Editorial do site Vermelho:
O uso da cor laranja neste carnaval foi maior do que o usual. Cor imposta pela política: protestar contra o governo retrógrado de Jair Bolsonaro e seu partido, o PSL (Partido Só Laranja, como registraram foliões em Bezerros, PE), contra o qual se multiplicam as denúncias de uso de candidaturas de araque ("laranjas") para arrecadar ilegalmente dinheiro para as campanhas na eleição de 2018. Nesta quarta-feira de cinzas (6), o próprio Bolsonaro de certa forma passou recibo e deu mostras do incômodo com as críticas recebidas e divulgou, pelas redes sociais, uma mensagem obscurantista, obscena e grotesca contra o Carnaval, dirigida - pode se adivinhar - contra as críticas feitas a ele e à direita na festa popular.
Outro alvo dos protestos (em fantasias, faixas e músicas) foi o assessor dos Bolsonaro, Fabricio Queiroz, investigado por apropriação de dinheiro público. Que, em São Paulo, na quinta-feira (28), foi tema da marchinha vencedora do concurso do bloco Tô No Vermelho: "É 'nóis' Queiroz!" Que queria saber: "Cadê o tal Queiroz / Sumiu ninguém sabe ninguém viu. Tô no Vermelho aqui / pra perguntar / cadê o Queiroz?"
Os protestos contra Bolsonaro e seu governo, que cai na condenação popular, estiveram em praticamente todos os festejos e desfiles de rua pelo país afora, numa explícita politização da festa popular.
Protestos que caminharam juntos com a exigência de liberdade para o ex-presidente Lula, injustamente aprisionado em Curitiba.
Em Olinda (PE) Bolsonaro foi vaiado em efígie nesta segunda-feira de Carnaval (4): os bonecões com suas figuras (ele e a primeira dama, Michelle) receberam muitas vaias e uma "chuva" de latinhas de cerveja, refrigerante e outros objetos.
A marcha “Coração Corintiano”, o hino corintiano, parodiada pelo bloco 77 – Os originais do punk, fez enorme sucesso nas redes sociais: “Doutor, eu não me engano/o Bolsonaro é miliciano”.
Em Minas Gerais, o bloco Tchanzinho Zona Norte, de Belo Horizonte, recebeu ordem da Polícia Militar para não se manifestar politicamente, depois de cantar contra Bolsonaro.
Entre as grandes escolas do Rio de Janeiro, a Mangueira - a grande vencedora do carnaval deste ano - homenageou a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e lembrou os nomes de heroínas da história do Brasil, numa explícita condenação do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, suspeito de ter ligações com os "milicianos" investigados pelo assassinato da vereadora carioca. Nesta segunda-feira (4) a Mangueira lembrou, no enredo “História pra ninar gente grande” grandes nomes da história que não figuram nos relatos oficiais. Homenageou líderes da luta popular, como Luiz Gama, Luisa Mahin (da revolta dos Malês, em 1835); Dandara, líder quilombola esposa de Zumbi dos Palmares (século XVII), descrevendo um verdadeiro fio de sangue que chega até Marielle Franco, em pleno século XXI.
"Brasil, meu dengo, a Mangueira chegou, com versos que o livro apagou", lembrando a luta de mulheres, negros, tamoios. Lembrou os crimes da "Ditadura Assassina", de 1964. "Brasil, chegou a vez, de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês", foi o canto que emocionou a todos na Sapucaí.
Outra escola, a Paraíso da Tuiuti, preferiu apresentar uma parábola para lembrar a história de Luís Inácio Lula da Silva, representado pelo Bode Ioiô,eleito em 1922, num protesto popular, para a Câmara dos Vereadores de Fortaleza. O samba enredo fez uma comparação explícita com Lula, e chegou a constranger os apresentadores da Rede Globo, que tentaram escamotear a referência: “Do nada, um bode vindo lá do interior, destino pobre, nordestino sonhador, vazou da fome, retirante ao Deus dará, soprou as chamas do dragão do mar”. No desfile, houve também uma referência direta aos desmandos privatistas do governo direitista: “Vendeu-se o Brasil” e repetiu, num dos carros, a frase mobilizadora “Ninguém solta a mão de ninguém”, refrão dos movimentos sociais.
Em São Paulo o tema da Vai-Vai foi “Quilombo do Futuro”, com a história dos negros; também homenageou Marielle Franco, e lembrou: “Marielle, presente”.
O povo se apropria da história e a transforma em versos e samba enredo, num canto que junta a alegria da festa e o espírito da luta e da resistência.
No carnaval deste ano, a boca do povo exprimiu com força a comparação que, em tempos recentes, divide o país: a condenação e o escracho de Bolsonaro e da direita, e a defesa do ex-presidente Lula e da democracia.
