Por Paulo Nogueira Batista Jr.
A nossa antiga tendência a mimetizar americanos e europeus está se fazendo sentir outra vez, agora com consequências deploráveis e verdadeiramente dramáticas.
O nível do governo e da política no Brasil deixa a desejar, como diria um inglês das antigas, que por aqui aportasse.
A observação, discreta, comedida, seria bem-vinda.
Em tempos de overstatement, temos que recuperar a arte do understatement, não é mesmo?
O inglês teria de reconhecer, diga-se de passagem, que a sua observação se aplica também ao Reino Unido, onde um Boris Johnson agora é primeiro-ministro.
Mas não adianta. A arte do understatement dificilmente será restaurada. O rebaixamento dos padrões intelectuais, éticos e estéticos é fenômeno profundo e antigo, que transcende o campo da política.
Estamos indo de mal a pior. Antigamente, reclamava-se do baixo nível da televisão brasileira, por exemplo.
Pois bem, considerando o que se vê por aí hoje em dia, especialmente em Brasília, “A Praça é Nossa” ou “Domingo Legal” são de uma sofisticação só comparável à das obras completas de Shakespeare.
O rebaixamento foi longamente gestado, com contribuições domésticas e estrangeiras. Salta aos olhos o peso do componente importado. Sem a contribuição estrangeira, dificilmente teríamos chegado tão longe.
A nossa antiga tendência a mimetizar americanos e europeus está se fazendo sentir outra vez, agora com consequências deploráveis e verdadeiramente dramáticas.
Tudo isso foi diagnosticado por grandes brasileiros, e entre eles destaco, mais uma vez, um dos meus gurus – Nelson Rodrigues, que se referia ao “triunfo do idiota”.
Esse triunfo era tal, já nos anos 60 e 70 do século passado, que o grande cronista advertia para o surgimento irrefreável dos “falsos idiotas” – de homens e mulheres que, em todas as áreas, simulavam a cretinice com esmero e perfeição.
Chegavam a babar na gravata, sempre que necessário, sem qualquer inibição ou constrangimento.
Isso por uma razão simples e cristalina: para se proteger.
É que os idiotas, reunidos em sólida e massacrante maioria, não toleravam qualquer esgar de inteligência, cultura ou sensibilidade. Quem insistia em resistir ao idiota triunfante, acabava massacrado.
O simples instinto de sobrevivência levava, portanto, a que o número de idiotas parecesse muito maior do que realmente era.
O quadro se reproduz agora com tintas mais fortes e de forma ainda mais generalizada e agressiva.
O número de idiotas aumentou, e as suas oportunidades de se fazer ouvir aumentaram exponencialmente com as redes sociais. A sua virulência é maior. E ocuparam todos os espaços. Na política, na mídia, nos mercados, nas famílias. Estreitou-se dramaticamente o espaço da sensibilidade e da inteligência.
Os falsos idiotas não podem se descuidar e têm que caprichar nos disfarces e na habilidade.
Qualquer distração pode ser fatal.
Para respirar e trocar ideias, sem máscaras, só em sigilo, na calada da noite, à luz de archotes.
O leitor dirá que são falsas novidades, que a referida simulação sempre existiu, que habilidade sempre foi um requisito do sucesso social.
Sem dúvida, mas não vamos perder de vista que habilidade é uma virtude de quinta categoria.
Os especialmente inteligentes, os mais imaginativos e sensíveis, tendem naturalmente à inabilidade.
Se a habilidade é agora indispensável à sobrevivência, condição para não ser exterminado, tudo fica muito difícil para eles. É preciso imaginar o esforço que têm de fazer os melhores para exercer essa habilidade que não lhes vem naturalmente, a energia que se dispende em simular uma cretinice que não se tem.
O preço do disfarce é alto. Como dizia Fernando Pessoa, a máscara acaba se apegando ao rosto.
“Quando quis tirar a máscara”, diz o verso do heterônimo Álvaro de Campos, “estava pegada à cara./ Quando a tirei e me vi ao espelho,/ Já tinha envelhecido”.
O falso idiota corre o risco real de acordar, um dia, e perceber que a sua idiotice já não é mais tão fabricada, já não precisa ser totalmente inventada.
Os verdadeiros idiotas, os originais, não adulterados, não passam, desnecessário frisar, por esse processo doloroso, pois já nascem autentica e triunfantemente cretinos.
Para não definhar, a inteligência e a sensibilidade precisam, como tudo, ser praticadas ao ar livre, à luz do sol.
Precisam da troca, da interação, precisam perceber que não estão sós no mundo.
Por isso, faço aqui, leitor/leitora, o meu apelo, solene e enfático: não se entregue por completo à prática da habilidade e da simulação. E continue dando sinais de vida, sempre que possível.
A nossa antiga tendência a mimetizar americanos e europeus está se fazendo sentir outra vez, agora com consequências deploráveis e verdadeiramente dramáticas.
O nível do governo e da política no Brasil deixa a desejar, como diria um inglês das antigas, que por aqui aportasse.
A observação, discreta, comedida, seria bem-vinda.
Em tempos de overstatement, temos que recuperar a arte do understatement, não é mesmo?
O inglês teria de reconhecer, diga-se de passagem, que a sua observação se aplica também ao Reino Unido, onde um Boris Johnson agora é primeiro-ministro.
