Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Berlim, Alemanha, 15 de janeiro de 1919
Aos 73 anos, a missionária norte-americana Dorothy Stang, defensora dos camponeses contra a usura dos latifundiários e grileiros que os expulsavam de suas terras em Anapu, no Pará, foi assassinada pelo jagunço Rayfran das Neves com um tiro no abdômen, outro na nuca e quatro tiros nas costas. Ele fora contratado pelos fazendeiros Regivaldo Pereira Galvão, conhecido por Taradão, e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, para matar a missionária. Todos os acusados foram julgados e condenados. Todos se encontram soltos, beneficiados por habeas corpus, no semiaberto ou em prisão domicilar.
La Esperanza, Honduras, 2 de março de 2016
A ambientalista e líder indígena Berta Cáceres estava dormindo quando um grupo de homens armados entrou pela cozinha da casa onde se encontrava em La Esperanza, a oeste da capital do país, Tegucigalpa. Primeiro eles atiraram em seu colega, o sociólogo mexicano Gustavo Castro, que, atingido na orelha, fingiu estar morto. Em seguida foram ao quarto de Berta e dispararam várias vezes. Atingida por três tiros no abdômen, ela só teve forças para chamar Gustavo, e morreu em seus braços. Em janeiro deste ano, a promotoria de Honduras pediu prisão perpétua aos 7 envolvidos no assassinato de Berta. Altos executivos da empresa Desarrollos Energéticos S.A., contra quem a ambientalista lutava, e um militar estão envolvidos no crime.
Rio de Janeiro, Brasil, 14 de março de 2018
Por volta das 21h, a vereadora pelo PSOL e ativista dos direitos do povo das favelas Marielle Franco saía de uma roda de conversas na Casa das Pretas, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, quando seu carro foi emparelhado por um Chevrolet Cobalt com placa de Nova Iguaçu. De dentro do veículo, dispararam 13 tiros com uma submetralhadora MP5 9mm em direção ao carro onde se encontravam Marielle, seu motorista Anderson, e uma assessora. 9 tiros acertam a lataria e 4 o vidro. Marielle é atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson morre com três tiros nas costas. Um ano depois, o crime ainda não foi solucionado.
A virulência do conservadorismo contra as mulheres de esquerda é histórica. Os relatos de agressões, prisões e de feminicídio ideológico se repetem ao longo dos séculos. Clara Lemlich (1886-1982), a jovem líder da monumental greve da indústria de confecções de 1909 nos EUA contra as condições de trabalho (11 horas por dia, 7 vezes por semana, por 3 dólares semanais) foi espancada por capangas da fábrica onde trabalhava, que lhe quebraram três costelas e a deixaram sangrando na rua.
Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), escritora, jornalista, desenhista e ativista política, foi perseguida, torturada e presa mais de 20 vezes pela ditadura Vargas por ser comunista. Claudia Jones (1915-1964), nascida em Trinidad Tobago e radicada nos EUA, acabou presa e deportada para o Reino Unido por militar pelos direitos das mulheres negras. A anarquista Louise Michel (1830-1905), que lutou na Comuna de Paris vestida como homem como a baiana Maria Quitéria, foi presa e deportada para o exílio na Nova Caledônia; anistiada, seria encarcerada mais quatro vezes, acusada de “sublevar as massas”, e seria vítima de um atentado a bala.
Se formos computar as mulheres libertárias queimadas pela fogueira da Inquisição acusadas de heresia ou bruxaria, como Joana d’Arc, a lista não acaba mais. Na ditadura militar brasileira, pelo menos 42 mulheres foram mortas ou desapareceram, de acordo com o relatório da Comissão da Verdade. Centenas foram submetidas a torturas e à violência sexual.
Na época militante da VAR-Palmares, Dilma Rousseff, a presidenta da República que seria alvo de um golpe com viés nitidamente misógino, foi colocada no pau de arara, apanhou de palmatória, levou choques elétricos e socos que a fizeram perder um dente. Dulce Maia, militante da VPR, levou choques na vagina e nos seios, foi estuprada, queimada com velas e espetada com agulhas.
