quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Partido de Bolsonaro é legenda de aluguel

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

Reportagem da Folha de São Paulo do último domingo, dia 10, apurou que o PSL, partido do atual presidente Jair Bolsonaro, utilizou candidatos laranjas no Estado de Pernambuco para repassar verbas públicas a outras candidaturas.

A candidata a deputada federal Maria de Lourdes Paixão recebeu R$ 400 mil do dinheiro do fundo partidário da sigla, mais que o próprio presidente Jair Bolsonaro. A candidata de fachada foi escolhida de última hora para preencher a cota de mulheres do PSL e o dinheiro foi enviado à candidata pela direção do partido em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição.

Segundo a Folha, 95% desse dinheiro foi gasto em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos, às vésperas da eleição. O resultado para a candidata foi apenas 274 votos. Em visita ao endereço da gráfica declaradas na prestação de contas de Maria de Lourdes Paixão, não havia máquinas ou qualquer sinal de que no local havia funcionado serviços de gráfica durante a eleição. Há todos os indícios de se tratar de serviços de fachada para uma candidatura laranja.

O presidente do PSL, o deputado eleito Luciano Bivar (PE), foi o responsável pela escolha e orientação dos candidatos do PSL de Pernambuco para as eleições 2018. Questionado, atribuiu à Gustavo Bebianno, coordenador da campanha de Bolsonaro e atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, a decisão de repasse dos recursos do fundo partidário.

Além da candidatura laranja de Pernambuco, pesa sobre o PSL denúncia sobre esquemas de patrocínio de candidaturas em Minas Gerais. O atual ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), teria usado quatro candidaturas laranjas para desviar R$ 279 mil de recursos do fundo partidário nas eleições de 2018. As candidatas Lilian Bernardino, Mila Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar também representavam parte da cota feminina da bancada e figuram entre as 20 candidaturas do partido que mais receberam dinheiro do fundo partidário e juntas somaram pouco mais de dois mil votos.

Parte do valor repassado às campanhas foi para contas de empresas de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro do Turismo e um dos serviços contratados foi o de disparo de mensagens para apoio a candidatos por meio do aplicativo whatsapp. Outra parte da verba foi para duas empresas de comunicação de um irmão de Roberto Silva Soares, assessor do gabinete do ministro Álvaro Antônio, que coordenou sua campanha no vale do Rio Doce.

Além do esquema das “rachadinhas” apurados pela COAF envolvendo Flávio Bolsonaro e seu assessor Fabrício Queiroz, no Rio de Janeiro, fica cada vez mais claro que o partido de Jair Bolsonaro é um partido de aluguel, que usava de candidaturas de fachada para desviar dinheiro público.

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