Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Ao assumir publicamente a vocação de capacho diplomático, sempre a disposição para ser pisoteada por Donald Trump, a diplomacia de Jair Bolsonaro confirma que não há limites para quem não reconhece a soberania nacional como referência. O destino sempre será rebaixar-se cada vez mais.
A adesão ao bloqueio norte-americano ao comércio do Irã, expressa pela recusa da Petrobras em abastecer dois navios atracados no Porto de Paranaguá, é apenas o primeiro passo para outras medidas que virão. Num país onde o agronegócio constitui um dos raros setores da economia que conserva algum dinamismo, o episódio ajuda a compreender a nova prioridade.
Prefere-se prejudicar interesses do Brasil e dos brasileiros pelo receio de desagradar Washington. Agora, são plantadores de milho e outros produtos de exportação os maiores prejudicados. Não se sabe quem serão os próximos da lista.
É uma postura duas vezes lamentável -- pelo presente e pelo passado.
Há exatamente dez anos, quando estiveram em Teerã para negociar um acordo sobre tecnologia nuclear com o governo iraniano, Lula e Celso Amorim provocavam esperança e orgulho em governos e estudiosos que compreendem a importância de se buscar a paz num mundo plural, capaz de respeitar necessidades econômicas e diferenças culturais entre em estágios diversos de desenvolvimento.
Numa iniciativa que teve a concordância, ponto a ponto, do governo de Barack Obama, o acordo assinado por Brasil, Irã e Turquia abriu uma perspectiva inédita de paz e convivência entre velhos adversários no Oriente Médio -- mais tarde sabotada e inviabilizada pelos inimigos da paz e senhores da guerra, o governo de Israel, no plano regional, o complexo industrial-militar norte-americano, no plano mundial. Não por acaso, referências fundamentais do Itamaraty sob Bolsonaro.
Ao aderir ao bloqueio contra o Irã, o país esquece a condição de 8a. economia do planeta e o lugar de nação mais influente da América do Sul, para praticar uma diplomacia pequena, de um país que, a seguir este caminho, em breve estará condenado a irrelevância geo-política.
Alguma dúvida?
A adesão ao bloqueio norte-americano ao comércio do Irã, expressa pela recusa da Petrobras em abastecer dois navios atracados no Porto de Paranaguá, é apenas o primeiro passo para outras medidas que virão. Num país onde o agronegócio constitui um dos raros setores da economia que conserva algum dinamismo, o episódio ajuda a compreender a nova prioridade.
Prefere-se prejudicar interesses do Brasil e dos brasileiros pelo receio de desagradar Washington. Agora, são plantadores de milho e outros produtos de exportação os maiores prejudicados. Não se sabe quem serão os próximos da lista.
É uma postura duas vezes lamentável -- pelo presente e pelo passado.
Há exatamente dez anos, quando estiveram em Teerã para negociar um acordo sobre tecnologia nuclear com o governo iraniano, Lula e Celso Amorim provocavam esperança e orgulho em governos e estudiosos que compreendem a importância de se buscar a paz num mundo plural, capaz de respeitar necessidades econômicas e diferenças culturais entre em estágios diversos de desenvolvimento.
Numa iniciativa que teve a concordância, ponto a ponto, do governo de Barack Obama, o acordo assinado por Brasil, Irã e Turquia abriu uma perspectiva inédita de paz e convivência entre velhos adversários no Oriente Médio -- mais tarde sabotada e inviabilizada pelos inimigos da paz e senhores da guerra, o governo de Israel, no plano regional, o complexo industrial-militar norte-americano, no plano mundial. Não por acaso, referências fundamentais do Itamaraty sob Bolsonaro.
Ao aderir ao bloqueio contra o Irã, o país esquece a condição de 8a. economia do planeta e o lugar de nação mais influente da América do Sul, para praticar uma diplomacia pequena, de um país que, a seguir este caminho, em breve estará condenado a irrelevância geo-política.
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