Ser mulher, feminista e de esquerda não tem sido fácil em nenhuma parte do planeta, mas espanta ver como são tratadas no “civilizado” mundo ocidental. Com as redes sociais, a intimidação continua a ocorrer cotidianamente contra as esquerdistas, sobretudo as que entram para a política.
A nova onda reacionária no mundo possui um inegável viés misógino, a começar pelo presidente dos Estados Unidos, capaz de aconselhar alguém a “pegar mulheres pela xoxota” como técnica de “sedução”. Como toda ação corresponde à reação, mais e mais mulheres de esquerda, negras e indígenas, feministas declaradas, têm se destacado na política, inclusive na terra de Trump. Os ataques a elas têm sido diretamente proporcionais a este crescimento, e seguem o mesmo padrão, desde lançar dúvidas sobre sua capacidade política e intelectual quanto torná-las alvo das mais sórdidas fake news.
No Chile, a jovem deputada comunista Camila Vallejo foi à Justiça contra um radialista por espalhar no twitter que ela “defende a pedofilia”. Ele acaba de ser absolvido. Nos EUA, a nova estrela do Socialismo Democrático norte-americano, Alexandria Ocasio-Cortez, de 29 anos, já foi alvo da disseminação de um vídeo onde aparece, adolescente, dançando (como se isso fosse um problema), e agora é “acusada” de ter se mudado para uma casa maior e em outra vizinhança. A última “denúncia” contra Alexandria é que ela representaria uma ameaça aos hambúrgueres dos norte-americanos por tecer críticas ao agronegócio.
A brasileira Maria do Rosário é a figura mais feminina mais emblemática deste assédio virtual às mulheres de esquerda. Vítima de um sem-número de fake news, ameaçada de morte e destinatária de um vídeo em que um pseudohumorista esfrega um processo movido por ela nas partes íntimas, Rosário era, na Câmara, o principal alvo do deputado do baixo clero que se tornaria presidente. O ódio da extrema-direita contra ela se acentuou ainda mais quando foi nomeada ministra dos Direitos Humanos por Dilma, em 2011.
Os panfletos apócrifos, precursores em papel das fake news que se multiplicaram na era Bolsonaro graças ao whatsapp, já levaram pelo menos uma mulher de esquerda a perder uma eleição praticamente ganha. Em 2006, a deputada Jandira Feghali (outra frequente vítima das hordas virtuais), do PCdoB, foi derrotada para o Senado por conta de panfletos que estavam sendo distribuídos nas igrejas do Rio de Janeiro, com o aval da arquidiocese, chamando-a de “abortista”.
Mas o que a direita extrema tem contra as mulheres que questionam o preconceito de gênero e a submissão ao patriarcado? Ora, é fácil perceber que as enxergam como uma ameaça a seu poder –ou não aceitariam tranquilamente as mulheres na política quando se tratam daquelas que negam o feminismo, como a caricata ministra das Mulheres (sic), Damares Alves, ou a líder do governo, Joice Hasselmmann.
Este ano, porém, a Câmara dos Deputados conta com um número histórico de mulheres de esquerda: 23, contra 12 da legislatura anterior. E obviamente os ataques se multiplicarão com a mesma intensidade.
O site perguntou a algumas delas sobre a virulência histórica da direita contra as mulheres de esquerda e qual a melhor estratégia para enfrentá-la no Parlamento.
Talíria Petrone (PSOL-RJ): “Quando a democracia retrocede, é o corpo das mulheres o alvo. E, sem dúvida, são as mulheres que estão à frente da luta contra o fascismo no mundo todo. O problema é que tanto há um avanço na luta das mulheres quanto um aumento da oposição a essa luta. Eu acho fundamental, neste momento, que as mulheres estejam unificadas.”
Sâmia Bomfim (PSOL-SP): “Há um avanço, um empoderamento das mulheres, e para muitos isso é uma afronta, o macho ressentido é um dos elementos dessa virulência. A resistência é feminina de maneira geral, tanto é que o principal fato político da eleição foi o Ele Não. Nosso projeto de sociedade é o extremo oposto deles: somos pelo direito à diversidade, religiosa, de gênero. E este embate vai ser expresso aqui dentro.”
