Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Com a pauta única da reforma da Previdência e as crianças cantando o Hino Nacional nas escolas, ninguém mais fala neles, como se tivessem sido apagados do mapa.
São os brasileiros invisíveis e anônimos: 12,7 milhões de trabalhadores que acordam todos os dias sem ir para o serviço.
Além deles, temos hoje 4,7 milhões de desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego.
Nas propagandas oficiais, anunciam que o desemprego vem caindo, mas está acontecendo exatamente o contrário, sem nenhum sinal de melhoria à vista.
Segundo os novos números desta tragédia brasileira, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, o índice chegou a 12%, em média, no trimestre encerrado em janeiro.
Após duas quedas consecutivas, o índice voltou a subir em relação ao trimestre anterior (era de 11,7%).
Neste país em que o presidente da República exalta nossos generais-presidentes do golpe de 64 e chama o corrupto e sanguinário ditador paraguaio Alfredo Stroessner de estadista, nada mais nos espanta.
Mas, por trás desses números da nova pesquisa do IBGE sobre o grande drama social brasileiro, tem famílias inteiras de brasileiros sem dinheiro para comer, pagar aluguel, comprar material escolar e remédios, pagar contas de água e luz, nem pegar uma condução para distribuir currículos, cada vez com menos esperança.
Quem se importa com esses brasileiros?
Nos 58 dias deste governo esquizofrênico, que só fala em cortar benefícios sociais dos mais necessitados e liberar a posse de armas, não ouvi até agora nenhum empoderado da nova ordem falar em como ao menos minorar o sofrimento dos que estão sem carteira assinada.
Justiça seja feita, também não vejo nenhum líder das oposições preocupado em apresentar qualquer proposta para dar um alento a esta crescente multidão de desempregados sem direito a férias, 13º salário, assistência médica, aquelas coisa de antigamente.
Voltou a crescer 1,2% o contingente de trabalhadores “por conta própria”, ou seja, os que vendem comida e bugigangas nas esquinas, para ter o que comer, que já somam 23,9 milhões de brasileiros, enquanto apenas 32,9 milhões ainda têm carteira assinada num país de 208 milhões de habitantes.
Nas noites das grandes cidades, muitos desses trabalhadores “autônomos” podem ser vistos jogados nas calçadas sob marquises e viadutos.
Coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azevedo lembra que neste mesmo período, em 2018, houve estabilidade na população ocupada e desocupada, enquanto este ano cresceu o número de desocupados.
Vai ver que foi por isso que fecharam o Ministério do Trabalho.
Sem trabalho, para que ministério, não é mesmo?
E agora não vão sossegar enquanto não acabarem com a Justiça do Trabalho.
É o próximo passo do Brasil da nova ordem, que nesta batida ainda vai acabar revogando a Lei Áurea.
Vida que segue.
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