mostra que, com sorte, de cada time sub-15 de um grande clube brasileiro, um ou dois jogadores farão carreiras de grande nível. Já estudos da CBF mostram que, dentre os jovens que passam pelo funil da formação e se tornam profissionais, menos de 5% ganham mais do que R$ 5 mil. Cerca de 80% ganham até um salário mínimo. São dados que podem vir à tona quando se discute a indenização às famílias dos jovens que perderam a vida no Ninho do Urubu. É uma forma fria de encaminhar uma etapa que, no fim das contas, precisa ser vencida: compensar minimamente os parentes. Mas quando o Flamengo permite que números ganhem protagonismo, algo soa fora de lugar.”
Embora o articulista, habilmente, enverede por um caminho crítico à postura do Flamengo, o objetivo principal, ao abrir assim sua coluna, é justamente relativizar o sentimento geral de indignação e, em última análise, respaldar a postura do Flamengo neste início de negociação, “afinal, se cerca de 80% dos mortos iria ganhar até um salário mínimo, porque exigir mais do que isso”?
Na manhã desta sexta-feira tentei ver de novo – e fazer uma transcrição mais fiel e completa – as declarações dos pais revoltados (inclusive citando os nomes). Para isso, entrei na página do Sportv (https://sportv.globo.com/site/). Nas três chamadas principais nada sobre a polêmica. Também nada nas dezessete chamadas posteriores. Apenas lá muito embaixo, na vigésima primeira chamada, aparece o assunto: “Francisco Aiello reclama de postura do Flamengo em relação às vítimas de incêndio”.
Isso não deixa de ser uma lição pro Francisco Aiello, criticar o Flamengo no grupo O Globo rende vigésima primeira posição, atrás de chamadas como:
“IEM Katowice: MIBR e Ninjas in Pyjamas se enfrentam na tarde desta sexta por vaga nos playoffs” (se alguém puder traduzir eu agradeço), “Redação elogia Corinthians ofensivo”, “CEO do ONE Championship posa ao lado de Belfort”, “FIFA 19: Pedro Resende ‘esquece’ polêmica do bug”. Entre outros assuntos, todos mais relevantes do que a indignação de pais que perderam seus filhos.
Resultado, desisti de procurar a reportagem com os pais dos garotos, assim como desisti, faz tempo, de levar a sério o “jornalismo” da Globo.
No futebol, sabemos da ligação incontestável entre o clã Marinho e o Flamengo. Atualmente, o Clube da Gávea sofre sérios danos a sua imagem devido à condução desumana que o Flamengo vem dando às tratativas com os familiares dos jovens que morreram no incêndio do CT Ninho do Urubu.
Nesta quinta-feira (22) pais dos atletas mortos, revoltados, deram declarações dramáticas ao saírem de uma reunião com representantes do Flamengo. Assisti ao vivo no Sportv. Um deles chamou minha atenção: sua face revelava claramente a mistura de dor e revolta. Ele perguntou aos repórteres qual era a palavra usada para definir pais que perdem os filhos: “Para filhos que perdem os pais existe a palavra órfão, mas qual a palavra que nos define?”. Silêncio. E prosseguiu, visivelmente se controlando para não chorar de raiva: “eles (os dirigentes do Flamengo) abriram a reunião dizendo que nossos filhos não tinham grande valor. Peço que a torcida do Flamengo, que tanto tem nos apoiado, reflita sobre o clube para o qual estão torcendo”.
Senti – eu que não tenho filhos – como que uma pancada no peito, principalmente pela parte em que os pais reclamaram que os dirigentes do Flamengo abriram a reunião falando do “pouco valor” dos jovens mortos. Tal falta de sensibilidade chega a ser inacreditável. Porém, na edição desta sexta-feira, um dos colunistas esportivos de O Globo abre sua coluna da seguinte forma:
“A história mostra que, com sorte, de cada time sub-15 de um grande clube brasileiro, um ou dois jogadores farão carreiras de grande nível. Já estudos da CBF mostram que, dentre os jovens que passam pelo funil da formação e se tornam profissionais, menos de 5% ganham mais do que R$ 5 mil. Cerca de 80% ganham até um salário mínimo. São dados que podem vir à tona quando se discute a indenização às famílias dos jovens que perderam a vida no Ninho do Urubu. É uma forma fria de encaminhar uma etapa que, no fim das contas, precisa ser vencida: compensar minimamente os parentes. Mas quando o Flamengo permite que números ganhem protagonismo, algo soa fora de lugar.”
Embora o articulista, habilmente, enverede por um caminho crítico à postura do Flamengo, o objetivo principal, ao abrir assim sua coluna, é justamente relativizar o sentimento geral de indignação e, em última análise, respaldar a postura do Flamengo neste início de negociação, “afinal, se cerca de 80% dos mortos iria ganhar até um salário mínimo, porque exigir mais do que isso”?
Na manhã desta sexta-feira tentei ver de novo – e fazer uma transcrição mais fiel e completa – as declarações dos pais revoltados (inclusive citando os nomes). Para isso, entrei na página do Sportv (https://sportv.globo.com/site/). Nas três chamadas principais nada sobre a polêmica. Também nada nas dezessete chamadas posteriores. Apenas lá muito embaixo, na vigésima primeira chamada, aparece o assunto: “Francisco Aiello reclama de postura do Flamengo em relação às vítimas de incêndio”.
Isso não deixa de ser uma lição pro Francisco Aiello, criticar o Flamengo no grupo O Globo rende vigésima primeira posição, atrás de chamadas como:
“IEM Katowice: MIBR e Ninjas in Pyjamas se enfrentam na tarde desta sexta por vaga nos playoffs” (se alguém puder traduzir eu agradeço), “Redação elogia Corinthians ofensivo”, “CEO do ONE Championship posa ao lado de Belfort”, “FIFA 19: Pedro Resende ‘esquece’ polêmica do bug”. Entre outros assuntos, todos mais relevantes do que a indignação de pais que perderam seus filhos.
Resultado, desisti de procurar a reportagem com os pais dos garotos, assim como desisti, faz tempo, de levar a sério o “jornalismo” da Globo.
Documento publicado originalmente pelo jornalista Paulo Henrique Amorim no site conversaafiada.com.br |
Altamiro,
ResponderExcluirConcordo plenamente com tua análise! Pra confirmar este teu sentir, menciono a entrevista que assisti ontem na Globonews, da Miriam Leitão com o Ilan Goldfajn (Presidente do BACEN e mega Executivo de Banco privado). O ENTREVISTADO ganha umas dezenas de milhões de reais por ano (somados salários, bônus e benefícios), a ENTREVISTADORA no entanto tem o descaramento (como economista) de perguntar a ele, se seria "afetado" pelas Reformas da Previdência, recém anunciadas... É o mesmo que "tripudiar" nos Joaões e Marias do Brasil que nunca irão aposentar...pra ficar bem com o "mercado" de interesse da Globo, que "esses" profissionais do jornalismo se prestam!
Veja este link: https://drive.google.com/file/d/1TD8hq-tqbhvWKl0XDjJ3pZvN2OQm0lWf/view?usp=drivesdk
Douglas