Fernanda Melchionna (PSOL-RS): “Existe um setor que reage à luta das mulheres, a essa primavera feminista que estamos vivendo: meninas ocupando escolas, denunciando assédio, fazendo manifestações como o Ele Não. E tentam nos atacar com a pauta dos costumes. A quantidade de mensagens que recebo mandando lavar louça, me chamando de vagabunda… É uma coisa coordenada. Quando a gente luta para avançar, o patriarcado se mexe. Os homens brancos heteros querem nos devolver ao passado, mas essa onda é imparável. Somos linha de frente.”
Maria do Rosário (PT-RS): “Eu identifico a violência política contra a mulher também como violência de gênero. Eles não nos chamam de ‘ladras’ e sim de ‘vagabundas’. Nossa presença, nossa voz, os incomoda. Os homens se relacionam com o mundo, mas nós, mulheres, só podíamos nos relacionar com o mundo através dos homens. E nós estamos subvertendo esta concepção. Antes havia uma vergonha, entre os homens, de dizer que não aceitavam isso, até o machismo tinha um tom cavalheiresco, que é um machismo disfarçado. Hoje é a grosseria pura e simples. A nossa bancada aumentou, mas a bancada de mulheres conservadoras também aumentou. Precisamos resistir, não podemos rebaixar o tom da luta, culturalmente inclusive. Mas essas jovens de esquerda me animam, elas chegam com a energia do novo feminismo. Vou aprender muito com elas.”
Berlim, Alemanha, 15 de janeiro de 1919
“Rosa Luxemburgo foi levada pelo tenente Vogel para fora do hotel. Esperava por ela no portão o soldado Runge, uma pessoa mentalmente degenerada que recebera dos tenentes Vogel e Pflugk-Harttung a ordem de abater Rosa Luxemburgo. Ele lhe esmagou o crânio com duas coronhadas. A semimorta foi jogada dentro de um carro. Alguns oficiais embarcaram. Um deles aplicou mais uma coronhada na cabeça de Rosa. O tenente Vogel a matou com um tiro na cabeça. O corpo sem vida foi levado ao zoológico e atirado da ponte Liechtenstein no canal Landwehr, de onde ressurgiu em maio de 1919.” (Trecho da biografia de Rosa por Paul Frölich editado pela Boitempo).
Aos 73 anos, a missionária norte-americana Dorothy Stang, defensora dos camponeses contra a usura dos latifundiários e grileiros que os expulsavam de suas terras em Anapu, no Pará, foi assassinada pelo jagunço Rayfran das Neves com um tiro no abdômen, outro na nuca e quatro tiros nas costas. Ele fora contratado pelos fazendeiros Regivaldo Pereira Galvão, conhecido por Taradão, e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, para matar a missionária. Todos os acusados foram julgados e condenados. Todos se encontram soltos, beneficiados por habeas corpus, no semiaberto ou em prisão domicilar.
La Esperanza, Honduras, 2 de março de 2016
A ambientalista e líder indígena Berta Cáceres estava dormindo quando um grupo de homens armados entrou pela cozinha da casa onde se encontrava em La Esperanza, a oeste da capital do país, Tegucigalpa. Primeiro eles atiraram em seu colega, o sociólogo mexicano Gustavo Castro, que, atingido na orelha, fingiu estar morto. Em seguida foram ao quarto de Berta e dispararam várias vezes. Atingida por três tiros no abdômen, ela só teve forças para chamar Gustavo, e morreu em seus braços. Em janeiro deste ano, a promotoria de Honduras pediu prisão perpétua aos 7 envolvidos no assassinato de Berta. Altos executivos da empresa Desarrollos Energéticos S.A., contra quem a ambientalista lutava, e um militar estão envolvidos no crime.