Mas não adianta. A arte do understatement dificilmente será restaurada. O rebaixamento dos padrões intelectuais, éticos e estéticos é fenômeno profundo e antigo, que transcende o campo da política.
Estamos indo de mal a pior. Antigamente, reclamava-se do baixo nível da televisão brasileira, por exemplo.
Pois bem, considerando o que se vê por aí hoje em dia, especialmente em Brasília, “A Praça é Nossa” ou “Domingo Legal” são de uma sofisticação só comparável à das obras completas de Shakespeare.
O rebaixamento foi longamente gestado, com contribuições domésticas e estrangeiras. Salta aos olhos o peso do componente importado. Sem a contribuição estrangeira, dificilmente teríamos chegado tão longe.
A nossa antiga tendência a mimetizar americanos e europeus está se fazendo sentir outra vez, agora com consequências deploráveis e verdadeiramente dramáticas.
Tudo isso foi diagnosticado por grandes brasileiros, e entre eles destaco, mais uma vez, um dos meus gurus – Nelson Rodrigues, que se referia ao “triunfo do idiota”.
Esse triunfo era tal, já nos anos 60 e 70 do século passado, que o grande cronista advertia para o surgimento irrefreável dos “falsos idiotas” – de homens e mulheres que, em todas as áreas, simulavam a cretinice com esmero e perfeição.
Chegavam a babar na gravata, sempre que necessário, sem qualquer inibição ou constrangimento.
Isso por uma razão simples e cristalina: para se proteger.
É que os idiotas, reunidos em sólida e massacrante maioria, não toleravam qualquer esgar de inteligência, cultura ou sensibilidade. Quem insistia em resistir ao idiota triunfante, acabava massacrado.
O simples instinto de sobrevivência levava, portanto, a que o número de idiotas parecesse muito maior do que realmente era.
O quadro se reproduz agora com tintas mais fortes e de forma ainda mais generalizada e agressiva.
O número de idiotas aumentou, e as suas oportunidades de se fazer ouvir aumentaram exponencialmente com as redes sociais. A sua virulência é maior. E ocuparam todos os espaços. Na política, na mídia, nos mercados, nas famílias. Estreitou-se dramaticamente o espaço da sensibilidade e da inteligência.
Os falsos idiotas não podem se descuidar e têm que caprichar nos disfarces e na habilidade.
Qualquer distração pode ser fatal.
Para respirar e trocar ideias, sem máscaras, só em sigilo, na calada da noite, à luz de archotes.
O leitor dirá que são falsas novidades, que a referida simulação sempre existiu, que habilidade sempre foi um requisito do sucesso social.
Sem dúvida, mas não vamos perder de vista que habilidade é uma virtude de quinta categoria.
Os especialmente inteligentes, os mais imaginativos e sensíveis, tendem naturalmente à inabilidade.
Se a habilidade é agora indispensável à sobrevivência, condição para não ser exterminado, tudo fica muito difícil para eles. É preciso imaginar o esforço que têm de fazer os melhores para exercer essa habilidade que não lhes vem naturalmente, a energia que se dispende em simular uma cretinice que não se tem.
O preço do disfarce é alto. Como dizia Fernando Pessoa, a máscara acaba se apegando ao rosto.
“Quando quis tirar a máscara”, diz o verso do heterônimo Álvaro de Campos, “estava pegada à cara./ Quando a tirei e me vi ao espelho,/ Já tinha envelhecido”.
O falso idiota corre o risco real de acordar, um dia, e perceber que a sua idiotice já não é mais tão fabricada, já não precisa ser totalmente inventada.
Os verdadeiros idiotas, os originais, não adulterados, não passam, desnecessário frisar, por esse processo doloroso, pois já nascem autentica e triunfantemente cretinos.
Para não definhar, a inteligência e a sensibilidade precisam, como tudo, ser praticadas ao ar livre, à luz do sol.
Precisam da troca, da interação, precisam perceber que não estão sós no mundo.
Por isso, faço aqui, leitor/leitora, o meu apelo, solene e enfático: não se entregue por completo à prática da habilidade e da simulação. E continue dando sinais de vida, sempre que possível.
Concordo plenamente. Pra poder ter sucesso nesta emoreitada seria necessario que a esquerda, sem Ciro (que nao para de dizer besteira numa hora tao cruel), tomasse a frente de participar ativamente nos nucleos basicos dos partidos, nas ONgs, nas associacoes da periferia criando oficinas de esclarecimentos e fazendo campanhas financeiras (crowdefunding - nacionalmente e internacionalmente) para impulsionar essa campanha relampago.
ResponderExcluirDo jeito que a coisa esta, a tecnica distracao/smoke n mirror, usad a pelo governo com ajuda da embaixada do EEUU, so piora para o Brasil inteiro.
E hora de estar em comicios 24hrsX7dias, ate esse governo sair por clamor popular. Basta de ver o paiz afundar e a destricao do meio ambiente seguir a todo vapor. Absurdo que os residentes de Brumadinho estam recebendo 600 reais por mes, emvez do proposto salario minimo e a vale nem se incomoda com as comsequencias de suas acoes criminosas. O judiciario esta desgastado, ate o osso, o legislativo esta precisando de couragem para reagir a altura e fazer seu papel de representante do povo.
Temos legislativos a todos os niveis. Que esperam? Levantem-se e defendam o Brasil.