Por Marcos Coimbra, no site Carta Maior:
Há pouco menos que vinte anos, Duda Mendonça, o mais importante profissional de comunicação eleitoral brasileiro, propôs uma formulação simples para a discussão das identidades políticas no País: “No Brasil, em cada três pessoas, uma é petista, a segunda é antipetista e a terceira é neutra, não sendo nem uma coisa, nem outra”.
Em outubro passado, nas vésperas da eleição que Bolsonaro venceria, uma pesquisa do instituto Vox Populi perguntou aos entrevistados como se sentiam em relação ao PT. Uma proporção de 10% respondeu que “detestava o PT” e outros 19% disseram que “não gostavam do PT, mas não chegavam a odiá-lo”. Do outro lado, 8% afirmaram que “eram petistas” e 21% que “gostavam do PT, mas não se sentiam petistas”. Entre os restantes, 38% disseram que “não gostavam, nem desgostavam do PT” e 2% não responderam. As primeiras cinco opções de resposta foram lidas aos entrevistados.
De acordo com esses resultados e definidos nesses termos, “antipetismo” (a soma das duas primeiras respostas) e “petismo” (a soma das duas seguintes) teriam o mesmo tamanho”: 29% do eleitorado. A “neutralidade” não seria muito diferente: 38%. Como se vê, números muito semelhantes aos de vinte anos atrás.
Entre o Brasil em que Duda Mendonça pensava e o do ano passado, as diferenças são muito grandes. No início dos anos 2000, Lula se preparava para disputar a quarta eleição presidencial, em meio ao fracasso popular do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. Venceu aquela eleição e se tornou o mais bem avaliado presidente na história do País. Venceu também a seguinte e estabeleceu as bases para as duas vitórias de Dilma Rousseff.
Em 2018, Lula estava preso em decorrência de um golpe civil e sem chance de atuar na eleição, em função de um golpe militar velado. O PT lançou a candidatura de Fernando Haddad quando faltavam três semanas para o primeiro turno, em meio a ataques contínuos da grande imprensa nacional, que, enquanto isso, poupava Bolsonaro.
Em países como o Brasil, em que o voto é obrigatório e existe um multipartidarismo exacerbado (atualmente, são 35 partidos registrados e mais 79 aguardam registro), há duas maneiras de calcular o tamanho da base social de cada um. A primeira é perguntar diretamente ao eleitor com qual mais se identifica ou pelo qual tem mais simpatia, assim como por qual tem menos identificação ou simpatia. A segunda é procurar situá-lo em relação a cada um (ou aos mais relevantes), em um contínuo que vai da maior afinidade ou proximidade à maior rejeição ou distância.
Leia o artigo na íntegra [aqui].
Há pouco menos que vinte anos, Duda Mendonça, o mais importante profissional de comunicação eleitoral brasileiro, propôs uma formulação simples para a discussão das identidades políticas no País: “No Brasil, em cada três pessoas, uma é petista, a segunda é antipetista e a terceira é neutra, não sendo nem uma coisa, nem outra”.
Em outubro passado, nas vésperas da eleição que Bolsonaro venceria, uma pesquisa do instituto Vox Populi perguntou aos entrevistados como se sentiam em relação ao PT. Uma proporção de 10% respondeu que “detestava o PT” e outros 19% disseram que “não gostavam do PT, mas não chegavam a odiá-lo”. Do outro lado, 8% afirmaram que “eram petistas” e 21% que “gostavam do PT, mas não se sentiam petistas”. Entre os restantes, 38% disseram que “não gostavam, nem desgostavam do PT” e 2% não responderam. As primeiras cinco opções de resposta foram lidas aos entrevistados.
De acordo com esses resultados e definidos nesses termos, “antipetismo” (a soma das duas primeiras respostas) e “petismo” (a soma das duas seguintes) teriam o mesmo tamanho”: 29% do eleitorado. A “neutralidade” não seria muito diferente: 38%. Como se vê, números muito semelhantes aos de vinte anos atrás.
Entre o Brasil em que Duda Mendonça pensava e o do ano passado, as diferenças são muito grandes. No início dos anos 2000, Lula se preparava para disputar a quarta eleição presidencial, em meio ao fracasso popular do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. Venceu aquela eleição e se tornou o mais bem avaliado presidente na história do País. Venceu também a seguinte e estabeleceu as bases para as duas vitórias de Dilma Rousseff.
Em 2018, Lula estava preso em decorrência de um golpe civil e sem chance de atuar na eleição, em função de um golpe militar velado. O PT lançou a candidatura de Fernando Haddad quando faltavam três semanas para o primeiro turno, em meio a ataques contínuos da grande imprensa nacional, que, enquanto isso, poupava Bolsonaro.
Em países como o Brasil, em que o voto é obrigatório e existe um multipartidarismo exacerbado (atualmente, são 35 partidos registrados e mais 79 aguardam registro), há duas maneiras de calcular o tamanho da base social de cada um. A primeira é perguntar diretamente ao eleitor com qual mais se identifica ou pelo qual tem mais simpatia, assim como por qual tem menos identificação ou simpatia. A segunda é procurar situá-lo em relação a cada um (ou aos mais relevantes), em um contínuo que vai da maior afinidade ou proximidade à maior rejeição ou distância.
Leia o artigo na íntegra [aqui].
Parece que o Brasil que vota é neutro, ao menos no que tange a siglas partidárias. Será que metodologicamente as perguntas estão certas? Ou, a pessoa não é neutra, mas prefere mascarar suas intenções? Para um lado e para o outro fica um bloco sólido de um lado e um que se move para a direita que representar a direitas e valores conservadores. Infelizmente essa pesquisa mostra o que outros já indicaram, que os cadastros de fiéis foram utilizados para um marketing conservador em massa. Essa neutralidade é uma esperança e uma desgraça.
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