Rio de Janeiro, Brasil, 14 de março de 2018
Por volta das 21h, a vereadora pelo PSOL e ativista dos direitos do povo das favelas Marielle Franco saía de uma roda de conversas na Casa das Pretas, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, quando seu carro foi emparelhado por um Chevrolet Cobalt com placa de Nova Iguaçu. De dentro do veículo, dispararam 13 tiros com uma submetralhadora MP5 9mm em direção ao carro onde se encontravam Marielle, seu motorista Anderson, e uma assessora. 9 tiros acertam a lataria e 4 o vidro. Marielle é atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson morre com três tiros nas costas. Um ano depois, o crime ainda não foi solucionado.
A virulência do conservadorismo contra as mulheres de esquerda é histórica. Os relatos de agressões, prisões e de feminicídio ideológico se repetem ao longo dos séculos. Clara Lemlich (1886-1982), a jovem líder da monumental greve da indústria de confecções de 1909 nos EUA contra as condições de trabalho (11 horas por dia, 7 vezes por semana, por 3 dólares semanais) foi espancada por capangas da fábrica onde trabalhava, que lhe quebraram três costelas e a deixaram sangrando na rua.
Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), escritora, jornalista, desenhista e ativista política, foi perseguida, torturada e presa mais de 20 vezes pela ditadura Vargas por ser comunista. Claudia Jones (1915-1964), nascida em Trinidad Tobago e radicada nos EUA, acabou presa e deportada para o Reino Unido por militar pelos direitos das mulheres negras. A anarquista Louise Michel (1830-1905), que lutou na Comuna de Paris vestida como homem como a baiana Maria Quitéria, foi presa e deportada para o exílio na Nova Caledônia; anistiada, seria encarcerada mais quatro vezes, acusada de “sublevar as massas”, e seria vítima de um atentado a bala.
Se formos computar as mulheres libertárias queimadas pela fogueira da Inquisição acusadas de heresia ou bruxaria, como Joana d’Arc, a lista não acaba mais. Na ditadura militar brasileira, pelo menos 42 mulheres foram mortas ou desapareceram, de acordo com o relatório da Comissão da Verdade. Centenas foram submetidas a torturas e à violência sexual.
Na época militante da VAR-Palmares, Dilma Rousseff, a presidenta da República que seria alvo de um golpe com viés nitidamente misógino, foi colocada no pau de arara, apanhou de palmatória, levou choques elétricos e socos que a fizeram perder um dente. Dulce Maia, militante da VPR, levou choques na vagina e nos seios, foi estuprada, queimada com velas e espetada com agulhas.
Ser mulher, feminista e de esquerda não tem sido fácil em nenhuma parte do planeta, mas espanta ver como são tratadas no “civilizado” mundo ocidental. Com as redes sociais, a intimidação continua a ocorrer cotidianamente contra as esquerdistas, sobretudo as que entram para a política.
A nova onda reacionária no mundo possui um inegável viés misógino, a começar pelo presidente dos Estados Unidos, capaz de aconselhar alguém a “pegar mulheres pela xoxota” como técnica de “sedução”. Como toda ação corresponde à reação, mais e mais mulheres de esquerda, negras e indígenas, feministas declaradas, têm se destacado na política, inclusive na terra de Trump. Os ataques a elas têm sido diretamente proporcionais a este crescimento, e seguem o mesmo padrão, desde lançar dúvidas sobre sua capacidade política e intelectual quanto torná-las alvo das mais sórdidas fake news.
No Chile, a jovem deputada comunista Camila Vallejo foi à Justiça contra um radialista por espalhar no twitter que ela “defende a pedofilia”. Ele acaba de ser absolvido. Nos EUA, a nova estrela do Socialismo Democrático norte-americano, Alexandria Ocasio-Cortez, de 29 anos, já foi alvo da disseminação de um vídeo onde aparece, adolescente, dançando (como se isso fosse um problema), e agora é “acusada” de ter se mudado para uma casa maior e em outra vizinhança. A última “denúncia” contra Alexandria é que ela representaria uma ameaça aos hambúrgueres dos norte-americanos por tecer críticas ao agronegócio.