O uso da cor laranja neste carnaval foi maior do que o usual. Cor imposta pela política: protestar contra o governo retrógrado de Jair Bolsonaro e seu partido, o PSL (Partido Só Laranja, como registraram foliões em Bezerros, PE), contra o qual se multiplicam as denúncias de uso de candidaturas de araque ("laranjas") para arrecadar ilegalmente dinheiro para as campanhas na eleição de 2018. Nesta quarta-feira de cinzas (6), o próprio Bolsonaro de certa forma passou recibo e deu mostras do incômodo com as críticas recebidas e divulgou, pelas redes sociais, uma mensagem obscurantista, obscena e grotesca contra o Carnaval, dirigida - pode se adivinhar - contra as críticas feitas a ele e à direita na festa popular.
Outro alvo dos protestos (em fantasias, faixas e músicas) foi o assessor dos Bolsonaro, Fabricio Queiroz, investigado por apropriação de dinheiro público. Que, em São Paulo, na quinta-feira (28), foi tema da marchinha vencedora do concurso do bloco Tô No Vermelho: "É 'nóis' Queiroz!" Que queria saber: "Cadê o tal Queiroz / Sumiu ninguém sabe ninguém viu. Tô no Vermelho aqui / pra perguntar / cadê o Queiroz?"
Os protestos contra Bolsonaro e seu governo, que cai na condenação popular, estiveram em praticamente todos os festejos e desfiles de rua pelo país afora, numa explícita politização da festa popular.
Protestos que caminharam juntos com a exigência de liberdade para o ex-presidente Lula, injustamente aprisionado em Curitiba.
Em Olinda (PE) Bolsonaro foi vaiado em efígie nesta segunda-feira de Carnaval (4): os bonecões com suas figuras (ele e a primeira dama, Michelle) receberam muitas vaias e uma "chuva" de latinhas de cerveja, refrigerante e outros objetos.
A marcha “Coração Corintiano”, o hino corintiano, parodiada pelo bloco 77 – Os originais do punk, fez enorme sucesso nas redes sociais: “Doutor, eu não me engano/o Bolsonaro é miliciano”.
Em Minas Gerais, o bloco Tchanzinho Zona Norte, de Belo Horizonte, recebeu ordem da Polícia Militar para não se manifestar politicamente, depois de cantar contra Bolsonaro.
Entre as grandes escolas do Rio de Janeiro, a Mangueira - a grande vencedora do carnaval deste ano - homenageou a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e lembrou os nomes de heroínas da história do Brasil, numa explícita condenação do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, suspeito de ter ligações com os "milicianos" investigados pelo assassinato da vereadora carioca. Nesta segunda-feira (4) a Mangueira lembrou, no enredo “História pra ninar gente grande” grandes nomes da história que não figuram nos relatos oficiais. Homenageou líderes da luta popular, como Luiz Gama, Luisa Mahin (da revolta dos Malês, em 1835); Dandara, líder quilombola esposa de Zumbi dos Palmares (século XVII), descrevendo um verdadeiro fio de sangue que chega até Marielle Franco, em pleno século XXI.
"Brasil, meu dengo, a Mangueira chegou, com versos que o livro apagou", lembrando a luta de mulheres, negros, tamoios. Lembrou os crimes da "Ditadura Assassina", de 1964. "Brasil, chegou a vez, de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês", foi o canto que emocionou a todos na Sapucaí.
Outra escola, a Paraíso da Tuiuti, preferiu apresentar uma parábola para lembrar a história de Luís Inácio Lula da Silva, representado pelo Bode Ioiô,eleito em 1922, num protesto popular, para a Câmara dos Vereadores de Fortaleza. O samba enredo fez uma comparação explícita com Lula, e chegou a constranger os apresentadores da Rede Globo, que tentaram escamotear a referência: “Do nada, um bode vindo lá do interior, destino pobre, nordestino sonhador, vazou da fome, retirante ao Deus dará, soprou as chamas do dragão do mar”. No desfile, houve também uma referência direta aos desmandos privatistas do governo direitista: “Vendeu-se o Brasil” e repetiu, num dos carros, a frase mobilizadora “Ninguém solta a mão de ninguém”, refrão dos movimentos sociais.
Em São Paulo o tema da Vai-Vai foi “Quilombo do Futuro”, com a história dos negros; também homenageou Marielle Franco, e lembrou: “Marielle, presente”.
O povo se apropria da história e a transforma em versos e samba enredo, num canto que junta a alegria da festa e o espírito da luta e da resistência.
No carnaval deste ano, a boca do povo exprimiu com força a comparação que, em tempos recentes, divide o país: a condenação e o escracho de Bolsonaro e da direita, e a defesa do ex-presidente Lula e da democracia.
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