Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Chamado a dar explicações sobre diálogos comprometedores para a Lava Jato e para o governo Bolsonaro, o ministro Sérgio Moro perdeu a memória e a voz.
Última reserva de credibilidade num condomínio integrado por uma maioria de nulidades e espertalhões empossados há menos de seis meses, o refrão "não me lembro" é expressão gritante da situação em que se encontra Sérgio Moro.
Não pode abrir a boca para contestar o Intercept sem correr o risco de ser apanhado na esquina dos próximos vazamentos.
Não pode explicar-se sem admitir crimes e delatar autoridades apanhadas em comportamento passível de uma condenação.
E não pode se defender sem atacar o sigilo da fonte, proteção ao bom jornalismo que Moro cultivou com empenho e cálculo durante cinco anos, previsto no artigo 5 da Constituição, como lembra a advogada Tania Maria Oliveira, num artigo indispensável: "A Constituição hackeada e o jogo para criminalizar o jornalismo investigativo".
Entre as inesquecível reservas morais que abriram a boca para fazer a defesa de Moro, ontem, estava o senador Flávio Bolsonaro, aquele que até agora não atendeu a um gentil convite do Ministério Público para prestar - voluntariamente, claro - esclarecimentos sobre a amizade com "Onde está Queiróz" e o banco imobiliário para adultos que montou em Copacabana.
Com a maior referência do ministério sob suspeita, e a segunda maior, Paulo Guedes, atingido nas duas pernas pelo relatório da Previdência que ignorou o canto de sereia da capitalização individual, o próximo passo é tumultuar o dia 25.
Neste dia, a Segunda Turma do STF irá examinar a denúncia de suspeição contra Sérgio Moro no julgamento de Lula. Já seria um caso muito bem fundamentado antes de Glenn Greenwald aparecer no horizonte com as conversas que Moro desejaria esquecer e Deltan Dallagnol prefere guardar só para ele no celular que não entrega à Polícia Federal.
A parcialidade da Lava Jato tornou-se uma verdade demonstrada por A + B, sendo A aquilo que conta nos autos do processo e B, aquilo que é confirmado pelo Telegram.
Neste horizonte, no qual o risco de naufrágio é real e tem antecedentes, Jair Bolsonaro decidiu ir a guerra. Fazendo o possível para ignorar os sucessivos desastres econômicos, políticos e sociais deste semestre que sequer terminou, quando sua aprovação foi lá para baixo, quer acreditar que o país pode ser levado de volta ao segundo turno de 2018. Para tanto, tenta reavivar preconceitos e mentiras.
A partir de agora, cada movimento, cada passo, cada insinuação, será um lance decisivo e perigoso de uma disputa centímetro a centímetro do espaço público.
O próximo passo, está marcado, dia 25, no STF -- aquele que um filho do presidente já disse que poderia ser fechado por um cabo e um jipe. Incapaz de aceitar o jogo natural do Estado Democrático de Direito, o objetivo até lá será confrontar a soberania do Judiciário.
Nos intervalos, como ocorre em todos conflitos em que se disputa o poder, ataca-se a liberdade de imprensa.
É bom estar preparado para uma guerra muito suja.
Alguma dúvida?
A gravidade da situação política foi desenhada ao vivo e a cores na tarde de ontem, no Comitê de Constituição e Justiça do Senado.
Chamado a dar explicações sobre diálogos comprometedores para a Lava Jato e para o governo Bolsonaro, o ministro Sérgio Moro perdeu a memória e a voz.
Última reserva de credibilidade num condomínio integrado por uma maioria de nulidades e espertalhões empossados há menos de seis meses, o refrão "não me lembro" é expressão gritante da situação em que se encontra Sérgio Moro.
Não pode abrir a boca para contestar o Intercept sem correr o risco de ser apanhado na esquina dos próximos vazamentos.
Não pode explicar-se sem admitir crimes e delatar autoridades apanhadas em comportamento passível de uma condenação.
E não pode se defender sem atacar o sigilo da fonte, proteção ao bom jornalismo que Moro cultivou com empenho e cálculo durante cinco anos, previsto no artigo 5 da Constituição, como lembra a advogada Tania Maria Oliveira, num artigo indispensável: "A Constituição hackeada e o jogo para criminalizar o jornalismo investigativo".
Entre as inesquecível reservas morais que abriram a boca para fazer a defesa de Moro, ontem, estava o senador Flávio Bolsonaro, aquele que até agora não atendeu a um gentil convite do Ministério Público para prestar - voluntariamente, claro - esclarecimentos sobre a amizade com "Onde está Queiróz" e o banco imobiliário para adultos que montou em Copacabana.
Com a maior referência do ministério sob suspeita, e a segunda maior, Paulo Guedes, atingido nas duas pernas pelo relatório da Previdência que ignorou o canto de sereia da capitalização individual, o próximo passo é tumultuar o dia 25.
Neste dia, a Segunda Turma do STF irá examinar a denúncia de suspeição contra Sérgio Moro no julgamento de Lula. Já seria um caso muito bem fundamentado antes de Glenn Greenwald aparecer no horizonte com as conversas que Moro desejaria esquecer e Deltan Dallagnol prefere guardar só para ele no celular que não entrega à Polícia Federal.
A parcialidade da Lava Jato tornou-se uma verdade demonstrada por A + B, sendo A aquilo que conta nos autos do processo e B, aquilo que é confirmado pelo Telegram.
Neste horizonte, no qual o risco de naufrágio é real e tem antecedentes, Jair Bolsonaro decidiu ir a guerra. Fazendo o possível para ignorar os sucessivos desastres econômicos, políticos e sociais deste semestre que sequer terminou, quando sua aprovação foi lá para baixo, quer acreditar que o país pode ser levado de volta ao segundo turno de 2018. Para tanto, tenta reavivar preconceitos e mentiras.
A partir de agora, cada movimento, cada passo, cada insinuação, será um lance decisivo e perigoso de uma disputa centímetro a centímetro do espaço público.
O próximo passo, está marcado, dia 25, no STF -- aquele que um filho do presidente já disse que poderia ser fechado por um cabo e um jipe. Incapaz de aceitar o jogo natural do Estado Democrático de Direito, o objetivo até lá será confrontar a soberania do Judiciário.
Nos intervalos, como ocorre em todos conflitos em que se disputa o poder, ataca-se a liberdade de imprensa.
É bom estar preparado para uma guerra muito suja.
Alguma dúvida?
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