A brasileira Maria do Rosário é a figura mais feminina mais emblemática deste assédio virtual às mulheres de esquerda. Vítima de um sem-número de fake news, ameaçada de morte e destinatária de um vídeo em que um pseudohumorista esfrega um processo movido por ela nas partes íntimas, Rosário era, na Câmara, o principal alvo do deputado do baixo clero que se tornaria presidente. O ódio da extrema-direita contra ela se acentuou ainda mais quando foi nomeada ministra dos Direitos Humanos por Dilma, em 2011.
Os panfletos apócrifos, precursores em papel das fake news que se multiplicaram na era Bolsonaro graças ao whatsapp, já levaram pelo menos uma mulher de esquerda a perder uma eleição praticamente ganha. Em 2006, a deputada Jandira Feghali (outra frequente vítima das hordas virtuais), do PCdoB, foi derrotada para o Senado por conta de panfletos que estavam sendo distribuídos nas igrejas do Rio de Janeiro, com o aval da arquidiocese, chamando-a de “abortista”.
Mas o que a direita extrema tem contra as mulheres que questionam o preconceito de gênero e a submissão ao patriarcado? Ora, é fácil perceber que as enxergam como uma ameaça a seu poder –ou não aceitariam tranquilamente as mulheres na política quando se tratam daquelas que negam o feminismo, como a caricata ministra das Mulheres (sic), Damares Alves, ou a líder do governo, Joice Hasselmmann.
Este ano, porém, a Câmara dos Deputados conta com um número histórico de mulheres de esquerda: 23, contra 12 da legislatura anterior. E obviamente os ataques se multiplicarão com a mesma intensidade.
O site perguntou a algumas delas sobre a virulência histórica da direita contra as mulheres de esquerda e qual a melhor estratégia para enfrentá-la no Parlamento.
Talíria Petrone (PSOL-RJ): “Quando a democracia retrocede, é o corpo das mulheres o alvo. E, sem dúvida, são as mulheres que estão à frente da luta contra o fascismo no mundo todo. O problema é que tanto há um avanço na luta das mulheres quanto um aumento da oposição a essa luta. Eu acho fundamental, neste momento, que as mulheres estejam unificadas.”
Sâmia Bomfim (PSOL-SP): “Há um avanço, um empoderamento das mulheres, e para muitos isso é uma afronta, o macho ressentido é um dos elementos dessa virulência. A resistência é feminina de maneira geral, tanto é que o principal fato político da eleição foi o Ele Não. Nosso projeto de sociedade é o extremo oposto deles: somos pelo direito à diversidade, religiosa, de gênero. E este embate vai ser expresso aqui dentro.”
Fernanda Melchionna (PSOL-RS): “Existe um setor que reage à luta das mulheres, a essa primavera feminista que estamos vivendo: meninas ocupando escolas, denunciando assédio, fazendo manifestações como o Ele Não. E tentam nos atacar com a pauta dos costumes. A quantidade de mensagens que recebo mandando lavar louça, me chamando de vagabunda… É uma coisa coordenada. Quando a gente luta para avançar, o patriarcado se mexe. Os homens brancos heteros querem nos devolver ao passado, mas essa onda é imparável. Somos linha de frente.”
Maria do Rosário (PT-RS): “Eu identifico a violência política contra a mulher também como violência de gênero. Eles não nos chamam de ‘ladras’ e sim de ‘vagabundas’. Nossa presença, nossa voz, os incomoda. Os homens se relacionam com o mundo, mas nós, mulheres, só podíamos nos relacionar com o mundo através dos homens. E nós estamos subvertendo esta concepção. Antes havia uma vergonha, entre os homens, de dizer que não aceitavam isso, até o machismo tinha um tom cavalheiresco, que é um machismo disfarçado. Hoje é a grosseria pura e simples. A nossa bancada aumentou, mas a bancada de mulheres conservadoras também aumentou. Precisamos resistir, não podemos rebaixar o tom da luta, culturalmente inclusive. Mas essas jovens de esquerda me animam, elas chegam com a energia do novo feminismo. Vou aprender muito com elas.”
O problema desses omens no poder é relacionado a falta de energia erétil.
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