Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Neste mundo de faz de conta em que vivemos, o mercado vai poder dormir tranquilo, e os mais pobres vão se ferrar outra vez.
Mais dia, menos dia, a “Nova Previdência” será aprovada.
Quase metade da população apoia a reforma, segundo o Datafolha, mas a imensa maioria não sabe nem do que se trata.
Venderam o peixe como salvação da lavoura para o país não quebrar, torraram bilhões em propaganda mentirosa e compra de deputados e tem muito imbecil achando que a vida agora vai melhorar.
Quem vai pagar essa conta somos todos nós, agora e no futuro, mas o país continua bestificado assistindo ao balcão de negócios instalado no Congresso.
Ficarão felizes todos os comentaristas da TV, que este ano não falaram de outra coisa, em todos os telejornais: a reforma tem que ser aprovada ou será o caos.
Como se já não vivêssemos há anos no caos instalado com o golpe de 2016, que está rifando o país e acabando com todos os direitos trabalhistas, enterrando os programas sociais e destruindo o meio ambiente como um exército de ocupação.
Com o governo da “nova política” abrindo as pernas para garantir os 308 votos, saíram lucrando as bancadas evangélicas e dos ruralistas, dispensadas de pagar impostos, entre outras benesses.
No monstrengo do projeto parido pelo governo e cevado pelos parlamentares, todos os privilégios foram mantidos para as corporações fardadas e togadas e 80% do trilhão economizado vai sair do andar de baixo, dos que já ganham micharia.
Falo como aposentado, mas penso nos que virão depois de nós.
O que recebo hoje do INSS, depois de 55 anos de trabalho como jornalista, não dá nem para pagar o plano de saúde.
É com 55 anos de idade que irão se aposentar os policiais, com salário integral, dez anos a menos do que os simples mortais, aposentados em sua maioria com menos de dois salários mínimos.
A mesma turma que prega a “lei igual para todos” agora vende a mentira de que também a “aposentadoria será igual para todos”.
Não será. Ao contrário, vai aumentar o abismo entre as aposentadorias do serviço público e dos militares, protegidos pelo “direito adquirido”, e as dos trabalhadores do INSS, tratados como cidadãos de segunda classe.
Essa reforma da Previdência, defendida pelo mercado, os empresários e a grande mídia, é o golpe mais perverso já praticado contra os trabalhadores brasileiros.
Prometeram que no dia seguinte à aprovação, os donos do dinheiro vão voltar a investir bilhões e gerar milhões de empregos, mas o que estamos vendo é um crescente processo de exclusão, que só vai aumentar com as novas regras.
Em centenas de cidades do interior, a economia gira em torno da aposentadoria dos trabalhadores rurais, que serão garroteados em seus benefícios.
Quando a ficha cair, será tarde demais.
Não se poderia esperar outra coisa desse governo movido a vingança, que a cada dia decreta novas maldades para infernizar a vida de quem não é devoto da seita deste Jim Jones tupiniquim.
Basta ver as caras assustadoras do capitão e seus asseclas, os sorrisos melífluos, desfilando ódio pelo palácios e plenários, para impor a “nova ordem” a ferro e fogo.
Pobre Brasil, pobres de nós, náufragos desta tragédia anunciada.
Ninguém poderá alegar que foi enganado. Bolsonaro está apenas cumprindo o que prometeu na campanha.
Vida que segue.
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