Editorial do site Vermelho:
O soluço da produção industrial brasileira, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) oscilou positivamente 0,3% em abril após registrar grande queda em março, pouco influenciou no resultado negativo de 2,7% dos quatro primeiros meses do ano. Esse setor é o barômetro da economia, a base para o impulso no comércio, nos serviços e no consumo. Sua queda é o retrato mais emblemático da falência do modelo econômico dito privatista, que sempre pretendeu ser hegemônico desde que o Brasil aboliu a escravidão e que na sua fase neoliberal ganhou formas dogmáticas e sectárias.
Foi com essa pregação que os golpistas de 2016 mobilizaram a marcha que conduziu Michel Temer e Jair Bolsonaro à Presidência da República. Agora, com Paulo Guedes no posto de superministro da Economia, esse modelo tem sido apresentado como única alternativa ao abismo. O linguajar rude do ministro, que beira à tolice econômica, na verdade traduz um conceito, o raciocínio de que é preciso a pobreza de muitos para garantir a riqueza de poucos. Ele abandona a clássica ideia de utilização do capital como combustível para a produção para transformá-lo em instrumento de mera acumulação financeira.
A proposta de “reforma” da Previdência Social é um clássico do gênero. Não há explicação plausível para esse brutal arrocho orçamentário, a ideia de desmonte de um setor que compõe a arquitetura do Estado que garantiu o que existe de moderno no Brasil pós-Revolução de 1930. O que há por trás das falácias de Guedes e dos garatujos de Bolsonaro sobre esse assunto é um jogo que combina a velha tradição oligárquica e patrimonialista brasileira com a dinâmica que movimenta as nuvens de capitais rentistas ancoradas em Wall Street. Nada mais do que isso.
A pregação de que a eficiência social do setor privado é antípoda às mazelas do setor público não passa de proselitismo. É possível dizer que se o Brasil tivesse dependido unicamente desse modelo privatista, ou se, por outra, não contasse com o Estado desenvolvimentista de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart, provavelmente estaria ainda num estágio primitivo do capitalismo, com uma miscelânea de mazelas ainda maior do que a que acumulou. Se não está pior é porque o Estado em determinados períodos se preocupou com a industrialização do país.
O que prevaleceu nesse setor foi a inépcia. A bolsa de valores, por exemplo, só foi aparecer no Brasil na década de 1960. E, é provável, por conta da exigência das multinacionais que chegavam com poderes absolutos pelas mãos dos golpistas de 1964, enquanto os trabalhadores e os democratas estavam arrochados pela tirania do regime. Ainda hoje o capital privado que transita pelas bolsas brasileiras não cumpre a função de financiar projetos, investir na produção, apoiar as pesquisas. O dinheiro está lá para ser usado na ciranda financeira.
É a lógica desse modelo de Paulo Guedes, que defende a sociedade estruturada de modo a preservar o acúmulo e impedir a migração social. Daí o ódio dos neoliberais quando se trata de qualquer iniciativa estatal de construir a horizontalidade social. Eles querem um Estado policialesco — principalmente para reprimir a resistência às mazelas sociais que advêm de seu projeto de sociedade. Querem um Estado altamente elitizado, com vocações autoritárias e cidadãos arrochados. Essa é a essência da pregação fundamentalista de que as “forças de mercado” substituem com sucesso a “vontade dos governos”. Ela mostra porque a equação de Bolsonaro e Paulo Guedes não fecha.
O soluço da produção industrial brasileira, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) oscilou positivamente 0,3% em abril após registrar grande queda em março, pouco influenciou no resultado negativo de 2,7% dos quatro primeiros meses do ano. Esse setor é o barômetro da economia, a base para o impulso no comércio, nos serviços e no consumo. Sua queda é o retrato mais emblemático da falência do modelo econômico dito privatista, que sempre pretendeu ser hegemônico desde que o Brasil aboliu a escravidão e que na sua fase neoliberal ganhou formas dogmáticas e sectárias.
Foi com essa pregação que os golpistas de 2016 mobilizaram a marcha que conduziu Michel Temer e Jair Bolsonaro à Presidência da República. Agora, com Paulo Guedes no posto de superministro da Economia, esse modelo tem sido apresentado como única alternativa ao abismo. O linguajar rude do ministro, que beira à tolice econômica, na verdade traduz um conceito, o raciocínio de que é preciso a pobreza de muitos para garantir a riqueza de poucos. Ele abandona a clássica ideia de utilização do capital como combustível para a produção para transformá-lo em instrumento de mera acumulação financeira.
A proposta de “reforma” da Previdência Social é um clássico do gênero. Não há explicação plausível para esse brutal arrocho orçamentário, a ideia de desmonte de um setor que compõe a arquitetura do Estado que garantiu o que existe de moderno no Brasil pós-Revolução de 1930. O que há por trás das falácias de Guedes e dos garatujos de Bolsonaro sobre esse assunto é um jogo que combina a velha tradição oligárquica e patrimonialista brasileira com a dinâmica que movimenta as nuvens de capitais rentistas ancoradas em Wall Street. Nada mais do que isso.
A pregação de que a eficiência social do setor privado é antípoda às mazelas do setor público não passa de proselitismo. É possível dizer que se o Brasil tivesse dependido unicamente desse modelo privatista, ou se, por outra, não contasse com o Estado desenvolvimentista de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart, provavelmente estaria ainda num estágio primitivo do capitalismo, com uma miscelânea de mazelas ainda maior do que a que acumulou. Se não está pior é porque o Estado em determinados períodos se preocupou com a industrialização do país.
O que prevaleceu nesse setor foi a inépcia. A bolsa de valores, por exemplo, só foi aparecer no Brasil na década de 1960. E, é provável, por conta da exigência das multinacionais que chegavam com poderes absolutos pelas mãos dos golpistas de 1964, enquanto os trabalhadores e os democratas estavam arrochados pela tirania do regime. Ainda hoje o capital privado que transita pelas bolsas brasileiras não cumpre a função de financiar projetos, investir na produção, apoiar as pesquisas. O dinheiro está lá para ser usado na ciranda financeira.
É a lógica desse modelo de Paulo Guedes, que defende a sociedade estruturada de modo a preservar o acúmulo e impedir a migração social. Daí o ódio dos neoliberais quando se trata de qualquer iniciativa estatal de construir a horizontalidade social. Eles querem um Estado policialesco — principalmente para reprimir a resistência às mazelas sociais que advêm de seu projeto de sociedade. Querem um Estado altamente elitizado, com vocações autoritárias e cidadãos arrochados. Essa é a essência da pregação fundamentalista de que as “forças de mercado” substituem com sucesso a “vontade dos governos”. Ela mostra porque a equação de Bolsonaro e Paulo Guedes não fecha.
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