quarta-feira, 19 de junho de 2019

Moro-FHC e a parcialidade da Lava-Jato

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Alguma surpresa?

Bem, ao menos agora deu para entender porque FHC defende tanto Sergio Moro e a Lava Jato para atacar Lula e o PT.

É que a Lava Jato e Sergio Moro sempre protegeram FHC e os tucanos.

Apareceram as provas dessa santa aliança nas novas revelações do The Intercept Brasil divulgadas no começo da noite de terça-feira.

A abertura da reportagem do site resume a ópera:

“A parcialidade da República Nostra de Curitiba é mais do que criminosa: é fétida!

Todo mundo sabe que a Fundação de FHC é um poço de pilantragem.

Que o filhinho de FHC mamou na teta do Cerveró.

Mas, para os membros da organização criminosa da Vaza Jato não valia a pena melindrar um amigo importante, mesmo que não fosse possível desfazer a fama – justa – de que são obscenamente parciais”.

Num trecho do chat privado entre o ex-juiz que virou ministro e seu sócio Deltan Dallagnol, Sergio Moro mostra um estranho interesse nas investigações sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em processo que nem estava nas suas mãos.

Moro pergunta a Dallagnol:

- Tem alguma coisa mesmo séria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco. Caixa 2 de 96?
Segue o diálogo:

Dallagnol - Em pp (princípio) sim, o que tem é muito fraco.

Moro - Não estaria mais do que prescrito?

Dallagnol - Foi enviado para SP sem se analisar prescrição. Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade.

Moro – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante.


Como assim? É normal um ex-presidente apoiar a Lava Jato, que persegue seus adversários, e um juiz defender prescrição num processo que não é dele para não melindrar um aliado político?

Se era preciso passar um recado de imparcialidade é porque a Justiça não estava sendo imparcial, o que já não era segredo para ninguém.

Em suas mil e uma entrevistas para a grande mídia, nunca FHC duvidou da sua impunidade e por isso apoiou com fervor o impeachment de Dilma e a condenação e prisão de Lula.

Sergio Moro nem precisava se preocupar com o aliado: em todos os níveis, a Justiça lavajatense cuidou com muito zelo para que prescrevessem os processos contra tucanos em geral e FHC, em particular.

A pressa para condenar e tirar Lula da eleição era proporcional à morosidade para investigar e julgar os casos envolvendo tucanos.

As revelações feitas pelo Intercept Brasil mostram, acima de tudo, toda a hipocrisia, o cinismo, a parcialidade, a promiscuidade e a seletividade dos processos da Lava Jato.

Não sou advogado, mas dá para perceber que Moro e seus procuradores de Curitiba deram um verdadeiro passeio pelo Código do Processo Penal para alcançar seus fins, sem se importar com os meios.

Pior de tudo é ter que ouvir ao vivo na TV a voz de marreco do ex-juiz, fazendo cara de vítima, ao depor nesta quarta-feira na CCJ do Senado, muito bem blindado pela base governista.

Seu discurso parece uma gravação, admitindo ter falado algumas coisas que constam dos diálogos com o procurador, mas colocando sub suspeita a veracidade das mensagens transcritas pelo Intercept que são, segundo ele, “sensacionalistas”.

Vai ficar repetindo isso ainda por muito tempo, mas agora quem está sob suspeita é ele, e o Intercept ainda tem muitas coisas para revelar, segundo Glenn Greenwald.

Com esse governo, esse Congresso e este Judiciário, onde as corporações se protegem mutuamente, logo vão passar o pano nestas denúncias, até estourar outro escândalo.

Bolsonaro, o principal beneficiário desta grande aliança, está mais preocupado com a tomada de três pinos.

Amanhã começa mais um feriadão, e tudo para.

Vida que segue.

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